Conforme descrevi no outro post, compramos um cruzeiro para os Bahamas, eu e a Bruna, saindo e voltando de Miami. Sempre quis viajar para os Bahamas, mas estava postergando porque era bem difícil. Os voos eram caros, as hospedagens ainda mais, e nem tinham tantos voos disponíveis. Quando apareceu a ideia do cruzeiro, parecia a solução perfeita: um jeito prático e acessível de finalmente conhecer os Bahamas. Pelo cruzeiro, tivemos duas paradas: uma em Cocobay, uma ilha particular da Royal Caribbean, e outra em Nassau, a capital do país.
Juntamos as malas, embarcamos no navio e seguimos viagem!
Mas antes de contar os detalhes dessas paradas, vale a pena entender um pouco sobre o que são os Bahamas.
As Bahamas são um arquipélago de 700 ilhas e mais de 2.000 ilhotas. Elas eram habitadas pelos povos indígenas lucaios, uma ramificação dos tainos. Em 1492, Cristóvão Colombo desembarcou em uma de suas ilhas, acreditando ter chegado às Índias. Esse encontro marcou o início da colonização europeia e a derrocada da população indígena devido a doenças e escravização. Durante os séculos seguintes, as ilhas tornaram-se um refúgio para piratas, incluindo o infame Barba Negra, até que os britânicos assumiram o controle em 1718, transformando as Bahamas em uma colônia da coroa.
No século XIX, as Bahamas se beneficiaram do comércio de algodão e do tráfico de escravos, ainda que a escravidão tenha sido abolida em 1834. Durante a Lei Seca nos Estados Unidos no início do século XX, quando foi proibida a produção de bebidas alcoólicas em solo ianque, as Bahamas prosperaram como um centro de contrabando de rum. Em 1973, as Bahamas conquistaram sua independência do Reino Unido, tornando-se um estado soberano dentro da Comunidade das Nações. Hoje, o país é conhecido por suas praias paradisíacas, economia baseada no turismo e serviços financeiros, além de sua herança cultural, que reflete a influência africana, europeia e americana.
Perfect day in Cocobay
A primeira parada que fizemos pelo cruzeiro foi em uma ilha particular da Royal Caribbean chamada Cocobay. Originalmente conhecida como Little Stirrup Cay, Cocobay foi adquirida pela Royal Caribbean em 1990. No entanto, a empresa não comprou, comprou, a ilha. Na verdade, ocorreu uma concessão de longo prazo feita pelo governo das Bahamas que mantém a soberania sobre a área. A concessão permite à Royal Caribbean desenvolver e operar a ilha como um destino exclusivo para seus passageiros de cruzeiros, em troca de benefícios econômicos e turísticos para o país.
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O governo fez essa concessão porque ela envolveu um investimento significativo da Royal Caribbean no local. Nos últimos anos, foi implementado um projeto de revitalização chamado “Perfect Day at CocoCay”, com um aporte de mais de 250 milhões de dólares. A infraestrutura inclui praias privadas, toboáguas gigantes, cabanas luxuosas, um balão de observação e outras atrações que tornam Cocobay uma das paradas mais populares de cruzeiros no Caribe. O governo das Bahamas regula as operações para garantir que a concessão traga benefícios econômicos ao país, como empregos locais, receitas de impostos e maior visibilidade turística.
Além disso, as Bahamas monitoram o impacto ambiental das operações na ilha, especialmente considerando a importância do ecossistema marinho local. A Royal Caribbean é obrigada a seguir as leis ambientais do país e adotar medidas de conservação, como limitar a construção em áreas ecologicamente sensíveis. Embora a ilha seja majoritariamente operada pela empresa privada, a relação com o governo das Bahamas é crucial para garantir que o uso turístico esteja alinhado com os interesses nacionais. Assim, CocoCay exemplifica um modelo de parceria público-privada em que o setor privado investe em infraestrutura e operações, enquanto o governo mantém a soberania e supervisiona os benefícios gerados para a economia local.
Ainda assim, você não vê um policial que seja andando pela ilha, toda a gestão da ilha, até questão de segurança é feita pela companhia. Apenas se algo muito grave acontecer que a polícia dos Bahamas pode intervir, mas aparentemente isso nunca ocorreu porque a própria Royal Caribbean se esforça para que nada de ruim possa afetar a imagem da empresa.
Por fim, parte da tripulação do navio desce junto com a gente para trabalhar, porém uma galera da ilha também mora nela enquanto está a trabalho. A maioria dessa galera que mora em Cocobay é das Filipinas e tem um contrato de trabalho. O salva vida pelos menos me explicou que o contrato de trabalho dele é de seis meses trabalhando sete dias por semana para depois ter dois meses de férias nas Filipinas. Assim, o salva vidas ficava torcendo para chover para ele ter folga, mas se o tempo estiver bom, era isso mesmo, sete vezes por semana de trabalho. Tempo bom pros turistas era tempo ruim para ele. Ela me explicou que tem uma parte privada da ilha onde ficam só os trabalhadores e que lá tem até um mini supermercado para eles comprarem sabão, coisas pessoais e outras miudezas. Apesar deles serem contratados da Royal Caribean eles precisam de autorização do governo do Bahamas para ficar trabalhando na ilha. Além disso, também tem um povo local do Bahamas que trabalha na ilha, mas mora em outra ilha, indo e voltando todo dia para trabalhar.
O interessante foi que a gente desceu nas Bahamas sem nenhum controle de passaporte. Teoricamente esse controle foi feito na hora que embarcamos em Miami, então vida que segue. A ilha em si é bem bacana para passar o dia, a água é realmente azul e cristalina e bem quentinha. Além disso, diversos restaurantes ficam disponíveis para que você possa pegar comida o tanto que quiser. Foi um passeio muito legal.
Visita a Nassau, capital dos Bahamas
No outro dia, fomos visitar Nassau, a capital dos Bahamas. Beleza, descer em uma ilha privada não precisa de passaporte, mas como seria descer na capital do país? Cara, foi a mesma coisa. O navio atracou, nós descemos e… vida que segue. Fiquei impressionado como essas coisas ocorrem, um país simplesmente abrir mão de sua soberania desse jeito. Teoricamente quem faz o seu controle de passaporte é a empresa de turismo quando você ainda está nos Estados Unidos, então eles que são responsáveis por checar se você precisa ou não de visto para poder descer no Bahamas. Beleza, se fossem pedir para ver o passaporte de todo mundo que fosse descer em um dia em Nassau ia praticamente inviabilizar o cruzeiro, mas, caramba, como um país abre mão de sua soberania desse jeito deixando um mundaréu de gente descer sem controle estatal nenhum no meio de sua capital? Pode parecer bobeira, mas Índia e Filipinas precisam de visto para visitar o Bahamas, então metade da tripulação do navio não pode ir a Nassau. Como eles controlam isso, não tenho a mínima ideia.
A primeira coisa que me chamou a atenção em Nassau é como as coisas por lá são dolarizadas. Eles até tem uma moeda chamada dólar bahamense, mas pelo menos em Nassau ninguém parece usar. Como tudo é dolarizado, Nassau é caro, MUITO caro. Malditos americanos que inundam o Caribe e fazem todos os países por lá serem extremamente caros para viajar.
Passeio dos porcos nadadores
Eu tinha separado um dia para passear pela capital, mas depois, lendo mais sobre Nassau, me interessei por um dos passeios mais famosos que tem por lá que é o passeio com os chamados porcos nadadores.
O famoso passeio dos porcos nadadores é uma das atrações mais icônicas das Bahamas e ocorre em Big Major Cay, conhecida como “Pig Beach”, localizada nas Exumas, um arquipélago ao sul de Nassau. Nesse passeio, os visitantes têm a oportunidade de interagir com os porcos que vivem na ilha e são conhecidos por nadar alegremente no mar cristalino. Acredita-se que os porcos tenham sido levados para a ilha por marinheiros e piratas para serem comidos posteriormente ou tenham nadado até lá após um naufrágio. Hoje, eles são cuidados pelos habitantes locais e se tornaram uma atração internacionalmente reconhecida.
Os tours geralmente partem de Nassau em barcos rápidos, que levam os turistas até as Exumas. Durante o passeio, os porcos nadam até os barcos em busca de petiscos, e os visitantes podem alimentá-los e tirar fotos únicas. O problema é que essa Exumas parece ser bem longe de Nassau e caro, amigo, muito caro. Os caras queriam cobrar 150 dólares. Por pessoa. No final inventaram um tal de um passeio em uma ilha mais próxima que era o que dava para fazer já que tínhamos que voltar a tempo de embarcar novamente no navio. A gente começou a andar pelo centro de Nassau e começaram a oferecer esse passeio dessa ilha mais próxima por 100 dólares. Eu simplesmente joguei a toalha e ficamos eu e Bruna passeando pela cidade.
De repente chegou um senhor vestido de marinheiro fedendo a pinga oferecendo esse passeio por 90 dólares. Nós agradecemos educadamente falando que não queríamos que se fôssemos iríamos pagar bem mais barato. Ele ficou insistindo e perguntando quanto queríamos pagar e nós só respondemos 50! Falamos isso para ele parar de encher o saco. Ele simplesmente resmungou alguma coisa do tipo “vocês não podem estar falando sério” e foi embora. Ficamos aliviados que o cara se foi. Passou uns 15 minutos volta ele falando que, tudo bem, que faria por 50 dólares para cada um de nós desde que a gente não falasse nada aos outros turistas. Bem, então vamos.
Fomos lá para a banquinha dele e ficamos esperando o barco chegar. De repente, um grupo de turistas americanas começa a quebrar o maior pau na banca do lado da dele o que acabou atraindo a polícia. A gente ficou sem entender o que tava acontecendo. Rapaz, quando chegou a polícia… Cadê o marinheiro que tava vendendo para gente? Mano, o cara simplesmente vazou. E nós já tínhamos pago! Realmente, tinha tudo para dar certo. De repente, chega o barco dele e a gente embarcou normalmente. O importante foi que deu certo. Cara, nós subimos no barco e fomos para a ilha. A gente imagina aquela cena paradisíaca, com porquinhos fofinhos nadando e farreando com a gente…

O que a gente esperava… 
… Rapaz… quando a gente chegou…
Mano… você esperava o que? São PORCOS!! Deve existir algum motivo para metade das religiões não permitirem que você coma porcos ou da gente chamar uma pessoa suja de porco, pois, porcos, são… sujos! Mano, a gente chegou naquela ilha, era uma farofa da porra, um som alto na orelha e uns dois ou três porcos correndo para lá e para cá comendo o mamão que a galera dava para eles. Um zona, uma bagunça, uma sujeira… Eu e Bruna só olhamos aquilo e começamos a dar risada, não tinha muito o que fazer. Os porcos eram IMENSOS e, bicho, tu pegava a comida, ele corria para cima de você para tentar comer da sua mão. A gente achava que ia ser uma coisa fofinha, mas depois só pensava em dar logo a comida pro bicho senão ele comia era a mão da gente.

A farofada que era isso aqui. Se liga no porco no meio da galera 


Antes da gente pagar, o cara tinha falado para gente que era tudo incluso, que tinha bebida, que tinha comida, que tinha comida pros porcos. Rapaz… quando a gente chegou lá. A bebida era um suco daqueles de pó misturado com uma vodka barata e a comida era saco de Doritos. Eu ainda fui lá tentar conseguir uma garrafa de água. Quando eu fui na banquinha pedir, tinha um menino de uns dez anos super mal encarado, com um cutelo na mão e uma cicatriz que ia de cima a baixo da cabeça. Sem brincadeira, bem parecido com o moleque do desenho abaixo.

Ele só me olhou e falou que cada água custava cinco dólares. Protestei, com um pouco de cuidado já que ele tinha um cutelo na mão, e ele me falou que eu podia pegar uma água. Mas só aquela, melhor era não reclamar.
No final, saímos do meio daquela muvuca, do meio dos porcos e fomos ficar mais afastados curtindo a praia que pelo menos era bem bonita.
Pior que no final o passeio só valeu a pena mesmo pelas praias que tinham naquela ilha que levaram a gente. As praias eram realmente bem bonitas, água quentinha e deu para curtir bastante. No final, pegamos o barco de volta para Nassau e demos o pé da ilha.
Pior que na volta a lancha ainda parou em uns lugares bem bacanas para gente fazer snorkeling. Mais uma vez, água cristalina e ainda deu para ver uns bichos legais como alguns pequenos cardumes e duas arraias. Já foi melhor que o snorkeling que eu fiz quando estava em Blue Bay nas ilhas Maurício.
De volta a Nassau com meus canhões fake
A Bruna resolveu voltar para o navio da Royal Caribbean e eu fui meter o pé na cidade para conhecer de verdade Nassau, a capital dos Bahamas.
Infelizmente não tive muito tempo para poder passear pela cidade dado que gastei metade de um dia andando com aquela roubada dos porcos, mas ainda assim deu para ver muita coisa da cidade. Só tem que ficar ligado quando anda por lá, já que os Bahamas são um dos países com maiores taxa de homicídio do mundo, maiores até que as do Brasil.
Mas beleza, lá fui eu caminhando pela cidade. Pro meu azar, os dois principais museus da cidade fechavam no dia da semana que desci por lá. Tinha um outro museu sobre os piratas, mas os comentários que eu vi na internet era que era super caro e só tinha uns piratas de cera, não tinha muita informação sobre o histórico do lugar. Devido a isso, resolvi sair caminhando até uma das principais fortificações que ficavam na parte mais alta de Nassau, o Fort Fincastle, que foi usado pelos ingleses para proteger a cidade.
Saí andando, andando, andando… E lá fui eu tentar chegar nesse forte histórico. Quando cheguei lá me atentei ao fato de que não tinha quase nenhum tostão furado no bolso, só tinha dois dólares. Cheguei no forte e quanto era a entrada? Óbvio, três dólares. Pensei em esmolar na porta para poder tentar conseguir um dólar, mas vi que aceitava cartão. Quando fui pagar a moça ela falou que o cartão de crédito só era aceito a partir de cinco dólares. Olhei para ela com aquela cara de gatinho do Shrek e ela falou “vai, moço, entra com seus dois dólares aí. Me dá aqui que eu vou levar como se fosse uma doação para o forte”. Acredita? Perdi dois dólares e ainda tomei um relaxo. Certeza que ela pôs esses dois dólares no bolso.
Subi lá e não tinha nada demais esse maldito forte. Até tinha uma boa visão de Nassau e realmente parece ser o ponto mais alto da ilha, mas é só. Nem os canhões que tinham por lá eram de verdade. Eram cópias, já que os originais tinham sido levados de volta para a Inglaterra. No final, perdi dois dólares e tomei um relaxo de graça.
Do lado pelo menos tinha a Escadaria da Rainha (Queen’s Staircase), um dos pontos históricos mais icônicos de Nassau. A escadaria foi construída no final do século XVIII e foi escavada em calcário por ex-escravizados, que levaram mais de 16 anos para completá-la. Originalmente ela foi criada como um caminho estratégico para conectar Fort Fincastle, no topo de uma colina, ao resto da cidade, portantoa escadaria tinha um propósito militar, permitindo um acesso mais rápido em caso de ataque. No entanto, seu nome atual é uma homenagem à Rainha Vitória, que governava o Reino Unido quando a escravidão foi abolida em 1834, por isso a homenagem dos ex-escravizados.

Com 66 degraus que simbolizam os anos de reinado da monarca, a escadaria é cercada por um ambiente repleto de vegetação tropical e um pequeno riacho artificial que proporciona um ar de tranquilidade ao local. A área ao redor é como um pequeno oásis no meio da cidade, atraindo tanto turistas quanto moradores locais.
Depois dessa roubada que foi essa ilha dos porcos e o forte de Nassau acabei voltando pro navio para poder continuar minha viagem de volta para Miami.
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