No meio do caminho tinha uma greve, tinha uma greve no meio do caminho…

Último video realizado na minha fatídica travessia do Nepal para a Índia escrito neste post
 
 
 
Abraços Maranhenses

Travessia do Nepal para Índia

Eu vi que a galera tava reclamando que eu tinha parado de postar. Galera, foi mal! Nem bem cheguei em São Luís e dois dias depois fui viajar com meu pai pra poder passar natal com meu avô em Cajazeiras, 1100 km distante de São Luís. Acabei indo sem meu laptop (ainda não copiei as minhas fotos da viagem para DVD, logo se qualquer coisa ocorrer com meu laptop eu tou PERDIDO). Muito jogo de dominó e pouco tempo pra internet acabaram minando a minha capacidade de postar.

Mas enfim, agora está tudo certo e vamos voltar as postagens atuais. Posto esse vídeo hoje e os textos da semana inteira já estão escritos, logo não haverá mais atrasos.

Abaixo o primeiro vídeo que fiz da travessia do Nepal com a Índia em cima do busão.
 
 
 
Abraços maranhenses

Pohkara – Varanasi, Índia. Parte 2, pós-macarrão assassino.

Quando foi a hora de voltarmos, já estava me preparando psicologicamente para voltar ao “ônibus dos horrores”, o ônibus em que o tempo de exposição à mesma música indiana, tende ao infinito. Rapaz, mas quando eu tava quase entrando no busão eu olhei para cima e vi uns gringos felizes danados no teto do ônibus. Perguntei o que eles faziam ali e eles me falaram que eles estavam viajando lá em cima porque era menos apertado e também não tinha aquela droga daquela música no ouvido. Depois me convidaram pra subir. Não precisa dizer qual foi a resposta, né? Pedi pra Coração Gelado ficar olhando minhas coisas lá embaixo e me taquei pra cima do busão.
Foi uma decisão acertada. Era bem mais ventilado, agradável e, bicho, a visão era fenomenal já que estávamos a cortar vários vales do montanhoso Nepal. A vista, mais uma vez, valeu por toda a viagem! Como lá em cima era compartimento de bagagens, não havia um local apropriado para você sentar. Na verdade o chão era cheio barras de ferros paralelas, onde os caras jogavam as malas em cima e amarravam-nas com cordas. Logo, não deu outra, acabei ficando com as nádegas parecendo batatas chips, parecendo umas batatas Rufles, mas como a zoeira era massa acabei ficando.
Se liga na felicidade do menino!
Depois de algumas horas com o motorista ENFIANDO a mão na buzina, ENTRANDO que nem um louco em várias curvas e eu chacoalhando como um pingüim no liquidificador, enfim chegamos numa zona de calmaria. Uma rua reta, com o asfalto lisiiinnhooo: Estrada da fronteira do Nepal com a Índia. Juro que a calmaria me fez sentir como Vasco da Gama após cruzar o Cabo das Tormentas em direção às Índias. Mas como tudo pra virar história de blog tem que dar errado, aquela calmaria não iria durar muito tempo. Pra falar a verdade, durou uns dez minutos. Quando avistei ao longe uma fila QUILÔMÉTRICA de caminhões em direção à fronteira vi que algo não estava bem.
QUEDIABOÉISSO?!?! Não restou outra opção ao motorista do ônibus a não ser parar e esperar na fila.

Crise do Petróleo
Matuta daqui, matuta dali, depois de algum tempo nos foi comunicado que aquilo era um protesto dos caminhoneiros do Nepal contra o aumento abusivo dos preços da gasolina no país. Estávamos chegando ao auge da crise do petróleo com o preço a mais de cem dólares o barril! Com o preço às alturas, não restou escolha aos donos dos postos de gasolina a não ser repassar o aumento para as bombas. Os caminhoneiros piraram sem entender o porquê daqueles preços malucos e resolveram fechar a fronteira em protesto. Conversando com alguns que estavam por lá, eles me falaram que não iriam pagar pela “ganância” dos donos dos postos de gasolina sem entender que o motivo de toda aquela espiral de loucura dos preços vinha de muitos outros fatores que nem os donos dos postos de gasolina, nem o governo poderiam controlar! Como o trabalho de um motorista de caminhão, incrustado no meio de um país na Ásia, é dirigir e não prever volatilidade do mercado acabamos por ficar parados, reféns por tempo indeterminado, numa das greves mais imbecis que já presenciei na minha vida (e olha que petistas e professores de história, filosofia, antropologia da UnB são mestres em fazer greves imbecis). Os caminhoneiros falaram que só abririam a fronteira quando o governo mandasse alguém para negociar. Malditos Irã e Arábia Saudita e seus poços de petróleo!! Confesso que foi interessante sentir na pele uma crise que estudei por tanto tempo apenas nos livros (sim, estou sendo irônico).
Japonesada que acabou ficando ilhada também

 

Aparelho repressor do Estado e saída mágica pra crise.

Depois de umas duas horas, um cabra veio pra gente e falou que ele sabia uma saída mágica para a crise! Não a crise do petróleo, mas a crise da fronteira. Ele disse que sabia de uma outra saída para fronteira com a Índia e que lá os motoristas não tinham conseguido fechar porque a polícia chegou antes e desceu a bolacha em todo mundo.
Ah, bendito aparelho repressor do Estado! Como isso faz falta de vez em quando na UnB!
Como não tínhamos outra escolha, acabamos por aceitar a proposta do cara e subimos no busão dele em direção à outra fronteira. O único problema básico era que, veja só, não havia mais lugares suficientes para todos na parte interna do busão, só havia um assento que eu cedi pra Coração Gelado conquanto ela carregasse minha mochila com ela. O que sobrou pra mim? Sim, o teto! O que da vez passada fiz por diversão, dessa vez, já cansado, tive que fazer por obrigação.
Cara, mas foi interessante pegar este outro caminho, viu? Sabe por quê? Cara, o caminho que pegamos era um caminho mó nada a ver, que levava uma hora a mais para poder cruzar a fronteira, logo nenhum ônibus com gringos pegava aquele caminho para ir embora. Pra falar a verdade era um caminho apenas para passagem de carroças, sem asfalto. O que não podia ficar pior, ficou! O busão chacoalhava BEM mais e minhas nádegas que mais pareciam uma batata Rufles naquele momento ficaram onduladas como um tanque de lavar roupa à mão.
Mas o que era interessante era perceber o quanto éramos novidade para aquele povo rural que tanto nos olhava com espanto. Cara, era muito legal e triste ao mesmo tempo observar aqueles indianos e nepaleses e perceber que eles viviam atualmente o mesmo estilo de vida de provavelmente algumas centenas de anos atrás.
Cidades que passamos antes de entrar na zona rural em si
Enfim, continuamos andando e o improvável ocorreu. O ônibus parou. “Danou-se” – pensei. Achei que o busão já tinha quebrado novamente ou algo assim. Naadaaa, alguém tinha posto umas varetas no caminho impedindo o ônibus de poder passar. “Assalto” – foi a primeira coisa que veio na minha cabeça. De repente, surge um nepalês de dentro de sua cabanazinha com uma machete e caminhando em nossa direção. Cara, depois de alguns anos estudando sobre o massacre que ocorreu em Ruanda e o que os caras faziam com as machetes, tudo o que não eu queria encontrar no Nepal era um bigodudo com uma machete ameaçando o motorista. Depois de um tempo entendi que o cara tava querendo um pedágio porque nós teoricamente estávamos entrando em “seu território” e por isso deveríamos pagar. Depois de algumas discussões acaloradas com o motorista e vendo que todos os homens de dentro do busão começaram a sair e a cercar o bigodudo ele se viu aperriado e nos deixou ir embora.

Fronteira com a Índia, inferno novamente!

Continuamos seguindo viagem até a hora em que chegamos numa cidade à fronteira com a Índia. Como já de praxe, uns motoristas de charretes tentaram nos roubar. Combinamos que iríamos pagar um real por cabeça pra eles nos levar da parada de ônibus à fronteira física e quando chegamos ao final combinado eles queriam cinco. Falamos que não íamos pagar e eles começaram a querer nos intimidar. Coitado deles… Depois de muitas horas sendo chacoalhados, cara com machete querendo brincar de “Genocídio em Ruanda” e greves de caminhoneiros atrasando em mais de três horas a nossa viagem tudo o que não tínhamos era paciência para ser roubados. Naquela hora já éramos um grupo grande de algumas dezenas de pessoas e quando eles começaram a gritar, apenas gritamos de volta. Vendo que o bicho ia pegar eles resolveram ir embora. Basicamente adotamos a mesma estratégia que parecia sempre dar certo e que eu já tinha adotado antes: intimidar quem tenta me roubar através de gritos e ameaças de descer a porrada.
Na hora de atravessar a fronteira mais problemas. Não existe fronteira entre a Índia e o Nepal. Indianos e nepaleses não precisam de visto, passaporte, sequer documentos para atravessar a fronteira de um país pro outro, logo a situação lá é completamente caótica. Pense numa Rua 25 de março lotada numa época de Natal? Assim era ruazinha que levava à faixa de fronteira!

Saímos andando, andando, andando… Quando vimos já tínhamos andado mais de uns cem metros dentro da Índia e parecia que nada tinha mudado, só nós tocamos que estávamos na Índia devido à uma bandeira indiana tremulando em cima de uma loja. Descobrimos na marra que não existem postos de controles de ambos os lados na fronteira física entre eles. Como não poderíamos simplesmente entrar na Índia sem carimbos (isso poderia dar uma bela dor-de-cabeça para sair da Índia depois. Se não possuíssemos carimbos de entrada, na saída eles iriam perguntam porque entramos dessa maneira, poderiam desconfiar que estávamos fazendo algo de errado e, até separar alho de bugalho, ia ser uma beleza). Resolvemos voltar ao Nepal e demoramos ainda uma meia hora pra achar os postos de fronteira.
Meu amigo, que cena precária viu? O posto do Nepal era meio que escondido, doido!!! Só pra vocês terem uma idéia era vizinho de um açougue e fedia que só o diabo. Entramos, carimbamos e fomos embora. Na hora de achar o posto da Índia, mesmo problema. Dentro de uma viela achamos uma casinha com as janelas quebradas e que continham dois oficiais indianos sentados, bigodudos (meu amigo, como esses caras gostam de bigode, viu?) e fumando um cigarro velho. No lugar, a surpresa. Eles se recusaram a carimbar o passaporte com o visto de entrada sem que pagássemos a eles uma “taxa” de dois dólares, uma mixaria. O detalhe que o carimbo era de graça, eles só queriam extorquir a gente.
Como já tinha prometido pra mim mesmo que não aceitaria ser roubado, um real que fosse, me recusei a pagar e todo mundo fez o mesmo. Eles resolveram engrossar e falaram que não iriam carimbar então. Depois de alguma discussão alguém lá do meio falou que conhecia alguém em Deli e que se esses caras realmente fizessem a gente pagar a propina que eles tentavam extorquir o bicho ia pegar depois. Após a ameaça parece que enfim ele resolveu carimbar e partimos pra próxima tentativa de roubo.
Quando começamos a procurar o ônibus que deveríamos pegar para poder ir para Varanasi, um rapaz muito simpático se aproximou para nos ajudar. Alguém simpático na Índia, como vocês já devem estar sabendo, é claramente alguém tentando nos enrolar com algo. Perguntamos a ele aonde poderíamos pegar o ultimo ônibus para Varanasi que sabíamos que estava a partir em alguns minutos e eles nos ofereceu para ajudar. Como não tínhamos muita opção do que fazer, decidimos uma vez na vida acreditar na bondade das pessoas. A bondade do cara nos fez dar uma volta e quase perdemos o ônibus. Só conseguimos pegar o ônibus porque dei um real pra um menino que andava no meio da rua (juro que fiquei com medo dele achar que eu queria era brincar de “padre católico” com ele) e ele nos mostrou o real lugar. Depois descobrimos que o cara que primeiramente nos ofereceu ajuda fazia viagens pra Varanasi e queria que perdêssemos o ônibus de propósito só pra ele fazer dinheiro em cima da gente…
Enfim, conseguimos pegar o ônibus e fomos em direção a Varanasi.

Pohkara – Varanasi

 
Cara, essa viagem Pohkara/Nepal – Varanasi/Índia foi uma das mais estressantes e malucas da minha vida! Vocês não fazem noção o quanto foi ENGRAÇADO viajar por essas bandas no busão que eu apelidei carinhosamente de “ônibus da morte”.
Pra começar, um dia antes de ir embora, traumatizados com a “montanha-russa nepalesa”, eu e Samanta decidimos fazer o nosso check-out e pedir informações no balcão do hotel de como poderíamos fazer para poder tentar conseguir algo mais civilizado para nos transportar, ainda que isso implicasse em aumento de custos. Segue o diálogo:
– Oie cara, tudo bom? Então, a gente tava querendo ir pra Varanasi na Índia amanhã. Como a gente faz?
– Simples, você pega o ônibus público até a fronteira do Nepal, cruza a fronteira do Nepal a pé, do outro lado, já na Índia você pega um ônibus pra outra cidade (que eu não lembro o nome, para facilitar e ilustrar melhor a situação vou apelidá-la carinhosamente de “Inferno”) e do “Inferno” você pega outro ônibus pra Varanasi. Simples assim!
– Você não tá entendendo! A gente não quer pegar um ônibus público! A gente tá vendo se consegue um ônibus direto, sem paradas! A gente PAGA a mais por isso, não há problemas!
– Não há ônibus direto, senhor!
– Ok e como a gente faz pra pegar outro ônibus que não seja o público?
– Não há outro tipo de ônibus no país, senhor.
– Vocês têm algum tipo de ônibus que vai mais devagar ou com pelo menos suspensão a ar?
– “Suspensão” o que?
– Esquece. Nós só temos uma escolha então? Pegar o mesmo ônibus da morte novamente?
– Temo que sim, senhor!
Vocês devem imaginar como a gente ficou depois dessa, né? Nessas horas eu só comecei a pensar: – “Por que diabos eu não resolvi viajar pela França, meu Deus?” Melhor: – “Por que diabos eu não fiquei logo em São Luís, senhor?”. Mas não teve jeito. Depois de perguntarmos em mais dois locais diferentes o preço do busão (eu não confiava MESMO naqueles caras), descobrimos que o hotel realmente estava nos cobrando o preço correto, mas, apesar disso, fizemos questão de comprar no hotel do lado só pra não dar comissão pra eles.
No final, antes de ir embora, eles ainda se esqueceram de nos cobrar algumas refeições. Saímos de almas lavadas sabendo que demos um calote neles maior do que o preço das diárias. Como já dizia Mao Tse Tung: “Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”.
Tecla PAUSE
Gente só pra não deixar que as pessoas façam juízos de valores errôneos acerca do meu caráter. Não sou chegado a dar golpe em pessoas ou algo do tipo. Por várias vezes já pedi a garçons em restaurantes para refazerem a conta porque às vezes eles esquecem de cobrar algo. Só tenho essas atitudes canalhas quando alguém tenta ser o espertão pra cima de mim (tal qual o post do motorista indiano em Deli). Por favor, honestidade é algo que prezo E MUITO no meu dia-a-dia.
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No meio do caminho, paramos em um restaurante e pude ver uma cena impagável. Uma PANCADA de pimentas sendo secas ao sol. Chuto que isso deve ser o consumo diário de um indiano porque eu nunca vi comida tão apimentada na minha vida, meu amigo!
 
Tecla PLAY
Fui indo em direção ao meu ônibus me sentindo um prisioneiro a caminho de receber a injeção letal. Perguntei ao motorista quantos quilômetros iríamos percorrer até a fronteira. Resposta? Exatos 274 quilômetros! “Em quanto tempo doutor?” – perguntei novamente – “Cinco horas?” – chutei já com medo da resposta e esperando ele falar que era menos. Alguém tem um palpite de quantas horas foram? DEZ HORAS!!!!!!! Dez horas sendo chacoalhado e se imaginando um pingüim dentro de um liquidificador!!
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Um cara do lado tava levando um cachorrinho pra poder levar pra namorada dele. Olha só que fofinho o bichinho!!
Como não havia o que fazer, entrei no ônibus e fiquei “curtindo a minha viagem”. Confesso que subestimei o poder que o Nepal tem para lhe torturar quando você está viajando por terra, viu? Sabe por quê? O ônibus não era chinfrim não, cara! Era um “Vídeo-Coach”. Tá pensando? Era tipo aqueles ônibus que você paga pra fazer uma viagem São Luís – Teresina (só um comentário. NINGUÉM que esteja fazendo uma viagem voluntariamente, saindo da melhor capital do Brasil e indo pro Piauí, merece menos do que uma viagem sofrida. NINGUÉM!) com um televisãozinha. Só tinha um leve problema, levíssimo eu diria…
Os caras só tinham UMA fita com uns oito ou dez clipes de música indiana. Nada demais. Não há nada mais agradável do que viajar num ônibus que de uma em uma hora repete os mesmos MALDITOS videoclipes indianos! Depois de três horas sendo torturado impiedosamente, o ônibus enfim parou e, graças a Deus, pude descer e pensar no que poderia fazer!
Quando desci, as minhocas do estômago já estavam se digladiando dentro de mim. A fome tava brava! Resolvi que não seria uma má idéia parar para comer uma coisa (Depois percebi que estava enganado afinal no Nepal e na Índia comer algo vendido na rua SEMPRE é uma má idéia). Parei numa banquinha onde a mulher vendia um macarrão frito pra pedir pra ela preparar um para mim. Cara, pra começar olha só como era o estado da banquinha dela de macarrão de beira de estrada.
Sentiu o drama? Pois é, a melhor parte nem era essa. A melhor parte foi quando eu pedi:
– Ôw, minha senhora! Desce uma pratada de macarrão aí pra mim.
– Claro, senhor, quantas pessoas?
– Só eu mesmo.
– Então tá bom, vamos preparar. O senhor vai querer pimenta?
Tchuf! A mulher vai e me enfia A MÃO no recipiente de pimenta e joga na frigideira.
– Cebola?
Táááá!! A mulher enfia A MÃO no recipiente de cebola!
– Esse tanto de macarrão? Tá bom ou quer mais? – ela perguntava enquanto media o tanto de macarrão (o macarrão já estava cozido, pronto pra só jogar na frigideira) que eu iria querer. Claro, não precisa explicar que ela pegou o macarrão com a mão também!
– Er.. tá bom, minha senhora, acho que vou querer só esses ingredientes mesmo, oh!
– Então beleza, deixa eu mexer aqui que é pra FICAR BEM GOSTOSO!!
Não precisa explicar, né? CLARO que a mulher não tinha uma colher pra poder mexer o macarrão! CLARO que ela mexeu o macarrão dentro da frigideira com as mãos! Depois de algum tempo ela pegou o macarrão de dentro da frigideira com OS DEDOS em forma de pinça e tacou no meu prato. Tá aqui, tá pronto!
Se comi? Meu amigo, e tinha outra escolha? O jeito foi tacar pra dentro fechar o olho e se banquetear. O macarrão até que tava gostoso. Salgadinho… Acho que o ingrediente secreto do prato dela era cozinhar tudo com as mãos e sem luvas!
A melhor foi depois quando eu pedi pra usar o banheiro. Apontaram-me o banheiro lá atrás do “restaurante” e eu fui lá pra tirar água do joelho. Ao chegar ao banheiro aquele NNOOJJOOO, bicho! Sério, mijei lá de fora mesmo, não tive nem coragem de chegar e pisar dentro do banheiro. Quando eu olho no banheiro do lado, quem tá saindo lá de dentro balançando as mãos e limpando no vestido (O que? Pia? Isso é coisa de banheiro de fresco! De banheiro de ocidental!)? Não, não era a mulher que tinha feito o macarrão pra mim. Era a mulher que vendia macarrão do lado dela!
Enfim, não quis ficar pensando que o macarrão que eu comi tava salgado pela falta de pias em banheiros! Por um dia eu fiquei querendo acreditar que aquela história de que mulheres não defecam ou urinam realmente é realidade! De que a mulher que preparou O MEU MACARRÃO nunca entrou dentro daquele banheiro! Só a mulher que vende macarrão ao lado dela que usa aquele banheiro…

Pohkara

Chegamos a Pohkara depois de módicas sete horas andando de montanha-russa. Cara, quando desci do ônibus, vi que no final tinha valido a pena! Amigo, o lugar era lindo DEMAIS! No meio da cidade, havia um lago imenso rodeado por diversas colinas totalmente esverdeadas! A água cristalina praticamente nos INTIMAVA a pular dentro do lago e sair nadando.
Escolhemos um hotel dentre os que foram oferecidos pelos caras que gritavam ao nosso redor assim que descemos dos ônibus (porque reservar hotel antes é coisa de fresco).
Tecla PAUSE
 
Nessas horas, no Nepal e na Índia, não há nada melhor que o livre mercado, cara! Quando eles gritam “hotel, hotel” você grita de volta “quem tem o hotel mais barato?”. Ah, meu amigo, mas gritar “eu quero um quarto” é como esfregar um pano vermelho na venta de um touro! Proteja o rosto e as partes vitais do corpo pra agüentar o ATROPELAMENTO que vem em seguida. Você vê só aquela poeira levantando e uma turba enfurecida pra cima de você empunhando cartazes e gritando “o meu quarto é 7 dólares”, o meu “é 7 dólares, mas tem ar-condicionado!”, “o meu é 5 com ventilador e banheiro!”… No final você leva umas cotoveladas e, claro, MUITAS cuspidas na cara, mas acaba conseguindo um preço muito bom pela barganha. Também fica impossível alguém te enrolar, já que se o preço real do quarto é dois dólares e um te oferece a dez, o outro do lado dele vai gritar sete! E eles ficam nessa, baixando os preços, até a hora que você descobre o preço de mercado, o preço que ninguém mais faz mais baixo, logo o preço certo… Acabamos levando um quarto com banheiro privativo, ventilador e cama de casal custando menos que um dólar para cada um a 10 metros do lago! Uma pechincha…
Tecla PLAY
 
Escolhido o hotel, largamos as mochilas no quarto e descemos à recepção pra fazer o que seria o principal motivo de termos ido à Pohkara: Trekking (caminhadas) pelas montanhas. Perguntamos aos caras da recepção se eles sabiam como poderíamos fazer para poder conseguir achar as trilhas pelas montanhas. Os caras, claro, foram todos solícitos e começaram a nos “ajudar”:
– Não, que você tem que pagar um guia, porque sem guia é proibido. O guia sai só por 10 dólares o dia. A caminhada mais curta dura três dias, com oito horas de caminhada diárias, custa 30 dólares só de permissão ao governo e pá pá pá. Você também tem que alugar equipamento e o equipamento sai mais dez dólares pra cada um…
Só sei que o bicho foi falando, falando, falando e cada vez mais a caminhada ficava mais dispendiosa e trabalhosa. Tava claro que ele queria fazer dinheiro em cima da gente (o que depois descobrimos que era o motivo. Os caras estavam oferecendo tudo pelo triplo do preço! Eles tavam roubando a gente na maior cara dura! Mas se eles acharam que ia sair barato, não saiu, teve vingança, como vou explicar mais tarde…). Acabou que depois de tanto lero lero, a preguiça comendo e um lago imenso do lado de fora clamando que nós nadássemos nele, acabamos por decidir só ficar de boa mesmo e ir direto pro lago!!
Corremos pro lago, alugamos um barco eu e a Samanta e aproveitamos pra comprar umas cervejas também, porque, afinal, não tem nada do que combine mais com barcos do que uma garrafa de cerveja, correto? Às vezes eu fico pensando que tudo é desculpa pra beber, meu amigo! Compramos quatro garrafas de 600ml que foram divididas igualmente: uma pra mim e três pra Samanta.
 
– “Tá de boa chefia. O barquinho é bom, pode ter certeza. Só tem um pouquinho de água dentro, mas é bom pra refrescar…”
Cara, o lugar era incrivelmente lindo e fantástico! Como já falei, um lago IMENSO rodeado por montanhas! Assim que pulamos no barco dividimos as tarefas igualmente também: eu fiquei responsável por remar o barquinho e a Samanta por tomar as cervejas (sim, ela utilizou mais uma vez a tática “mas eu sou uma menina” pra me convencer a remar o barco sozinho!). Fomos remando e descobrimos um lugar IRADO depois de algum tempo! Era uma ilhazinha minúscula situada no meio do lago e que continha um templo com algumas centenas de anos situado bem no meio! Interessante como ele era venerado e havia um fluxo frenético de pessoas sendo transportadas da ilha para margem em pequenos barcos.
Depois de “atracarmos” na ilha e tiramos algumas fotos, continuei remando e a Samanta bebendo. Como não podia deixar de ser, o hormônio ADH dela começou a baixar e ela queria porque queria, digamos, “fazer um pipi”. Remei até o outro lado da margem e ela foi lá para se aliviar. Quando ela voltou, a mina tava feliz demais! Ela tinha achado uma cachoeira dentro do mato, cara! Putz, não era assim, uma Catarata do Iguaçu, mas mesmo assim era uma cachoeira! Achamos uma cachoeira DO NADA!! Juro que me senti tal qual Ponce de León quando descobriu a Flórida a caminho da Fonte da Eterna Juventude!
Porque as vezes tudo o que você precisa é de um remo e estilo… Só avisando, piadas previsíveis sobre garrafas de cerveja e os locais aonde elas se encontram serão punidas com sanção física…
A hora de voltar ao barco, com a Samanta gritando feito um vietcongue tendo os seus intestinos arrancados após perceber que o seu pé estava cheio de sanguessugas, também merece ser citada.
Córrego que nos levou à cachoeira e que estava LOTADO de sanguessugas!

No final, na hora que já estávamos quase voltando pra poder atracar o barco, Samanta, quase dois litros de cerveja depois, resolveu que queria porque queria nadar. Mas não teve o que fizesse ela mudar de opinião!! Como natação e bebida são coisas que REALMENTE não combinam, fiquei preocupado e prestando atenção naquela situação. E pensa que ela tinha roupa de banho por debaixo? Claro que não, cara! Isso é coisa pra fresco! A mina pulou no lago DE CALCINHA! Ficou aquela cena linda, né? Eu remando, Samanta nadando do meu lado de calcinha e todo barquinho, lotado de beatas, em direção ao templo olhando pra gente com aquela cara de “Gente, que pancada de louco é esse?”. Imagina a situação, cara, pelamordedeus! Americana de calcinha, maranhense remando e beata olhando!! Isso não é algo que se vê todos os dias, hehehehe. Eu, claro, morrendo com um medo danado de ser preso.
Sim, conseguimos dormir no hotel e não na cadeia.

Katmandu – Pohkara

Meus planos no Nepal se resumiam a apenas ir para Katmandu, regressar à Índia e continuar viajando por aquele país impressionante. Na minha terceira noite em Katmandu, já tinha começado a procurar informações acerca de como poderia fazer para regressar à Índia de ônibus. Quando explicitei meus planos à Badri, meu host em Katmandu, ele falou que eu estava permanentemente proibido de fazer isso, de ir ao Nepal para passar apenas quatro noites e depois me mandar de volta para Índia. Já que eu estava no Nepal e já tinha pago quase dois meses de visto que eu pelo menos fizesse o que há de mais interessante no Nepal: Hiking (Caminhada). De início não fiquei muito empolgado, já que o que mais fiz na minha vida no Brasil foi hiking e quando estou viajando procuro gastar tempo e dinheiro em algo que não possuímos no Brasil (construções históricas, baladas com suecas quentes etc.).

 

Acabei tendo que ir porque Coração Gelado queria porque queria pegar um desses hikings pelas montanhas do Nepal e, como éramos companheiros de viagem, não tive outra escolha. Tive que ceder…
Acabei por prolongar em mais três dias minha estada no Nepal. Na nossa última noite decidimos sair pra balada com os nômades que conheci em Delhi e mais alguns couchsurfers logo Badri achou melhor que procurássemos um quartinho no centro da cidade de Katmandu pra largamos as nossas mochilas lá, irmos para balada, dormirmos e de manhã pegar o nosso ônibus em direção à Pohkara, cidade do Nepal onde estávamos planejando fazer o hiking.
Ficamos pensando em como iríamos fazer para poder arrumar um quarto, mas não houve problema. Assim que saímos do táxi um cara gritou pra gente “QUARTO, QUARTO!” e perguntamos quanto era. Adivinha o preço? Sim, o quarto para DUAS pessoas com DUAS camas, no centro de Katmandu custava UM dólar! Mais barato que isso só liquidação de fim de ano nas casas Bahia ou uma bicicleta Houston, a bicicleta do mochileiro!
Visão recorrente à janela do ônibus.
No outro dia quando pegamos o nosso ônibus, claro, sofrimento novamente. É quase um sacrilégio achar que num país ultramontanhoso como o Nepal seja possível encontrar frescurinhas como ruas com asfaltos ou pelo menos não entrar em uma curva a cada cinco metros. “Não estou mais em Brasília” – tentava falar pra mim mesmo a cada vez que o motorista dobrava a uns 80 km/h em uma curva que dava em direção a um precipício!


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Curvas a alta-velocidade no Nepal! Fórmula 1 que nada! Emocionante é ser motorista de ônibus no Nepal!
A cada cinco minutos alguém me cutucava no ombro. Quando eu virava pra ver era a Morte perguntando se eu já queria ir com ela ou iria esperar até a próxima curva! Viver no Nepal é como viver num eterno Hopi Hari andando de montanha-russa e suas “casas do terror” (como já citado, não existe iluminação pública à noite).
Quando a gente tava no caminho me deparei com essa cena inusitada. Uma menininha conduzia o seu “rebanho” próxima à estrada. Agora, repara na ripa de madeira na mão dela… Mermão, a mina dava cada lapada no lombo das vaquinhas!! Eu ficava até com medo! Impressionante como um humano em fase infantil consegue dominar outros animais de força e tamanho avassaladoramentes maiores que ele tão facilmente.

Nepal – Patan

No final do dia fomos para Patan para batermos fotos da sua praça principal. Depois fomos ao zoológico, pois a Samanta queria porque queria ver uns bichinhos! O porquê de uma americana que tem perto dela os MAIORES zoológicos do mundo querer ir pra um zoológico MAMBEMBE no meio do Nepal, eu não sei explicar, mas sabe como é mulher, né cara? Achei melhor não contrariar, pois vocês sabem como elas são quando querem algo, né meu amigo! Você pode até não fazer, mas depois fica escutando o mês inteiro!!
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Dá só uma olhada na tabela de preços do zoólogico e quantas especificações há nele. (Foreigner = Estrangeiro, Elephant Ride = Passeio de Elefante)
Ursão no zoológico

Pra mim o que merece ser citado acerca da Praça em Patan foi apenas umas crianças que conheci por lá. Cara, não sei por que, mas foi só eu pisar na praça que uma menininha de rua veio “na febre” pra cima de mim, pulou nos meus braços pra brincar comigo e a gente começou a ficar brincando! Depois de algum tempo brincando com elas nos braços (pombas, eu adoro criança!), veio o irmãozinho dela. Caraca, tem como você resistir a duas crianças como essas? Não tem como, né?? 

Cara, fui lá e fiquei brincando com os dois. Depois de um tempo o molequinho se aproveitou de minha distração e fez o que? O sem-vergonha não começou a checar os meus bolsos, cara? Dá pra acreditar nisso? Eu ainda me toquei e fiquei vendo ele lá, se fazendo de malandro e tentando fazer a farra comigo!! Depois de um tempo ele se tocou, que eu tava olhando pra ele, olhou pra mim e pensa que ele parou? Que nada, continuou checando pra ver o que eu tinha!! Como eu não tinha nada nos bolsos (tava tudo na bolsinha que comprei em Deli), ele desencanou e veio pros meus braços, como se NADA tivesse acontecido, pra eu ficar brincando com ele também. Eu depois fiquei pensando: “Rapaz, tão pequenininho, mas já tão filha-da-putinha”.
Olha o sorrisinho dele quando eu tirei as mãozinhas dele do meu bolso.
Tem como resistir?
Só sei que depois de uns quinze minutos, lembrei da pior coisa que ocorre quando você começa a brincar com crianças. Crianças são fofas, é legal brincar com elas, mas crianças nunca querem parar. Depois de um tempo Tio Claudiomar, a alegria da criançada, começou a ficar cansado e não teve outro jeito. Depois de sucessivas tentativas de “estou indo embora, brincamos mais depois” eu tive que tentar indo embora parecendo uma árvore de natal com criança pendurada pra tudo que era lado…
Após alguns minutos, um guarda veio ao meu socorro e meio que brutamente mandou eles irem embora e me deixarem em paz. Fiquei com uma pena DANADA delas, mas não teve outro jeito…
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Perambulando por Katmandu, Nepal – Parte 2

No outro dia eu e Samanta fomos em busca dos Gaths nepaleses, de algumas construções budistas tibetanas em Katmandu e também uma outra praça situada numa cidade, Patan, praticamente colada em Katmandu, e que ficava no mesmo vale. Pra quem não lembra o que são Gaths, são os locais aonde os hindus cremam os corpos e jogam as suas cinzas no rio.Meu amigo, essa clinica que nos deparamos no caminho tem mais uso que Biotonico Fontoura! Detalhe nos tijolos caindo aos pedacos do lugar, hehehe. Eu depois fiquei achando se alguem de molecagem nao tinha era colocado isso na porta de casa so pra fazer graca!
O local, pra variar, também era milenar.
Acho que por ser tão antigo, ao chegarmos ao rio nos deparamos com uma cena que deve acontecer há mais de mil anos no rio MAIS SAGRADO DO NEPAL: Uma pancada de meninos banhava pelado por lá assim como fazíamos nos um pouquinho menos sagrados açudes pelo Nordeste.
Havia quatro Gaths principais (aonde dependendo da sua casta você era queimado) e uma Gath mais ao longe e reservada apenas para membros da nobreza. O rio que eles jogavam as cinzas era sagrado porque desaguava diretamente no rio Ganges, logo, se a sua família não tivesse tempo ou dinheiro pra poder ir a Varanasi, poderia ser queimado ali mesmo que dava no mesmo.
Outro ponto que achei interessante foi ver que a cor que eles utilizam para o luto é a cor branca! Foi interessante observar as pessoas sendo queimadas e os parentes ao redor vestidos de branco, costume totalmente diferente do nosso, já que utilizamos a cor preta! Segundo o guia que nós pagamos por lá, quando o marido morre, a mulher fica utilizando roupas brancas por um ano para demonstrar que está de luto e nunca se casa novamente, já que para os mesmos o casamento é um só e vale tanto para a vida terrena e quanto para eternidade (Como exemplo foi citar uma situação hipotética! Imagina um católico que foi viúvo umas duas vezes e casou três. Faz as contas… Quando toda a “trupe” chegar ao céus ele vai ter que agüentar três mulheres, três sogras e dezenas de cunhados por toda a eternidade, meu amigo! É bom ou quer mais? Pensando bem, até que esses hindus são espertos mesmo!). Perto das Gaths tinha também o mais sagrado templo hindu no Nepal. Não nos foi permitido entrar, já que não éramos hindus.
O que era massa também, cara, eram os macaquinhos que haviam por todos os cantos! Bicho, cê ficava caminhando e eles ficavam passando pelas suas pernas, te atazanando e, claro, fazendo MUITA zuada! Era engraçado como alguns momentos eles não pareciam macacos, já que ficavam em posturas que mais pareciam pessoas normais!
Fofos demais!!
Importante citar que não é permitido tocar neles. Não porque eles queiram proteger os macacos, mas para sua própria proteção, afinal os macacos encontram-se em vida selvagem (cara, a cidade que foi se embrenhando na floresta, não eles que foram em direção às cidades) e um gesto amigável seu de apenas fazer carinho na cabeça dele pode ser interpretado como um gesto hostil. A parada pode acabar MUITO feia (eles andam em bandos) e com a expressão “macacos me mordam!!” fazendo muito sentido!
Esse aqui ja tava de mutuca, meu amigo!
Depois dos Gaths seguimos para uma Pagoda (cara, não sei a tradução disso em português. Pra falar a verdade acho que uma Pagoda em inglês deve ser uma Pagoda em português. É uma construção cônica e sagrada para os budistas). De interessante só que ela foi construída por tibetanos que utilizavam Katmandu como rota comercial no caminho às Índias (sim, meu amigo, eles também tinham os seus caminhos pras Índias :P) há mais ou menos mil anos atrás.
O legal mesmo era só achar a entradinha que levava ao local. Era uma ruazinha MINÚSCULA incrustada entre uma pancada de prédios e casas, bati até uma foto pra depois vocês brincarem de “Onde está o Wally e tentarem achar a entrada.

Obs: Estou nesse exato momento em Portugal, mas me encontro escrevendo sobre os tempos em que ainda me encontrava no Nepal

Perambulando por Katmandu – Parte 1

Cara, como já falei antes, Katmandu mas parece uma cidade medieval. As ruas estreitíssimas e a pouca iluminação te dão a impressão que a qualquer momento você vai dar de cara com o Ricardo Coração de Leão. Devido a isso a cidade respira MUITA história.
Eu e Samanta, decidimos dar um rolê pela cidade, pagar alguns guias (muiiitoo barato, cara. Coisas de cinco ou seis reais pra um tour de umas quatro horas) e sair descobrindo os segredos escondidos por aquela ruas. Vou escrever o que achei mais interessante.
Katmandu e’ caos!!
Lembrar que todas informações que passo aqui me foram ditas pelo guia.
De começo fomos a um templo dedicado a deusa Kali, uma das mulheres do ja famoso Shiva! Nao e’ preciso dizer que Kali tambem esta associada a destruicao, ne? Eu so fico com medo e’ como deve ser um dia nessa casa do Seu Shiva quando a Kali ta com TPM!! Labareda pra tudo que e’ lado, o mundo pegando fogo e um menino com cabeca de elefante MONTADO em cima de um RATO (Ganesh) correndo pra cima e pra baixo!! Nao e’ de se estranhar que vez ou outra Shiva sai pra meditar por alguns milhares de anos!!!
O templo foi construído no ano de 1600 e fica na praça central de Katmandu. Quando voce entra, por todos os lados pode se ver as diversas retratações de Kali salpicadas com tintas vermelhas e amarelas.
Tecla PAUSE
 
As cores vermelha e amarela são bem representativas para os Hindus. A cor amarela serve para representar tudo que é mais sagrado e ao mesmo tempo também representa vitória. Já a cor vermelha é utilizada para proteger do mal e devido a isso (e alguém na sessão de comentários já tinha até perguntado) os Hindus costumam às pintar um circuluzinho entre os olhos com a cor vermelha pra poder protegê-los de maus pensamentos. Por via das dúvidas sempre que eu ia comprar algo, eu comprava na mão de alguém que tinha isso pintado na testa, sei lá, às vezes os pensamentos maus do cara saíam da cabeça dele e ele acabava por não me enrolar.
Ganesh pintado de vermelho e amarelo 
 
Tecla PLAY
 
O templo em si vale a visita devido ao fato de que lá vive uma menina que eles acreditam ser a reencarnação direta da deusa Kali. O mais interessante, e o que eu diria até engraçado, é como eles fazem pra checar se a menina é mesmo a reencarnação de Kali. Ela deve ter por volta de cinco anos e é trancafiada dentro de uma sala do templo pro 24 horas. Se nessa vinte e quatro horas ela não gritar, não espernear e demonstrar bravura, eles tem certeza que ela realmente é a reencarnação e começam a educação propriamente dita da criança.
Kali e Shiva. Reparem na maozinha MAROTA de Shiva, o bonequinho da esquerda! Reparem aonde e’ que ela ta… Segundo o guia essa duas esculturas foram posta na janela desta maneira para deixar bem claro que o amor entre os dois ainda se mantem vivo mesmo depois de milhares de anos.
Gente, acho que vocês não pegaram a situação, É UMA CRIANÇA DE CINCO ANOS TRANCAFIADA POR 24 HORAS!!! Eu fico imaginando a cena da mãe de uma menina dessa conversando com comadres na porta de casa:
– O que a sua filha fez hoje comadre?
– Ah, a minha foi pra escola, hoje tinha aula de pintura.
– A minha foi para a casa das amiguinhas dela pra brincar.
– A minha foi ficar trancafiada numa casa empoeirada de 500 anos atrás com uma pancada de maluco dancando e gritando do lado de fora! Ela vai ficar lá durante vinte quatro horas e nao pode gritar! Se ela e’ deusa Kali ou nao, eu nao sei, eu so sei que nunca mais vai reclamar do quarto dela quando voltar pra casa se ela sair viva dessa!!
Pois é, e você aí achando que admissão no BOPE era “o que é”! Eu queria ver era o Capitão Nascimento passando no “teste do Deus Kali”, meu amigo! Eu fico imaginando a menininha falando pro Capitao Nascimento:
– Tira essa roupa vermelha e amarela que você não é Deus Kali p* nenhuma, você é MULEQUE!!
Depois que a menina passa no, digamos, teste de fogo, ela recebe uma educação apropriada e é tratada como um Deus vivo. Eles até evitam que ela caminhe muito. Depois disso ela sairá do templo apenas 13 vezes por ano e será uma importante conselheira para o governo nepalês. Eu não sei se isso tudo é verdade, quem me falou foi o guia, hehehe.
Andando mais pela praça, fomos visitando diversas construções de diversos séculos. Século XV, XII, X… Mermão, chegamos a ver construções antigas que acredita-se terem sido construidas no século SETE!!! Pra quem não fez as contas, isso é entre os anos 601 e 700 d.C! Sensacional! Dentre as diversas esculturas situadas nesta praça milenar, podemos encontrar algumas esculturas do tão famoso Kama Sutra. Diversos e diversos bonequinhos na parede nas mais variadas posições sexuais que você imaginar. Isso tudo pra mostrar que a depravação já está presente na humanidade há muito mais tempo do que imaginamos…
Praca que acredita-se ter sido construida no seculo VII
Ele também nos mostrou o templo (abaixo) aonde eles, uma vez por ano, sacrificam 180 búfalos e 180 galinhas. Eles fazem isso para poder satisfazer a sede de sangue de Kali e assim não voltar a sua fúria contra as suas famílias.














Uma parada que eu achei interessante que ocorre na India e no Nepal. Assim como pra gente e’ comum voce andar de mao dada com a namorada, nesses paises e’ normal, e nao ha nada de gay nisso, de dois amigos andarem de maos dadas pelas ruas. Isso significa que a pessoa o qual voce esta de mao dada e’ bem proxima a voce. Massa, ne?