Como chegar ao Suriname

Visto

Brasileiros não precisam de visto para poder visitar o Suriname.

Deslocamento

 Não existe nenhuma ligação por terra entre o Suriname e o Brasil. Pode haver como chegar de barco, cortando a Amazônia, mas não vi se era possível e também não vi ninguém comentando, o que me leva a crer que, se existe, não é algo tão difundido assim. Eu fui de avião. Existe uma empresa aérea chamada Surinam Airways, sediada em Paramaribo no Suriname (tchadam!!!) que tem voos diretos de Paramaribo para Belém três vezes por semana. Foi o que eu fiz para ir ao Suriname e também para voltar ao Brasil (já que a Surinam Airways opera voos da Guiana e da Guiana Francesa para Belém com escala em Paramaribo, por exemplo). A empresa é conhecida por ser de péssima qualidade e nenhum dos três voos que voei com eles saiu no horário (o de Belém-Paramaribo atrasou mais de seis horas, por exemplo). Uma curiosidade da Surinam Airways é que, pelo menos ao tempo que vos escrevo, ela não vendia pela internet passagens em que o porto de destino fosse fora do Suriname. Por exemplo, Belém – Paramaribo e Guiana – Belém (com escala em Paramaribo) tive que comprar por meio de uma agência de turismo, a Decolar.com (que me enfiou uma facada de uns 15% do preço da passagem). Já o trecho Paramaribo – Trindade e Tobago, consegui comprar diretamente do site da Surinam Airways. Porque é assim? SDS – Só Deus Sabe!

Outra forma de chegar no Suriname é por terra da Guiana e da Guiana Francesa, o que é bem fácil e tem ônibus saindo toda hora. Conforme já relatei, conheci pessoas que fizeram os dois trechos por terra
Conforme relatei também a Surinam Airways também faz voos diretos para Miami, atendendo uma população que mora ao Norte da América do Sul.

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Mais sobre o Suriname – aprenda mais sobre o país!

Meu anfitrião me explicou que toda a educação no Suriname é pública. E em tempo integral. Fui uma vez com ele deixar os seus dois filhos na escola as sete da manhã e alguém iria pegá-los as quatro da tarde. Ele me explicou que quando você termina a escola pode aplicar para qualquer universidade da Holanda ou dos Estados Unidos que você é aceito. Não sei se todo mundo consegue ser aceito nessas universidades mesmo, mas se um ou outro aluno de escola pública de lá realmente é aceito em programas universitários estrangeiros, é um grande feito. Basta comparar com o Brasil onde o coitado termina sem nem saber ler direito.
Gandhi, no centro de Paramaribo
Banda de música que de representa bem a mistura de cores e raças presentes no Suriname

Outra curiosidade do Suriname é que o atual presidente é um ex-ditador que foi deposto, se envolveu com o tráfico de drogas, foi condenado, porém eleito democraticamente mesmo tendo um mandato de prisão contra ele na Holanda. Dési Bouterse o nome do menino gente boa. Comparando com o Brasil seria mais ou menos se tivéssemos um presidente como o Maluf, que até hoje tem um mandato de prisão nos Estados Unidos. E você aí achando que mensalão é o que há de pior =P

Não prometa voltar. Volte! – diz a placa no aeroporto do Suriname.

Porém, o que mais me impressionou, mais do que o nível do inglês do pessoal, foi como o lema do Suriname “várias culturas, um só país” se faz presente no dia a dia das pessoas. Cara, o Suriname é um balaio de gato. Tem Hindu, Cristão Católico, Cristão Protestante, Muçulmano, Judeu… Todo mundo vivendo um do lado do outro sem se matar. Me impressionou o tanto de igrejas, mesquitas, templos, sinagogas, construídos pela cidade que vive aparentemente sem problema nenhum. Foi o primeiro país que viajei onde muçulmanos me diziam que viviam em paz em um país não muçulmano sem serem molestados por polícia/políticos malucos.
Sempre bom lembrar que até no Brasil as coisas não são tão fáceis para muçulmanos

Igreja Católica
Igreja Presbiteriana
Igreja Batista
Templo Muçulmano
Templo Hindu
O ponto mais simbólico de Paramaribo fica no centro da cidade, onde a principal mesquita do país foi construída, literalmente, ao lado, colada, da principal sinagoga do país. Tem noção desse simbolismo? Judeus e Muçulmanos um do lado do outro, no centro da cidade e sem ninguém jogando pedra no quintal do vizinho. Achei isso muito legal!
Mesquita ao lado da sinagoga no centro de Paramaribo

Bem, acho que ficou claro o quanto fui embora fã do Suriname

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No aeroporto esperando meu voo, escrevendo e tomando uma das melhores cervejas que já provei. Parbo Beer, vale a pena experimentar!
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Suriname – A metrópole e a gloriosa

Outra cidade que eles me perguntavam bastante era Fortaleza. Se Belém é o porto de entrada, Fortaleza parece ser a metrópole! A cidade brasileira que o surinameses mais visitam a negócios. Entrei em algumas lojas em que havia escrito no topo “produtos brasileiros” na esperança de encontrar algum brasileiro, saber como era a vida no Suriname, porém não encontrei. Para não perder viagem perguntava aos vendedores (que eram surinameses) onde eles compravam aquelas peças de vestuários e todos eram unânimes em me falar: Fortaleza. Todos eles pegavam o sagrado voo de Belém e de lá para Fortaleza para comprar suas peças e vender no Suriname. E quem diria que o Norte do Brasil também faz comércio internacional! Perguntava como eles se viraram para poder comprar em Fortaleza, já que no Brasil ninguém fala inglês, como eles mesmo me disseram, e me falavam que só sabiam falar os números e “mais barato, mais barato!”. Uma das vendedoras que eu conversei sobre isso até me impressionou com o inglês que ela falava. Era um inglês suave, elegante. Isso porque ela trabalhava em uma lojinha chinesa que ninguém daria nada a ela.
Nem tudo que a gente exporta para o Suriname é algo de qualidade. Pelo menos não é Kaiser…
Loja de produtos brasileiros

Porém, no Suriname, o que me deixou mais feliz em relação a cidades foi São Luís. Lá foi o único país estrangeiro que já viajei em que o seguinte diálogo não ocorria:
“- De onde você é?
– Brasil!
– Que legal! Do Rio? De São Paulo?
– Não, de São Luís
… (cara de curiosidade)
– É uma cidade no Norte do Brasil – eu já respondo antes que me perguntem onde diabos fica São Luís.”
No Suriname não! Quando eu falava que era de São Luís as pessoas na hora emendavam um “Ah, que legal, São Luís! É perto de Belém, né?”. Caraca, que felicidade! Alguns inclusive já tinham até ido lá a caminho de Fortaleza. Teve até uma vez que eu falei que era de São Luís, mas morava em Brasília. A pessoa entendeu que eu era de São Luís, porém não entendeu porque eu falei que era de lá e morava no Brasil. Daí tive que repetir que eu tinha dito que era de São Luís e morava em BrasÍLIA. Depois que fui explicar que o Brasil tinha uma capital que se chamava Brasília (antes que alguém achasse que a capital era Belém).
É cumpade! No Suriname eles conhecem São Luís, mas não conhecem Brasília! Chupa Centro-Oeste!


No Suriname, assim como na Índia, parece ser uma tradição querer transformar o seu ônibus em uma obra de arte
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Eu sou brasileiro. De Belém? – a pergunta que escutava toda vez no Suriname

Primeira foto, no aeroporto, ao chegar de Belém

Sempre que viajo fora do eixo Europa – Estados Unidos, quando falo que sou do Brasil, a primeira coisa que as pessoas perguntam é: – “De onde? Do Rio de Janeiro?”. Quando muito as pessoas perguntam de São Paulo. Acaba que as únicas cidades que parecem conhecer do Brasil são Rio, São Paulo e, raramente, Brasília.

Redondezas onde fiquei hospedado
O pessoal do Suriname parece viver bem. Foto tirada em casa vizinha ao lugar que fiquei

No Suriname aconteceu algo engraçado! Foi o primeiro país que quando falava que era brasileiro as pessoas perguntavam: – “De Belém?”. Para o Suriname o Brasil começa em Belém! O Pará é o estado que faz fronteira com o Suriname e é onde há voo direto pra lá. Conversando com um motorista de táxi, em inglês sempre bom lembrar, ele me explicou que eu não vi muitos brasileiros porque não fui ao bairro onde eles se concentram:

– Quando você vai lá, parece uma “Little Belém” (uma pequena Belém) – ele me disse.
Esse aqui é um strip club que, segundo um motorista de táxi, era de um brasileiro e se chamava “Bigode”. Passei em frente e fiquei impressionado com a estrutura do lugar. Cara, diz aí! Essa mansão toda para um strip club? Quando passei na frente fui lá e bati uma foto. Rapaz, quando menos me espanto vem um cara correndo e gritando! Era um dos seguranças de lá que só se aquietou quando eu apaguei a foto. Acabou que na volta eu bati essa foto com uma câmera melhor que não dava para ele me ver! Qual é, rapaz, nunca perco uma foto!
Na praça principal de Paramaribo. Aos domingos rola uma capoeira aqui. Até tentei vir para jogar com a galera, mas infelizmente não consegui chegar a tempo =(
Palácio Presidencial

Belém acaba também sendo a porta de entrada dos surinameses para a América do Sul, pois, como eles mesmo me falaram, de Belém você pode pegar um voo para qualquer lugar do Brasil. De Belém para São Paulo ou Rio de Janeiro, podem ir para qualquer lugar da América do Sul. É engraçado pensar que, para nosso amigo médico do post passado, o Suriname era a sua porta de saída da América do Sul e a para os surinameses Belém era a sua porta de entrada. Quem da gente que mora na parte Sul do Brasil iria imaginar que Belém seria um hub tão importante!
Cara, isso é arte! Acredita que no Suriname passa o desenho do Chaves? E em espanhol! Caraca, quando vi que ia passar, fiquei que nem um abestado assistindo e dando risada com os filhos do meu host!
Tirei essa foto no que deveria ser um dos principais fortes de Paramaribo, construído à beira do rio, bem na porta de entrada da cidade. Serviu para proteger Paramaribo de invasores. Hoje parece mais um parque e quando fui hospedava uma galeria de gosto tão duvidoso que se você comprasse algumas peças ganhava até um banner, como na foto aí abaixo!
Essa também eu não esperava. Encontrei um busto do Simon Bolivar no meio do centro de Paramaribo. Apesar de alguns demagogos tentarem se apropriar de sua glória, manchando a sua imagem, Bolivar é um grande herói da América Latina, tendo libertado vários países da Espanha. Só achei estranho encontrar ele em um país de colonização holandesa como o Suriname. Para mim, seria mais ou menos como termos uma estátua de herói holandês no meio de uma praça de Brasília.

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Primeiras impressões do Suriname

O que posso falar do Suriname nesses primeiros dias é que o país realmente me surpreendeu. Imaginava que ia chegar aqui e encontrar um cenário de pobreza em uma cidade desorganizada, como uma viagem na Bolívia, e realmente me surpreendeu como o pessoal parece viver bem por aqui, ainda que só tenha viajado em Paramaribo. Começa pelas casas. As casas aqui são muito legais e até agora não vi favelas ou coisas do tipo. No máximo você vê uma casa caindo aos pedaços, mas nunca casa de papelão ou feita de material reciclado como uma favela. Além disso, as casas aqui não tem muros e a maioria não tem nada demarcando o terreno, que nem as casas nos Estados Unidos, o que me leva a crer que violência urbana não é um problema como no Brasil.

Estou hospedado na casa de um surinamês descendente de indianos. Quatro gerações atrás, seus tataravós mudaram da Índia para o Suriname. Ele é hindu, fala Hindi, o dialeto da região dos seus antepassados, além de inglês, holandês, língua criola do Suriname, espanhol e um pouco de português. Tem dois filhos.

E não é que eles falam inglês?

Aparentemente todo mundo fala inglês em Paramaribo. Mas não é aquele inglês “my name is” não, é um inglês bom mesmo, muita vezes melhor do que o meu. Segundo o couchsurfer que está me hospedando isso ocorre porque o Suriname é um país pequeno e orientado aos Estados Unidos, com todos os seus canais em inglês, portanto as pessoas aprendem inglês meio que no automático. Isso seria simples, se no Brasil também não víssemos só filmes em inglês e ainda assim quase ninguém fala um palavra. Na verdade é até engraçado observar que os filhos do meu host ficam assistindo os desenhos como Tom e Jerry em inglês sem legendas. Acho que essa parada da TV ser em inglês deve fazer algum sentido mesmo. A língua oficial aqui é o holandês que, segundo o meu host, é o mesmo holandês que se fala na Holanda, eles conseguem se entender muito bem.

O couchsurfer que está me hospedando tem uma loja de material de construção e me disse que em Paramaribo é até difícil conseguir alguém para trabalhar para você, pois parece que todo mundo aqui está empregado. Ele mesmo desistiu de contratar alguém para trabalhar na loja e toca tudo sozinho.

Conheci um médico brasileiro que mora no Oiapoque (aí é guerreiro!) e ele me disse que sempre vem ao Suriname porque é mais fácil vir aqui do que viajar para qualquer lugar do Brasil. Diz que só do Oiapoque até Macapá são entre oito a quinze horas de carro dependendo de como estão as estradas, já que na época chuvosa vira um inferno trafegar por elas. Diz que por terra ele cruza a Guiana Francesa, em oito horas está em Paramaribo e daqui ele pode pegar um voo para os Estados Unidos. Engraçado pensar que alguém no Brasil depende do Suriname para poder fazer viagens internacionais, por essa eu não esperava!

País multiétnico

Outra coisa que me deixou impressionado é que quase todos aqui são negros, asiáticos ou… indianos. Sim, os descendentes de indianos são a maioria da população do país formando quase 35% da população. Como ex-colônia da Holanda, há também vários indonésios (que eles chamam de javaneses). Há também vários chineses e muitos brasileiros que vem aqui notadamente devido ao garimpo ou, segundo me disseram, brasileiras para se prostituir. Holandês aqui quase não tem mais. Diz que eles são 1% da população, mas todos que vi aqui são turistas da Holanda que aproveitam para conhecer a Amazônia por um país em que eles não tem que ficar falando inglês para turistar.

Por enquanto essas são as impressões. Vamos ver como tudo vai se sair até eu ir embora daqui.

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Em Belém, na saga do caminho ao Suriname

Há muito tempo atrás, vi uma dessas análises de internet onde se analisava a América do Sul comparando cada país com um personagem do Chaves. Lembro que comparava-se o Godines ao Suriname, pois, segundo essa comparação, ele aparecia tão pouco na América do Sul que quase ninguém lembrava que ele existia. Confesso que comecei a nutrir uma certa curiosidade por lá então.

Resolvi viajar para lá esse começo de Janeiro e já emendar com Trinidad e Tobago, Granada, Barbados e Guiana, já que é tudo um do lado do outro. Comprei minha passagem para Belém, de Belém para Paramaribo, de Paramaribo para Trindad e Tobago…
Meu plano era chegar em Belém por volta das duas e ficar na sala VIP do aeroporto que tem algumas poltronas reclináveis e lugar para tomar banho. As cinco da manhã meu voo saía para o Suriname. Só alegria, tudo certo para o plano.
Até aparecer o porém…
Estadia forçada em Belém
Confesso que fiquei impressionado quando fiz as contas e vi que fazia quase 20 anos que eu não vinha a Belém, apesar de ser uma capital tão próxima de São Luís.
Cheguei em Belém e quando estava indo para a sala VIP do aeroporto pensei: “pombas, essa mochila está muito pesada, talvez fosse uma boa eu ver se conseguiria despachar a minha mochila logo”. Fui ao guichê da Surinam Airways perguntar com quanto tempo de antecedência eu poderia despachar a minha mochila e tenho a minha grata surpresa. Quando chego no guichê, me é avisado que houve um problema no aeroporto de Caiena (onde eu iria fazer uma escala) e devido a isso nosso voo ia atrasar pelo menos cinco horas. Como eu soube? Eles me ligaram? Apesar de terem todos os meus dados, telefone, e-mail etc, não ligaram. Se tivesse seguido direto para Sala VIP só quando fosse despachar minha mala as duas da manhã que eu ia saber que meu voo partiria por volta das dez do outro dia.
Tentei ver se recebia alguma compensação por esse breve atraso de cinco horas, um hotel, um táxi para o hotel, um abraço de boa sorte, alguma coisa, porém foi tudo em vão. Tive que dar o meu jeito e arrumar um lugar para dormir em Belém.
Couchsurfers locais de Belém me passaram um bizú do Hotel Amazônico onde eu poderia me hospedar em um quarto privativo, com ar-condicionado, a 50 reais. Sei lá, parecia barato demais, mas como o Ibis próximo era quatro vezes o preço, resolvi arriscar acordar em uma banheira de gelo sem os rins.
Dos limões, saindo a limonada
Peguei o ônibus e fui em direção a este albergue/hotel que me passaram o bizú e o cobrador foi até gente boa me mostrando onde eu iria descer. Desci e fiquei esperando encontrar um lugar mais ou menos como o quarto assombrado de Fiji. Quando cheguei, pô, o quartinho até que era legal, valia demais o preço que eu havia pagado por ele. Ainda por cima era no centro de Belém.
Cheguei, joguei minhas coisas no quarto e resolvi procurar algum lugar para poder alguma coisa, pois já eram rodados quatro da tarde e tudo que eu tinha no bucho era o café da manhã.
Saí andando e a menina do albergue me indicou um restaurante aqui perto. Cheguei, a comida tava um pouco mofada e resolvi continuar andando.
Lááááááá ao longe vi que tinha uma feira, então resolvi descer para lá porque feira é lugar sempre onde tem comida. Ao chegar e ver os gringos me toquei que estava chegando meio que sem querer no famoso Mercado Ver-o-Peso de Belém. Imaginei que seria aquela coisa turística, mas se é turístico, sempre tem comida, ainda que cara.
Rapaz, quando eu cheguei…
Bicho, o Mercado Ver-o-Peso é um mercado mesmo, do jeito que deve ser. Tudo sujo e com aquela mistura de galera. Rapaz, tinham gringos, brasileiros, brancos, negros, machões, viados, mendigos, velhos, crianças, caras de muleta, pedintes, gordos, fidumaéguas, cornos, gordos fidumaéguas e cornos, paidéguas… o que você imaginar. Uma placa pedindo que as pessoas não mijassem no rio e um somzação com aquela bagaceira comendo. Não teve outra, era lá que eu queria ficar. Mas bicho, parecia mais um sonho.
Puxei um banco de plástico, pedi uma cerveja e fiquei tomando na beira do rio com aquela bagaceira comendo solta. Gente, que lugar lindo.
Quando já estava na minha segunda cerveja, lembrei que havia ido ao Mercado procurando algo para comer e perguntei para a tia o que tinha:
 – Olha, aqui de acompanhamento é só farofa e vinagrete, não tem arroz!
– É bom que faço só o Chibé e não gasto espaço do bucho com arroz.
– Pois então tem em um peixe aqui que é 20 reais a posta e 25 reais ele em isca.
– Uai, tia, qual é a diferença dos dois?
– É que um eu te sirvo cortado e outro você tem que cortar! – respondeu com aquela cara de “mais você é idiota?”
– Pois me traga o de 20 que eu mesmo corto aqui!
Fiquei esperando e pensando que, pombas, 20 reais é um prato de comida em Brasília em um lugar levemente arrumado e não em um lugar daquele onde do meu lado tinha uns bêbados mijando na placa que pedia para ninguém mijar no rio. Mas enfim, tava com fome e ainda por cima ia ser peixe com Chibé!
Fiquei lá tomando aquela cerveja naquele calor de lascar e escutando o brega que tava tocando.
Quando a mulher falou que ia me trazer o peixe, rapaz, sem brincadeira, só faltou trazer no carrinho de mão! Bicho, era uma porção de peixe gigantesca! Depois que a tia foi me falar que aquela era uma porção para duas pessoas (!!!). Não tem jeito, comigo comida não estraga e lá fui eu comer o meu peixe! Que peixe bom danado! E por vinte reais!
Quando terminei de comer o peixe, passou uma daquelas bicicletinhas vendendo cd, com o som no talo e tocando Pablo e foi todo mundo tocado pela sofrência!
Rapaz, a quem estiver lendo isso aqui. Quando eu morrer cavem um buraco no meio do Mercado Ver-o-Peso e me enterrem lá dentro! Quero para sempre viver no meio daquela Patuscada!
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