Chegando a Riga…

Entramos no carro e seguimos em direção à Riga, capital da Letônia.

Assim que o cara começou a dirigir, tentei ser simpático e puxar assunto:

– Poxa, cara, obrigado por estar levando a gente. Estávamos a algum tempo esperando por carona já e pá pá pá…

Depois de um tempo sem respostas que eu fui me tocar que os dois não falavam NADA de inglês! Os caras estavam dando carona pra gente não por que procuravam alguém pra conversar ou fazer companhia, como a maioria das caronas que peguei por aí, mas sim pelo simples e singelo prazer de ajudar mochileiros desesperados em tentar chegar a algum lugar.

Devido a isso, eu e a norueguesa aproveitamos pra descansar um pouco, já que estávamos exaustos da noite passada.

A viagem prosseguiu tranqüila, a única coisa que merece destaque foi só quando passamos pelas instalações abandonadas do antigo posto de fronteira entre a Lituânia e Letônia que hoje, devido a União Européia, não serve mais pra nada.

Assim que avistamos as placas de “Bem-vindo a Riga” não entendi o que, mas parecia que o casal tentava falar algo pra gente. Não deu pra compreender o que era, mas gesticulamos meio que dizendo “o que quer que seja, pra gente está tudo bem” e seguimos. Depois que fomos entender. Eles não iriam entrar na cidade. Fomos indo cada vez mais longe até a hora que paramos numa casa no meio de uma floresta de eucaliptos. Era a casa de campo deles!

Quando chegamos foi aquela cena típica de filme americano. Um carro entrando, um cachorro chamado Bob saindo de uma casinha amarela e uma cambada de crianças correndo pra abraçar o avô. A gente ficou meio que sem entender o que diabos tava rolando. Depois de um tempo ele falou com uma mina lá e ela veio explicar pra gente, em inglês fluente, que os avós delas não estavam com planos de irem pra Riga, mas iriam levar a gente pra lá. Ela explicou que, quando novos, os avós dela sempre viajavam de carona e devido a isso iriam quebrar esse galho pra gente, deixando a gente no centro da cidade.

Achei bem interessante e legal essa parada. A solidariedade entre duas gerações de mochileiros diferentes. O mesmo tipo de solidariedade que tenho com as pessoas quando as hospedo em minha casa.

O figura nos colocou em outro carro e começou a dirigir pra Riga. No caminho, através de gestos, ele falou que queria ligar pro hotel em que ficaríamos hospedados. Demos o telefone da Iveta e, através do seu celular, ele ligou pra ela e vimos que ele mudou de caminho. Não, o cara não estava satisfeito em apenas nos levar de Vilnius a Riga, ele ainda iria nos deixar NA PORTA DE CASA. Melhor que isso só pagando o nosso almoço.

Chegamos à casa de Iveta e o cara, não satisfeito, ainda nos ajudou a subir com algumas malas da norueguesa, hehehe.

Figura demais…

Conseguindo couch em Riga

Acabou que depois de toda aquela loucura que rolou na Lituânia, acabei esquecendo de falar pra vocês como foi que conseguimos um couch na Letônia.

Fui deixando pra última hora a missão de começar a pedir couch e quando foi dois dias antes de chegar à Riga, me toquei que estávamos sem ter onde dormir. Meio que me desesperei e saí mandando mensagem pra Deus e o mundo implorando às pessoas que alguém me concedesse um teto para poder ficar embaixo. Só pra vocês terem uma ideia, a mensagem tinha o título de “Salvem um pobre brasileiro”.

No outro dia, uma simpática letã nos ofereceu vaga em seu apartamento. Nos comunicamos e ficou tudo bem. O nome dela era Iveta e parecia ser um amor de pessoa.

Tou escrevendo isso pra vocês só pra demonstrar como o Couchsurfing.org é uma ferramenta poderosa. Dois dias antes, você pode estar sem lugar pra ficar, manda uma mensagem pedindo ajuda e momentos depois já consegue um lugar super-aprazível pra poder ficar. Deus, abençoe o couchsurfing!

É interessante como é fácil hoje ficar viajando por aí, cara! Com ferramentas como o Couchsurfing.org e solidariedade de gerações de mochileiros atrás o mundo fica pequeno demais. Chega até mesmo a caber dentro de uma mochila…

5 comentários em “Chegando a Riga…

  1. Pôxa que legal esse couch, ainda vou deixar alguém se hospedar no meu kitinete, só para ver como é…
    sem dinheiro, sem lugar para ficar,que viagem maravilhosa…

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