Salsicha e mostarda

Obs: Devida à extrema satisfação do público masculino demonstrada no último tópico, resolvi postar algumas fotos de um carnaval de rua (sim, era uma festa brasileira) que fui na minha segunda semana em Vasórvia, apenas para ilustrar esse post e mostrar um pouco mais sobre a Polônia pros amigos! Divirtam-se e no final me digam o que acharam da “ala das baianas”. Hehehe

Cara, não vou negar que meu primeiro dia em Vasórvia foi deveras engraçado. Karol, a polonesa de Vasórvia que conheci na Austrália, foi me buscar no aeroporto e  me apresentar a cidade. Voltamos cedo pra casa, já que ela precisava trabalhar no outro dia. Quando chegamos ao flat dela, ela me mostrou o meu quarto, me falou que se eu precisasse usar máquina de lavar, louça, fogão ou algo assim que utilizasse sem problemas. Resumindo, um amor, a menina.

Quando cheguei a meu quarto, pude constatar o melhor! Cara, ela morava sozinha (antes que as mentes poluídas pensem, eu também conheci o namorado dela no primeiro dia) num apartamento de dois quartos, logo um quarto seria só pra mim! Brother, pode parecer pouco, mas depois de seis meses viajando, você começa a sentir falta de várias coisas pequenas, dentre elas, a maior, UM ARMÁRIO! Cara, como um armário faz falta na vida viu? Pô, por seis meses minhas roupas estavam dentro de mochilas. Eu queria uma camisa, tinha que enfiar a mão lá dentro da mochila, bagunçava ela toda. Não era a camisa certa? Pega outra, bagunça de novo!! E pra achar uma cueca? Caos total! Mermão! Loucura demais! No armário não, você apenas separa. Camisa aqui, bermuda ali, cueca aqui e por aí vai. Sem falar na civilidade que é você ver as suas roupas separadas em um canto, não mais enroladas umas por cima das outras.

Fomos dormir e tudo ficou de boa. Quando foi de manhã, acordei e pude ver que as chaves da casa estavam em cima da mesa com um bilhetinho escrito “volto às 19, um beijo”. Sossegado. Acordei, dei uma checada no meu guia da Índia pra ver o que eu iria começar a escrever (sim, eu comecei a escrever sobre a Índia ainda quando estava na Polônia), aproveitei o pouco de bateria que havia no meu laptop e fiquei escrevendo o blog. Quando a bateria acabou, resolvi que ia sair pra comer alguma coisa. Saí, dei uma volta e assim que fui parar em um local pra comer eu me toquei! “Pombas a Polônia ainda não faz parte da Zona do Euro”! O nome da moeda dos caras é um nome maluco que até hoje eu não aprendi a pronunciar: Zlotys. Parece fácil quando lê, mas a pronúncia é muito complicada! Eu falava era “zealot” mesmo. Era bem mais fácil!

Blz, tive que enfrentar o paradoxo de ao mesmo tempo em que tinha dinheiro no bolso, não ter nada que pudesse me ajudar! Voltei pra casa e comecei a pensar o que eu iria fazer. Como não agüentava de fome, acabei tendo que assaltar a geladeira da mulher que, por sinal, só tinha salsicha, mostarda e milhares de cervejas e vodkas! Matei minha broca e saí andando pelo bairro à procura de uma casa de câmbio onde pudesse trocar euros por zlotys. Ah, meu amigo! Aí que eu percebi a enrascada que eu tava! O bairro era um bairro residencial! Só pra você terem uma ideia, nem banco tinha naquela misera, quanto mais casa de câmbio! Fiquei andando por quase uma hora e nada de achar algum lugar pra trocar! Andava, andava, andava e nada! Eita diacho! Não tinha problema, depois pensei em uma solução, era só pegar um ônibus e tudo estava resolvido. Tá, mas como se faz pra pegar ônibus na Polônia? Como eu saberia que o ônibus estaria indo pro centro? Como eu PAGARIA pelo ônibus? Resolvi voltar para a casa e começar a pensar de novo no que fazer.

Cheguei em casa, comi mais salsicha com mostarda, único prato do dia, e comecei a pensar no que poderia fazer. Depois de um tempo… Quer saber? Eu ia era ficar só dando voltas no bairro dela e batendo algumas fotos. Tomei um banho e, quando estava quase para sair, eu me lembrei! MEU AMIGO! ERA DIA 19 DE AGOSTO! DIA DA SEMIFINAL DAS OLIMPÍADAS! BRAZIL x ARGENTINA!

Éguas!! Aí sim bateu o desespero pesado! Eu não PODIA perder aquele jogo! Era Brasil X Argentina, amigo! Ainda mais valendo vaga pra final! Se o Brasil ganhasse aquele jogo, era medalha de ouro na certa! Aí bateu o desespero! Aí sim!! Pense num maranhense arreliado! Pombas, polonês lá sabe o que é futebol? Provavelmente a TV aberta polonesa não iria transmitir esse jogo. E mesmo que transmitisse, ia ser complicado achar que canal ia transmitir, pois era tudo em polonês! Arf, pra um guerreiro não há obstáculos! Um canal nessa TV aberta miserável ia transmitir o jogo e eu estava disposto a descobrir! Depois de um tempo planejando como eu iria fuçar os canais, percebi que achar o canal que ia transmitir o jogo não seria um problema. Boa notícia? Mais ou menos. Por um lado me poupou de ficar meia hora tentando decifrar em que canal ia transmitir, por outro eu não teria o trabalho simplesmente porque a TV da casa dela não ligava! A TV estava que-bra-da!

AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!

O que fazer?  O QUE FAZER, SENHOR?? Por que eu? POR QUE EU?? Calma, calma, não era hora para pânico! Comi mais uma salsicha com mostarda (sem piadinhas de duplo sentido, por favor! Lembre-se da gravidade da situação) e comecei a pensar. “O que fazer? O que fazer? Use sua mente maranhense, seu bastardo! Eu poderia, er, eu poderia… Procurar um… procurar um… um.. um bar! É isso! Procurar um bar!! Aqui em Vasórvia deve ter mais bares pelas ruas que polacas fogosas! Esses poloneses são famosos no mundo inteiro por beber mais que um Opala a álcool!”. Comi outra salsicha com mostarda e voltei para as ruas disposto a achar um bar, um pub, uma sede local do partido comunista, qualquer coisa que pudesse passar um maldito jogo!!

Botei minha camisa do Brasil nas costas e saí pra guerra! Isso era meio dia, o jogo ia começar às 16:00 horário local. Meu amigo! Vocês já sabem o resultado, né? Andei por LONGAS QUATRO HORAS e não achei um diabo de um bar que tivesse passando esse maldito jogo! Só via neguinho vendo ginastas, natação e essas babaquices. Eu até chegava, tentava falar pro cara do bar do jogo que ia rolar, mas eles nem davam trela! Pelo sim, pelo não, eu nem tinha dinheiro pra poder tomar ao menos uma cerveja. Hehehe.

Voltei pra casa, morrendo de fome e sem ter o que fazer. Comi mais algumas salsichas com mostarda e fiquei esperando a mulher chegar. A Karol só chegou em casa quase dez da noite! Chegou e foi logo perguntando como foi o meu dia. Nessa hora dá até vontade de matar um, né cara? Me limitei a responder:   

– Salsicha e mostarda!

Fui dormir injuriado com a situação e comigo mesmo (pombas, a culpa foi minha de não ter pedido nem um dinheiro pra pegar ônibus pra ela! Depois eu pagava!). Só restava esperar o outro dia chegar e cedo ir em uma banca de revistas e procurar em um jornal o resultado (apesar de polonês ser outra língua completamente louca, os numerozinhos são iguais)

No outro dia eu fui saber do resultado do jogo: 3X0 pra Argentina.

            Pensando bem… Acho que foi até uma boa ideia não ter ido assistir. Hehehe

            No café da manhã, claro, comi salsicha e mostarda…

8 comentários em “Salsicha e mostarda

  1. <><>De certa forma, engraçado isso.

    Você pelo mundo, se matando para assistir a umas partidas de futebol “véio besta” (tendo até a chance de morrer fuzilado no Vietnam), enquanto eu, com disposição plena de Internet e TV, nem sequer sabia destas partidas.

    hehehehehehe

    Mas em compensação você, com um pouco de engenhosidade, coragem e disposição, fez algo que eu planejo (e planejarei), trabalho, e estudo para fazer daqui a muuuuitos anos.

    Mas bom post mesmo assim.

    Só não posso abrí-lo perto da minha namorada senão ela me proíbe de ver o blog. heheheheheheh<><>

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  2. Caiu de boca na salsicha maranhao??Pq não tomou umas vodkas para ficar locasso e dar uma coça nessa polonesa cachorra q te deixou na mierda???

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  3. Cara! As polacas sao otimas em todos os sentidos, TODOS mesmo mas a vida na Polonia eh uma merd..
    Coitados dos polacos, tenho doh deles, sao ateh gente boa…

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  4. Até na Polônia tem carnaval na rua? legal né
    vc. deveria ter pensado em trocar o dinheiro, afff, que mancada, onde já se viu uma coisa dessas.

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