Perambulando por Panjim, a Lisboa de Goa

Depois de um dia ficando na casa do vegetariano, ficou claro pra mim que eu não conseguiria sobreviver muito tempo por lá. Cara, não é que eu não podia comer carne ou frango, o problema é que o figura não queria era que eu não comesse sequer queijo ou ovo!! Aí ficava difícil. Além disso, o cara morava MUITO longe da parte de Goa que eu queria visitar, logo, não deu outra, no outro dia, pé na estrada e tive que ir para um albergue em Panjim.
Chegando a Panjim eu conheci a Goa que eu realmente procurava. Ruas nomeadas em português (como em Macau na China), construções portuguesas e aquele quê de “estou em uma São Luís estrangeira”. Cara, realmente quando cheguei naquela cidade pude perceber que era realmente o que procurava. Sensacional!

Cara, desculpa eu ficar sempre comparando Goa a São Luís, mas a parada é que é muito, mas MUITO parecida! Sério, compara essas duas fotos

Não parecem ser na mesma cidade? Mermão, doido demais! A foto de cima é de um cabra no Rio Anial que eu acabei achando pelo Google e a de baixo sou em Goa! Diz aí se não parece a mesma cidade? Caraca IMPRESSIONANTE a semelhança!
Outra, compara esta foto da Catedral da Sé em São Luís
Com esta foto da Nossa Senhora da Imaculada Conceição em Goa que eu bati por lá (desculpem pela qualidade, mas a minha máquina era ruim demais!)
Mas tinha ainda a cereja do bolo por vim. Peguei um busão de Panjim e segui para “Old Goa” (“Velha Goa”). Era um ônibus urbano mesmo. Paguei algo como um ou dois reais e desci na cidade com a maior concentração de igrejas e casas coloniais de Goa. Lindo demais e história pulsante a cada esquina. Depois de algum tempo caminhando naquele sol de rachar, resolvi comprar um refrigerante pra tomar uns goles, pois estava morrendo de sede. Quando chego numa lanchonete, ocorre o seguinte diálogo:
            – Amigo, tem refrigerante aí?
            – Sim, vendemos em garrafas de 290 ml, um litro e dois litros!
           – Ãhn? Diabo é isso? Tá ficando doido? Tu não tens nada no meio não? Por que diabos aqui ou é oito ou é oitenta? Ou é 290 ml ou dois litros? Que doidissa! A galera aqui ou tem MUITA sede ou não tem sede nenhuma é?
            – Não, senhor. Em Old Goa não é permitido a utilização de plástico ou de latas de alumínio de maneira alguma. Portanto não temos refrigerantes em latas ou embalagens plásticas. Só temos as embalagens de vidro com tais volumes.
            – Uai, quer dizer que aqui vocês não vendem nada em garrafas de plástico e não carregam as compras de supermercado em sacolas plásticas também não?
            – Não senhor, infelizmente não é permitido!
Diaboéisso… Meio que contrariado, não quis discutir com o cidadão e acabei tomando uma garrafinha de Coca de 290 ml mesmo. Só a título de ilustração do quão barato é comer na Índia eu até anotei no meu caderninho o preço do pastel que eu comprei nessa lanchonete para comer! CINCO rúpias (Um real era o mesmo que 20 rúpias!). Bom lembrar que estava em uma região turística, onde os preços geralmente são mais caros, hehehe.Enfim, caí fora da lanchonete do cara meio que escabreado achando que ele tava era tirando onda da minha cara. Mas não, pra vocês não acharem que o que falei era história de blogueiro, vai uma foto que bati quando caminhava por lá!Realmente, cara! Os caras realmente cumprem a risca essa lei. Vi um grupo de gringos serem parados por algum dos vigilantes com ele pedindo ou pra pessoas beberem toda a garrafa d’água que traziam com elas e lhe dar o recipiente ou ele iria apreender. Achei isso uma sacada genial, pois um dos principais problemas em lugares turísticos são os imbecis que jogam latas e garrafas de refrigerantes por todos os cantos. O governo gasta uma grana e pra ficar limpando e ainda sim sempre tá sujo. Os caras com uma só tacada salvam uma grana e ainda por cima deixam a cidade limpa. Inteligente os figuras…

É tudo tão parecido, né? Então, imagine que alguém lhe vende os olhos, lhe coloque num avião e diga que você terá que descobrir se a cidade em que lhe levarão será no Maranhão ou em Goa. Como você faz pra distinguir? Simples, em Goa as crianças não jogam futebol, elas jogam críquete ¬¬

Mas com certeza, a coisa mais interessante de todas acerca de Old Goa foi conhecer algo que nunca eu imaginaria que tenha ocorrido. Rapaz, vocês sabiam que São Francisco Xavier, um dos mais famosos santos cristãos e maior evangelizador depois de São Paulo, fez carreira em Goa? Sim, São Francisco de Assis chegou em Goa junto com os primeiros colonizadores portugueses e foi um dos responsáveis pela propagação da religião na Índia! Cara, alguém aí já teria imaginado que São Francisco de Assis tenha pelo menos vivido por lá? A melhor parte não foi nem essa. A melhor parte foi que o corpo dele sofreu um processo de mumificação natural (que a igreja julga ser um milagre) e até hoje é possível ver o seu corpo mumificado numa das igrejas em Goa, como pode-se testemunhar nessa foto abaixo.Louco demais, né cara?

Voltando a Panjim

Não há muito mais a se escrever sobre Panjim, até porque a cidade é muito parecida com Old Goa e possui vários casarões coloniais. Vou escrever mesmo é só sobre dois acontecimentos muito engraçados que rolaram enquanto estive por lá.
O primeiro foi que, enquanto batia fotos de uma das mais importantes igrejas de Goa, vi algumas pessoas conversando em português. Devido ao sotaque, pensei que fossem portugueses ou algo assim. Qual não foi a minha surpresa ao perceber que simpáticas senhoras indianas conversavam fluentemente na mesma língua que a nossa. Foi engraçado observar, pela segunda vez (a primeira foi em Mumbai), indianos conversando em uma língua ocidental e alegarem ser mais fácil de se comunicar do que em um língua indiana. Fui conversar com elas (pô, brother, não é todo dia que você vê um indiano conversando em português, né?). Elas eram até certo ponto simpáticas. Fui conversando e elas foram me explicando que a língua nativa delas, na verdade, era português. Elas falavam um pouco de híndi, mas português realmente era a mais fácil. Explicaram-me que quando eram crianças todas as escolas eram em português. Pra falar a verdade, todos os domingos tem missas em rezadas em português na igreja mais importante de Panjim. Fomos conversando e seguiu-se o seguinte curioso diálogo:
            – Você é brasileiro mesmo?
            – Sim, sou, por quê?
            – Você conhece Padre Nelson?
            – Padre o quê? Padre Nelson? Como assim Padre Nelson?
            – É, Padre Nelson, conheces?
            Nessa hora eu comecei a pensar. Quem diabos poderia ser esse padre Nelson? Pô, passei um “scandisk” imenso no meu cérebro procurando em todos os arquivos possíveis quem poderia ser esse padre. Pô, cara, eu sabia quem foi José de Anchieta, Padre Viera, Padre Cícero, mas Padre Nelson eu não saberia dizer quem era. Seria o cara alguma figura histórica que não me vinha à mente? Seria Padre Nelson algum padre pop tipo Padre Marcelo ou Bispo Edir Macedo? Seria Padre Nelson um Jedi ou novo Messias? Um grande atacante da seleção de 70? Afinal, quem seria Padre Nelson? Não consegui segurar a minha curiosidade e, MUITO constrangido, resolvi perguntar:
            – Senhora, me desculpe, mas eu realmente não conheço tal padre. Perdoe minha ignorância, mas quem seria Padre Nelson?
            – Ah, meu filho, é um padre que veio outro dia aqui rezar uma missa em Goa. Ele era muito gente boa e era brasileiro. Talvez você pudesse conhecer!
            – Ah, claro, senhora! Até porque no Brasil, geralmente, as pessoas conhecem TODOS os milhares de padres que nós temos perdidos por lá!
Ah, não, velho! Valeu! Como a mulher tem coragem de fazer uma pergunta tão idiota como essa pra mim? Será se na cabecinha dela era realmente imagina que conhecemos todos os padres daqui? Pra falar a verdade, é um pecado pra mim, proveniente de um país de 190 MILHÕES de habitantes não conhecer todo mundo por lá! Nunca me perdoarei por isso! Arf…
Vista da Igreja onde conheci as senhoras
Enfim, a outra história engraçada que aconteceu comigo em Panjim rolou quando eu tava em uma lan house. Estava no skype falando com meu irmão quando, de repente, não mais que de repente, a porta se abre e entram duas gringas LINDAS!! Deus meu, as minas eram bonitinhas demais, cara! Na mesma hora falei pro meu irmão em português: “Mlk, mlk, vou ter que desligar agora porque duas minas gatinhas acabaram de entrar, já te ligou, falow!” e Puf, desliguei. Rapaz, mas foi só eu desligar pra uma das meninas virar pra mim e falar:

– Cara, legal que vocês nos achou bonitinha! Bom receber um elogio em português!!!

Caraca, mano! A mina falava português!!! Ela não era brasileira, não! Era alemã mas morava na Bahia fazendo trabalho social. Diabos, como eu iria imaginar? A mina era até gente boa, conversamos por um tempaço. Depois ela e a amiga dela me chamaram pra poder tomar uma cerveja. Fui meio que acanhado, mas no final acabou sendo legal. O mais engraçado foi depois de descobrir que, além de tudo, as minas ainda eram lésbicas, hahhahaha. Até hoje tenho ela no meu orkut 🙂

13 comentários em “Perambulando por Panjim, a Lisboa de Goa

  1. hahaha!! vc encontrou no meio da INDIA duas ALEMÃS LINDAS que moravam NA BAHIA, falavam PORTUGUES e ainda ainda eram LESBICAS?! isso que é uma verdadeira obra do acaso…o post de hoje fico mto bom (como a grande maioria).Vlw mestre 😛 [2]

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  2. “Rio Anial” seria mistura de anil + anal?!?!?!KKKKKKkkkkkkkkkkkkkkexcelente post claudiomar!Ah! em janeiro de 1997 eu assisti uma missa em Raboaçu/AC e o nome do padre era Nelson… seria o mesmo Pe. Nelson q as devotas se referiam?!?! fica a dúvida!!! KKKKKKKKKKKkkkkkkkkkkkkkkkkkabraço

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  3. Esse post hoje foi D+… Que senhoras “sem noção” hein?!Hilária a história com as gringas… E realmente, qta semelhança entre Goa e São Luís!Abraço

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  4. Foi super interessante, descobrir que Goa é assim, deu saudades de sua cidade, São Luis, que bom!a gente pensa que podemos ficar falando português que estando em terras estrangeiras, ninguém vai entender mesmo, é muito engraçado. Já aconteceu muitas vezes isso aqui, dentro do trem. Porque eu tenho aparência de japonesa, e os brazucas sempre estão falando alto e achando que eu não estou entendendo nada….kkkkkkkfoi boa!abraços!

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  5. “cara,legal que vc nos axou bonitinhas”UIAHUIAHn ae Maranhão onde tu escondeu a cara depois disso velho? UIAHIUAH

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  6. Nooossa! Essa cidade é mesmo a cara de São Luís. Aquela foto das crianças na pracinha lembra até a Fonte do Ribeirão! Muito show teu blog e essas histórias engraçadas por aqui. Virei fã! Boas viagens sempre! =*

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  7. <><>Muito legal o post fio!!!!E não sei quanto a ti, mas eu enterraria a cara no chão depois que a alemã tivesse vindo falar comigo em português. huahuahuahuahuahE desculpe ter sido o chato que fez a pergunta que você queria ter mantido a surpresa. (em relação a Goa ser uma região/cidade/estado…).Ah, e eu acho que a marianacris está certa. São Francisco viveu muuuuuuito antes dos portugueses viajarem “por mares nunca dante navegados”. Além do mais, os restos mortais dele se encontram em Assis.Contaram lenda para ti fio.Abraços<><>

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  8. Parabens pelo post. Excelente. Espero que visite outro pais exoticos e nos conte o que encontrou por lá. Abs, Karl Leite, Natal, RN, Brasil

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