Viajando pelo Pantanal – uma velha chata e muita confusão

Passeamos a tarde inteira de barco. Depois de um tempo, o guia parou o barco num cantinho pra gente esperar o pôr-do-sol. Cara, que cena linda, viu? É muito da hora ver o sol indo se pôr devagarzinho lááááá atrás do rio e das árvores. Ficamos admirando aquele sol se pondo e então seguimos viagem de volta para o hotel fazenda.
A viagem de volta, rio acima, também foi bem interessante. O guia ia com uma lanterna focando as margens e dentro dos rios procurando alguma coisa interessante. Cara, o que a gente mais via eram muito, mas MUITOS olhos de jacarés por todos os lados. Mas parecia que uma hora ou outra o barco ia passar por cima de um deles, tanto eram os olhinhos que víamos por todos os lugares. Mas o mais legal mesmo não foi nem os jacarés, o mais da hora foi que teve uma hora que o guia pediu silêncio pra todo mundo e começou a focalizar algo estranho do outro lado da margem. Ele foi chegando perto, perto, perto… Quando vimos, era uma onça, descansando, imponente, do outro lado do rio. Cara, muito legal ver um animal assim, no meio do ambiente selvagem. Só que claro, nada podia ser perfeito. Aquela velha, CHATA, ENJOADA DA PORRA, deu tanto escândalo quando o guia começou a chegar mais perto da onça, que ela acabou entrando pra dentro do mato. MISERÁVEL!
Essa foi a melhor foto que consegui bater com minha câmera maravilhosa

Na volta vim conversando com o guia e perguntei se ele não tinha medo desses bichos de dentes afiados que ficavam andando pra cá e pra lá no Pantanal e ele me falou que nunca houve problema. Piranhas vez ou outra mordem as pessoas, mas disse que não é que nem filmes, onde uma morde e aí já vem uma cambada mordendo uma atrás da outra. Disse que vez ou outra elas até mordem, mas que você, apesar de ficar sangrando, dá pra nadar até a outra ponta da margem antes de ser todo comido. Jacaré então, esse sim era bem mais tranquilo. Ele falou que o máximo que aconteceu de um jacaré ir pra cima de alguém foi numa pousada que ele trabalhava antes. Diz que lá tinha um que era meio que de estimação da galera. Todo resto de comida e de peixe eles iam lá e jogavam pra esse jacaré comer. O jacaré, sabendo que ali tinha comida fácil, ficava por ali mesmo. Os turistas então, adoravam, pois o bicho era mansinho e todo mundo ia bater foto com ele. Até que um dia uma turista tava lá pescando e puxou um peixão imenso com o anzol. Rapaz, pra que? Esse jacaré diz que viu esse peixe no anzol, os olhinhos deles começaram a brilhar e lá se danou ele pra correr atrás do peixe. Mas gente, o detalhe, o peixe ainda estava na vara da turista. Rapaz, diz que esse jacaré começou a correr atrás dessa mulher e essa turista começou a gritar desesperada por socorro achando que ele queria comer ela! Diz que o jacaré só parou de correr atrás dela quando ela largou a vara com o peixe no chão. Eu perguntei pra ele o que ele fez quando viu a cena: – “Eu? Eu não fiz nada, fiquei foi só rindo mesmo, pois sabia que o jacaré não estava correndo atrás da mulher, mas sim atrás do peixe”. Isso, a mulher correndo desesperada, achando que ia ser devorada, temendo PELA VIDA e o cidadão dando risada. Vida de guia é uma graça mesmo.

Depois de realizado o passeio e de ter comido como um bicho quando voltei pro hotel-fazenda (cara, esses lugares que você paga um valor e come até morrer, sempre me fazem muito mal), acatei os conselhos que algumas pessoas me deram antes de eu ir pro Pantanal e fui direto pra cama dormir. Por quê? Bem, todo mundo sempre me aconselhou a não perder duas coisas no Pantanal, o nascer do sol e o pôr-do-sol. Bem, o pôr-do-sol eu já tinha visto, faltava agora só o nascer.

E AMANHECE NO PANTANAL

Acordei cedinho no outro dia, por volta de umas cinco da manhã e segui pra ponte que havia logo perto pra poder esperar o sol nascer. O grande problema foi como chegar nessa ponte. Por quê? Cara, como falei, era um hotel fazenda no MEIO do mato e pra poder sair desse hotel fazenda eu teria que sair andando no MEIO do mato. Qual o problema? Rapaz e o medo de uma onça sair do meio do mato e querer me comer? Pode parecer besteira, mas depois de vir ouvindo história de uma onça que comeu uma menina e só deixou o pé de fora e depois de ver com seus próprios olhos uma no meio de um mato IGUALZINHO o que eu iria atravessar pra poder chegar na ponte, aumentava e muito o meu receio de acabar virar comida de felino. Mermão, chega eu ia tremendo que só vara de bambu verde. Pode parecer besteira, mas rapaz, no meio de um mato escuro (sem mente poluída) qualquer coragem se esvai pelos dedos. De qualquer forma, foi tudo bem pra poder chegar na ponte.
Caminhão que quase me mata atropelado

Na ponte, outro problema, onde eu deveria ficar acomodado pra esperar o nascer do sol? Cara, não é besteira, o nascer do sol ia demorar um pouquinho pra poder começar e eu também não ia sair de lá exatamente após o sol nascer, era preciso passar um tempinho por lá. Procurei um pouco e quando estava pra me sentar no parapeito da ponte pra poder esperar o sol nascer eu só escuto FOOOOOMMMMM e lá vem um caminhão que nem um louco. Juro que a primeira coisa que eu pensei foi em me jogar de cima da ponte, haja vista que eu acreditava que REALMENTE ia ser atropelado. Na hora consegui achar um espacinho pro lá e me abriguei do caminhão. Pantanal doido, quando não te mata com onça, quer te matar com caminhão!

Depois do amanhecer no Pantanal, fomos para uma cavalgada. Cara, não sei vocês, mas eu NUNCA havia cavalgado na minha vida. Bicho, é muito interessante!!!! O cavalo parece um carro! Você puxa ele pra um lado, ele vai pro lado que você puxou, puxa ele pro outro, ele vai pro outro! Que nem um volante!! Aí você puxa pra trás, ele para! Cara, que mágico! O legal foi só ficar passeando por aquelas fazendas e poder observar melhor os passarinhos cantando. Tentei até bater foto de uns tuiuiús, mas não deu muito certo.

VOLTANDO PARA BRASÍLIA
Depois de todo esse passeio, era chegada a maldita hora de voltar para casa. Expliquei mais ou menos pro dono do hotel fazenda como era meu plano pra poder voltar pra Brasília e ele fechou de me deixar no lugar que o ônibus em direção a Campo Grande ia parar. Comprou minha passagem e tudo. Rapaz, os caras desse Hotel Fazenda Lontra Pantanal são gente boa mesmo. Super recomendado.
“Curioso” o nome desse lugar, não?
Enquanto esperávamos, ele, pra variar, foi me contando as mesmas histórias que havia por lá e que todo mundo contava: Problemas com o Paraguai e gente sendo atacada por onça. Não precisa eu repetir mais uma vez as histórias que eu já havia escrito. De qualquer forma, foi só interessante ouvir ele me falar que o guia que levou a gente pra fazer o passeio do pantanal, não só falava inglês, como falava espanhol, francês e hebraico. Sim, o cara falava hebraico! Disse ele que tinha guias lá no Pantanal que os caras não sabiam escrever o nome, mas sabiam falar duas ou três línguas tamanha a convivência que eles tinham com estrangeiros desde pequenos.
Peguei o meu busão e segui em direção a Campo Grande.
Cheguei em Campo Grande por volta das cinco da manhã. Meu voo pra Brasília só saía de lá meio dia. Sem problemas, eu já tinha planejado o que iria fazer. Fui caminhando até o centro de Campo Grande e procurei próximo a rodoviária alguma pousadinha onde eu pudesse dormir umas três ou quatro horas e talvez tomar um banho. Sussa, acho que uns 30 reais pra isso estava de bom tamanho. Rapaz, não era tão fácil como parecia.
Cara, eu chegava nas pousadinhas e explicava “Não, eu tenho um voo pra daqui a pouco, só quero tomar um banho, trocar de roupa e tirar um cochilo”, mas bicho, era difícil dos caras entenderem, viu? Rapaz, todo canto só queriam me cobrar diária inteira, 60 reais pra cima só pra eu passar algumas horas lá dentro. Até que… Bem.. até que teve uma única pousada que aceitou me hospedar. O cara falou que fazia um preço camarada e que só me cobraria 20 reais por isso. Beleza, só comecei a desconfiar de que algo não estava de boa, mas tranquilo. Pedi, pra poder dar uma subida e conferir o quarto, rapaz… pra que?
Primeiro que quando eu estava indo pro quarto, no corredor cruzei com uma simpática, digamos, “donzela” bem parecida com a Amy Winehouse. Sim, como essa foto abaixo.
Já comecei a ficar com um pouco de receio de ficar por lá, mas rapaz, depois que eu vi o quarto foi que me deu mais nojo ainda. A Pousada Bonaparte de Maceió parecia um hotel cinco estrelas comparado com aquele muquifo (sim, o lugar era ruim MESMO!). Meu sono até passou nessa hora. Resolvi pegar minhas coisas e seguir pro aeroporto. Ia esperar o avião sem dormir mesmo…
Minha máquina já estava meio que morrendo, então essa é a única foto que consegui tirar do muquifo. Infelizmente saiu tremida e só vi depois
Não ENSISTA, eles só recebem dinheiro lá

Gostou do post? Então curta nossa página no www.facebook.com/omundonumamochila para sempre receber atualizações.
Quer entrar em contato direto com o autor ou comprar um livro? Clique aqui e tenha acesso ao nosso formulário de contato!
Quer receber as atualizações direto no seu e-mail? Cadastre-se na nossa mala direta clicando na caixa “Quero Receber” na direita do blog
Se gostou das fotos, visite e siga nosso Instagram para sempre receber fotos e causos de viagens: www.instagram.com/omundonumamochila

De Bonito para o Pantanal

Na hora que a gente tava saindo, não pude deixar de presenciar essa cena. Um bando de peão tomando cerveja quente escutando o som do carro em frente a pracinha. Cara, esses bichos estão em todos lugares
Inicialmente eu estava planejando gastar toda uma semana aproveitando Bonito. Quando saí daqui de Brasília me parecia que esse tempo não daria pra aproveitar tanto, mas posteriormente pude perceber que estava enganado. Cara, em Bonito você tem que ter foco. Lá existem dezenas, talvez centenas, de atrações e passeios diferentes das mais diversas modalidades possíveis. Lógico, tudo sempre muito, mas MUITO caro. Como disse, você tem que ter foco, você tem que ir pra lá sabendo o que você quer fazer. Por que eu fui pra Bonito (e acredito que a maioria das pessoas vão também)? Eu fui para Bonito pra poder aproveitar aquelas águas de clareza e limpeza indescritíveis. Você tem que ficar o tempo todo com isso na cabeça porque senão você acaba pagando fortunas por passeios que podem facilmente ser realizados próximos de grandes centros urbanos a preços muito mais baratos. Pra que diabos eu vou gastar 350 reais (sem transporte) pra poder fazer uma trilha mais rapel (Passeio da Boca da Onça) se eu posso fazer isso por meros 100 reais (com transporte) em um lugar deslumbrante próximo daqui de Brasília? Pra que diabos eu vou gastar centenas de reais pra fazer um “passeio de bote” de uma hora se eu posso fazer um rafting no Rio Corumbá, que dura uma manhã inteira, por menos de oitenta reais? Cara, são essas coisas que você tem que ter em mente. 213 reais pra fazer flutuação no Rio da Prata? Vale cada centavo, lugar algum no mundo eu vi algo semelhante. A mesma coisa eu digo do abismo Anhumas, que também vale cada centavo dos quase 500 reais do passeio. São lugares que apesar de MUITO caros valem a pena por serem únicos e se são únicos valem um preço exorbitante desses. Agora, pagar 150 reais pra fazer passeio de cavalo, é programa de índio.
Por essas e outras que depois de dois dias vi que não havia mais o que fazer em Bonito. A não ser que eu fosse repetir algum passeio, era melhor que eu fosse embora de lá. Conversando com as pessoas, descobri que existia um lugar q sempre quis visitar e que ficava próximo de Bonito. Onde era? Pantanal! Pombas, onde eu assino? Vamos embora!

De Bonito para Miranda: o “Grilo Falante”

Descobri um carinha que, por módicos 50 contos, te levava de Bonito a um hotel- fazenda incrustado no meio do Pantanal Mato-Grossense. O lugar chamava-se Lontra Pantanal Hotel e eu SUPER recomendo a quem queira ficar por lá. Só pra vocês terem uma ideia, eu paguei 330 reais por dois dias com hospedagem, alimentação e passeio. TUDO INCLUSO! A gente quando tá em Bonito meio que perde a noção de como as coisas são caras por lá =)
O caminho em si também merece ser citado. O motorista chamava-se “grilo” e o cidadão era super gente boa. No caminho fomos conversando sobre histórias recorrentes em zonas de fronteira que aconteceram com ele e com outros amigos que moravam por lá. Ele contou como era quase sempre uma aventura viajar com seu próprio carro pro Paraguai, que poderia ocorrer dos guardas paraguaios inventarem qualquer desculpa pra apreender, ficar com o seu carro no Paraguai e nunca mais você vê-lo. Diz que camionete Hilux então… Outra engraçada que ele contou foi que teve um mês que ele não podia passar em um posto da polícia rodoviária, polícia militar e até polícia ambiental que nego parava o carro dele. Mas era batata. Passou em um posto, paravam o carro dele, davam uma geral e depois mandavam ele ir embora. Diz ele que depois de uns quatro ou cinco dias, sem paciência, foi lá e perguntou pra um policial o que diabos era que eles não paravam de encrencar com ele. O policial foi lá e falou que tinham pego um carrinho igualzinho o dele, mesmo modelo, mesma cor e ainda por cima com um trailerzinho igualzinho o que ele usava pra transportar as malas dos clientes, ABARROTADA de cocaína. Depois disso, ele ficou sem ter um pouco de paz por quase um mês. Essa é a vida na fronteira! 
Falando em outra coisa engraçada, estávamos eu e ele lá proseando e do nada nos ultrapassa um carro: ZUUUUMMMM. Mas o bicho ia embalado, voando baixo. Sabe o que era? Cara, era um carro do Google Street!! Sim, aquele carro que faz o serviço de sair fotografando as ruas das cidades para que vc posteriormente possa ver na internet. O que ele fazia no meio do Pantanal? Isso eu não sei até hoje. Mas enfim, acharam um desses até em Santa Inês no Maranhão.
Ele me contou uma história que ocorreu com uma família que vivia vizinha ao sítio que ele morava. Lá tinha uma menininha que todo dia caminhava um certo tempo até chegar em um ponto onde o ônibus escolar a pegava para ela ir estudar. Depois de uns dias ela começou a falar que quase todo dia quando ela ia pegar esse ônibus, tinha um gatinho que ficava “guardando” ela. Diz que ela só dizia isso: “Papai, tem um gatinho me guardando”. O pai, achando que isso era coisa de criança, nem dava bola. Até que teve um dia que ela sumiu e quando foram procurar por ela só acharam o sapatinho com o pé dela dentro. Foram achar o corpo dela todo dilacerado só algumas semanas depois. O “gatinho” enfim parou de “guardar ela”. Numa região como aquela não podia faltar história de onça…
Bois ameaçadores nos confrontam do outro lado da pista de terra.
Mas o mais engraçado mesmo foi uma mulher que tava viajando que foi, de longe, o destaque da nossa viagem. Cara, sabe uma daquelas mulheres frescas? Mas o estereótipo mesmo? Cara, era a mulher! A mulher era MUUUIITOOO chata! Só pra vocês terem uma ideia, a gente tava indo em direção ao hotel fazenda quando passou um boiadeiro do nosso lado tocando a sua boiada. Rapaz, mas pra que? Essa mulher começou a dar um escândalo… “Ai meu Deus! Ai meu Deus! Olha o tanto de boi! Ai meu Deus! E se eles vierem aqui comer (!!!!!!!!!!!!!!) a gente? Ai meu Deus, socorro!!”. E começou a se desesperar dentro do carro. Eu, como não perco a chance, comecei a comentar com o grilo: “Rapaz, um boi desse tamanho tem força pra virar esse carro, né?” e o grilo respondendo que sim, só de sacanagem. “Rapaz, se um boi desses avança pra cima do carro, a gente capota, né?”. Só de raiva! A mulher, coitada, quase que desmaia no banco de trás! Foi a nossa primeira conversa e a primeira de muitas vezes que eu judiava com ela =)

Largateaaaannddooo

Pantanal!

Desde o primeiro momento em que desci do carro e vi como era o hotel fazenda pude perceber que realmente não ia me arrepender de ter trocado alguns dias em Bonito pra poder ir pra lá. O lugar era realmente BEM DA HORA, super isolado (celular não pegava) e cercado de verde por todos os lados. De início já fui saldado por alguns carcarás (pega, mata e come!) que passeavam tranquilamente pelo hotel fazenda.
Não houve nem tempo de descansar, fui descendo, jogando minhas coisas no carro e já indo pro primeiro passeio programado: subir o rio para poder observar jacarés e outros pássaros. O barco atrasou um pouquinho, daí resolvi que não seria uma má ideia pular no rio e dar um banhada. Perguntei pra dona da pousada se era de boa banhar naquele rio e ela me falou que sim, que era super sossegado. Que o rio só era infestado de piranhas e podia ser que uma hora um jacaré passasse nadando do seu lado, mas que eles eram super dóceis e que não iam dar problemas pra ninguém. Mas assim, com uma naturalidade… “Pode ir meu filho! Tem algumas piranhas assassinas nadando e uns jacarés de dentes afiados passeando, mas tirando isso, nada demais! Eles são dóceis como um cachorrinho de pelúcia”. Acho que ela imaginava que aqueles dentes sanguinários e afiados serviam só deixar as piranhas mais bonitinhas…Não sei você, mas isso não está no rol de informações que eu desejo receber quando estou pra poder ir nadar em algum lugar.

 Ainda fui dar uma nadada, já que ela insistiu que, apesar do rio estar infestado de animais assassinos, ninguém no hotel fazenda nunca teve problemas. Fiquei uns cinco minutos lá dentro, mas não aguentei ficar nadando não. Quem já banhou em rio sabe que quando você fica lá de boa, vários peixinhos ficam te beliscando e dando umas mordiscadas na sua pele, nada anormal. O problema é que quando você está em um rio de água barrenta cheio de piranhas, qualquer mordiscada você já acha que é uma piranha arrancando o seu rim. Lembrei do sábio ditado “Em rio de piranha, jacaré nada de costa”, resolvi sair e ficar tomando banho de chuveiro, que era um pouco mais seguro. O barco chegou e seguimos viagem.
É minha amiga piranha, um dia é o da caça, o outro do caçador. 
Cara, é muito impressionante o Pantanal. É aquilo mesmo que vemos na TV, muito verde, pássaros e muito, mas MUITOS, jacarés. Mas parece uma praga, pra onde você olha tem um jacaré observando pra você! Eles são de todos os tamanhos, mas não chega a ter aqueles crocodilos de quinze metros que você vê na TV não. Eles eram no máximo de um tamanho de um homem adulto. Além de jacarés tinham muitas, mas MUITAS capivaras por todos os lados e ainda outras aves coloridas, além de araras, é claro! Mas o maior destaque vai pra aquela mulher chata que eu havia falado que deu escândalo no carro porque achou que ia ser “comida” pelos bois. Se ela deu escândalo com boi, com jacaré então…
Rapaz, ela tava com uma filinha, uma adolescente de seus 17 anos e que estava super curtindo o passeio. Curtindo assim, tentando curtir, porque essa mulher não parava de reclamar e censurar a menina: “Fulana, sai do sol”, “Fulana, sai de perto da borda que tem um jacaré a 48 metros daqui”, “Fulana, não coloca a mão na água que um peixe vai te comer”. Rapaz, mas aquilo dava raiva, viu? Eu, só de mal, não perdia a oportunidade de perturbá-la! Quando ela começava a falar “menina, tira essa mão da água, só tu tá fazendo isso”, eu ia lá e começava a meter a mão na água, quando o barco passava próximo de uma margem, eu começava a falar “rapaz, acho que tem alguma coisa se mexendo aí nesse mato, vai que é uma onça e que ela pula aqui dentro??!?!” só pra ver a mulher quase se jogando na água. E assim eu ia indo, ela frescando e eu perturbando e morrendo de rir por dentro. Rapaz, mas essa mulher sofreu comigo…
Toda hora que o barco parava eu aproveitava pra dar uma nadada, sempre, claro, mais desconfiado que velha em canoa. Teve uma hora que o guia parou o barco e lááááá do outro lado tinha um jacaré na margem tomando sol. Todo mundo do barco ficou morrendo de medo de entrar na água desse jacaré querer vir pra cima e comer a gente. A chata então… só faltando amarrar a filha dela no banco. Eu, claro, que nunca tive frescuras com essas coisas, aproveitei. Fui lá e pulei na água. A chata ficou falando “Menino, sai daí! Esse jacaré vai acabar te comendo!”. E eu nem dando bola. Rapaz, mas foi esse jacaré sair da margem, entrar na água e afundar pra eu só faltar voar pra cima do barco. Ok, ele tava a uns vinte metros da gente, mas, amigo, um jacaré na água, afundando, água barrenta! Duvido quem não fica com medo por mais que o guia fale que o jacaré não morde a gente!
Vai… nada com um bichinho desses dentro d´água que eu quero ver…

BONITO PARTE II. PASSEIO DE BOTE

No outro dia, tentei fazer dois dos passeios mais famosos de Bonito: o do Rio da Prata e o Rapel na Gruta de Anhumas.

O problema é que, como falei, Bonito estava APINHADA de gente e os passeios de lá, como tem o seu caráter de turismo ecológico, tem um número limitado de pessoas que podem ir. Além de que todos são muito, mas MUITO, longe da cidade e os taxistas (e como todo taxista antes mesmo de ser um ser humano é sempre um GRANDE FILHO DA PUTA) cobram o olho da cara pra poder ir te levar lá (tinha taxista que queria 160 reais pra poder te levar em passeio a 25 km da cidade) acabava que eu ficava dependente de conseguir que as agências de turismo me encaixassem em grupos que já iam em vans ou carros alugados pra eu poder ir (e aqui fica outra dica, se for pra Bonito em mais de uma pessoa, alugue um carro, vai fazer MUITA diferença pra você). Aí eu ficava naquela sinuca, se tinha vaga no passeio, não tinha vaga em carro compartilhado, se tinha vaga no carro, o passeio já tava lotado. Comecei a ficar bem preocupado se eu iria realmente conseguir ir nos dois passeios acima citados. Como no segundo dia não consegui vaga nem carro, resolvi fazer um “passeio de bote” nas águas de alguns dos rios de Bonito. Deixo ênfase no termo “passeio de bote”, pq era só um passeio mesmo, não era um “rafting” como no início eu achava que seria.

Esperava isso

O passeio em si foi bem tranquilo. Passeio de família mesmo, um bando de crianças e pais e rema daqui, rema dali. Foi legal, mas longe de um tipo de passeio que eu tivesse escolhido pra poder fazer quando estivesse viajando sozinho.

Mas foi isso =(
A transparência da água é impressionante

Mas o legal mesmo foi ir pra lá. Como falei, estava sozinho e não tinha alugado um carro. Acabei ficando na mão dos taxistas da cidade (o que não há coisa pior) e sem ter muito o que fazer. Como eles queriam um olho meu adiantado e um olho após o serviço, resolvi levar uma ideia com os mototaxistas da cidade e ver o que conseguiria fazer. Os caras das agências me sugeriam que eu não fizesse isso, afinal o passeio de bote era a 25 km de Bonito sendo que 15km eram só de estrada de terra batida. Pensei: “- Não, que eu sou maranhense, sou macho pra caralho, solto pipa e jogo bola e pá pá pá” e resolvi ir. Falei com um mototaxista e ele me falou que era tranquilo, que era super de boa, que eu podia ficar despreocupado que eu nem ia sentir a viagem. Rapaz…

Meu amigo, os primeiros dez quilômetros até que foram de boa, o resto é que foi aquela montanha-russa! Cara, vou te falar que poucas coisas foram emocionantes como aquele “passeio de moto”, viu? Mermão! A motinha tremia mais que gelatina em tsunami! Pela primeira vez na vida eu senti como uma britadeira se sente. E pensa que o motoqueiro se intimidava? Tava nem aí, o bicho ia era no pau!! Eu ficava de olho no velocímetro dele e nada de ele diminuir a velocidade a menos de 60 km/h. Teve uma hora que eu perguntei se dava pra ele ir um pouco mais devagar e ele me falou que era mais seguro (!!!!!!!!) ir naquela velocidade porque assim a moto não derrapava. Se fosse mais devagar corria o risco da moto derrapar e ambos sermos jogados pra fora da pista! Eita beleza! E o chão cheio de uns pedregulhos imensos, eu ficava só imaginando o que ocorreria se a moto passasse com o pneu por cima de um daqueles, se a gente não voaria longe! Só sei que na ida, quando chegamos, eu quase pedi pra ficar por lá mesmo, tamanho o medo de voltar todo aquele trajeto de moto! De tanto ficar quicando, quase que eu saio que nem essa cena de Chaplin abaixo:

Cara, cê tinha que ver era o tamanho dos caminhões que passavam ao nosso lado levantando poeira pra tudo que era lado!!! Eu até parei uma hora pra bater uma foto, pena que não ficou tão boa…

Caminhão passando do lado da motinha. Se liga no tanto de poeira que levantava

Passeio do Rio da Prata

Quando voltei do bote, fiquei perambulando pelas agências de turismo pra ver se eu conseguiria um passeio melhor. Corre daqui, corre dali, acabou que, milagrosamente, surgiu uma vaga para um dos passeios mais badalados de Bonito, o Passeio do Rio da Prata. Como já falei, foi um golpe de sorte, pois em Bonito quando tem vaga no passeio, não tem no transporte e vice-versa. O cara me explicou que eu havia um grupo com uma van alugada pra eles e sobrara uma vaga que eu iria pegar. Bola na rede, fui dormir.

No outro dia, acordei bem cedinho, umas cinco da manhã e fui o primeiro a ser pego na pousada. Entrei na van e fomos para a segunda pousada. Fiquei naquela expectativa de quem seriam os meus amiguinhos de aventura. Quem iria se divertir comigo! Rapaz, quando eu vi o símbolo no primeiro squeeze que uma tia tava carregando, vi que estava seriamente em apuros. Era um símbolo da CVC. O dia seria longo. De repente, começou a entrar aquela “cambada CVC” dentro do ônibus. Ixi, mas era tia gorda, tiozão de bigode, menino gritando, pagodeiro, enfim, escreva a palavra “farofeiro” no Google imagens e tenha uma noção do tipo de gente que eu tou falando. Viva a nova classe média… Rapaz, seis horas da manhã e o povo já entrava na van gritando, que diabo era aquilo, vai ter energia assim na pqp. Teve uma hora que um cara virou pra mulher dele e falou: – Ai Ivonete, coça as minhas costas aqui. Tou todo me coçando. Juro que na hora me lembrei da foto abaixo:

A van tinha alguns lugares que dava pra você sentar sozinho, sem ninguém do seu lado e do outro lado uma fileira de dois ou três bancos. Sentei em um que tinha um banco do lado esperando sentar alguém legal e assim eu poder conversar e quem sabe conseguir uma companhia pra tomar um chopp a noite, mas tudo o que eu consegui foi que uma gorda sentasse do meu lado e fosse me espremendo a viagem inteira. Bom que na volta eu já aprendi e fui o primeiro a entrar na van pra poder pegar o lugar sozinho. Como não tinha muito o que fazer no caminho, tentei tirar umas fotos do belíssimo nascer do sol que ocorria, mas infelizmente a minha máquina digital era vagabunda.

O pior foi que tinha um tio estilo “pavê para cumê” contando piada a viagem inteira. Se liga em uma:

“Dois amigos estavam caçando no mato. De repente uma cobra veio e picou um dos dois. Ele gritou para o amigo que tinha sido picado e pediu que ele telefonasse para o médico para ver o que deveria fazer. O amigo ligou ligeiro para o médico que lhe disse:

– Enquanto eu estou indo com o soro, você vai e chupa o local da picada que é para tirar o veneno da cobra.

Foi lá correndo onde estava o amigo e tomou um susto quando percebeu que o amigo havia sido picado bem na cabeça do pinto. O mordido, desesperado, foi lá e perguntou:

– E aí? O que foi que o médico disse?

– Uai… ele disse que você vai morrer!”

Eu até ri dessa, mas cara, ele contava dezenas dessas piadas de tiozão e o que mais me impressionava era que o pessoal se encasquestava de rir. E eu lá com aquela cara de “kill me!!”. Mas enfim, o bom foi que a trilha terminou logo!!

Como tudo que havia em Bonito, o passeio é uma bela facada de caro, 213 reais, mas, cara, esse passeio valeu cada centavo gasto nele. Bicho, o que era aquilo? A água, como falei, num nível de transparência absurdamente impressionante, os peixes pareciam que voavam! Quem tiver a oportunidade, não perca a chance de um dia fazer esse passeio! Já fiz vários snorkellings em diversos lugares, mas como Bonito, esse sim, é único.

Os caras cobram 220 reais de passeio e não tem coragem nem de colocar uma rede decente para gente deitar. Isso era de que? Couro de jumento?
Esse era o almoço. Nem salada decente tinha

No final, tinha o mais aguardado, o almoço! Cara, não é por nada não, mas ficar umas três ou quatro horas flutuando e nadando em uma água relativamente fria dá uma fome GIGANTESCA! Saí de dentro d´água já com uma fome gigantesca. Quando cheguei lá pra comer o almoço, apesar de absurdamente caro, deixou muito a desejar, mas enfim, o importante foi que o passeio valeu cada centavo gasto.

Abismo Anhumas

Quando voltei do passeio comecei a criar coragem em enfrentar um desafio ainda maior que o passeio do Rio da Prata. Desafio maior porque era mais perigoso? Mais pesado? Mais tenso? Não, desafio maior pq o preço do passeio era muito, mas MUITO mais caro do que o passeio do Rio da Prata. Se achava que o Rio da Prata era caro, o que falar do rapel no Abismo Anhumas que custava o módico valor de 468 reais POR PESSOA e SEM TRANSPORTE? Pois é, cara, realmente fiquei um bom tempo meditando comigo mesmo se valeria a pena eu espocar uma grana dessas em apenas um dia de passeio. Cara, é muito dinheiro! Conversei com um, conversei com outro e depois de um tempo de indecisão decidi ir. Ah, quer saber? Já tava lá mesmo…

Acabei me decidindo quando conversei com várias pessoas e todas me confirmaram que era um passeio único na sua vida. Cara, pense em uma gruta. Agora pense que essa gruta tem um, digamos assim, um “teto” de 72 METROS DE ALTURA q vc desce de rapel. Dentro da gruta lá embaixo, um imenso lago de águas cristalinas com 80 metros de profundidade, cheio de galerias e estalactites e estalagmites gigantes e com uma visibilidade de dezenas de metros. No final, volta como foi, de rapel, só que dessa vez subindo ao invés de descendo. Cara, realmente vale a  pena. Esse é outro passeio em Bonito que vale cada real, cada centavo, cada pacote de miojo que possa faltar na sua casa após pagar o passeio. SENSACIONAL! Pra melhorar, janeiro era a melhor época pra se descer, já que era o único mês em que ficava um feixe de luz iluminando o lago vindo da entrada de luz no abismo. Posso dizer que poucas coisas no mundo podem ser tão lindas como o que vi naquele dia. Nossa, que da hora! Tem gente que gasta mais do que 468 em um par de tênis ou de sapatos, mas visitar aquele lugar valeu mil vezes esse preço. Lugar único em beleza no mundo.

Feixe de luz que reluzia no lago. Foto tirada da internet

A única parte vergonhosa foi que, como falei, assim como descemos, temos que subir. E como é que sobe? Bem, do mesmo jeito que desceu, pela corda. A diferença é que na descida você tem a gravidade pra te puxar, na subida você que lutar contra a gravidade. Eles ensinam a gente a subir de volta. Você dá uma puxada na corda com os braços e depois com as pernas e se projeta pra cima. Parece fácil, mas cara… Eu tava num grupo com quatro meninas. Bicho, acredita que as quatro malditas subiram de boa e eu quase botei os bagos pra fora? Vergonha…

Descer foi fácil

 

 

Esse sorrisinho foi só no começo mesmo. Difícil foi voltar

Gostou do post? Então curta nossa página no www.facebook.com/omundonumamochila para sempre receber atualizações.
Quer entrar em contato direto com o autor ou comprar um livro? Clique aqui e tenha acesso ao nosso formulário de contato!
Quer receber as atualizações direto no seu e-mail? Cadastre-se na nossa mala direta clicando na caixa “Quero Receber” na direita do blog
Se gostou das fotos, visite e siga nosso Instagram para sempre receber fotos e causos de viagens: www.instagram.com/omundonumamochila

Bonito, Mato Grosso do Sul – Águas Cristalinas – O que fazer por lá

Sempre nutri um grande desejo em visitar a cidade de Bonito. Adoro atividades na água e Bonito acho que seria o lugar perfeito pra poder fazer isso.

Tirei alguns dias de férias e fiz uma das maiores besteiras possível: ir em alta temporada pra uma das principais atrações turísticas do Brasil. Depois explico. Peguei o meu voo para  Campo Grande e por sorte consegui um couch. No outro dia de manhã. Na rodoviária, comprei o meu bilhete e fui obrigado a esperar por um pouco mais de meia hora antes do ônibus poder sair. Como não tinha o que fazer, comi um sanduíche por uma banca qualquer e depois passei em uma agência de turismo pra levantar algumas informações e também passar um pouco o tempo. Quando cheguei lá fui conversar com o atendente e ele já veio com aquele papo: “Ãhn? Indo pra Bonito em alta temporada? Rapaz, é melhor você reservar logo. Tenho um albergue aqui que só tem uma vaga e vai que tu não consegues um lugar pra ficar. Bonito é um lugar muito pequeno e que fica cheio muito rápido, pode ser que tu fiques na rua e pá pá pá… Pega meu albergue, que não sei o que…” e coisas do tipo que eu já estava acostumado. Pensei: “Arf… mais um que tá doido pra passar a perna em mim. Reservar um quarto de um albergue ao dobro do preço, pegar a diferença e fazer uma grana comigo… Sem chance”. O problema era que quanto mais eu conversava com ele, mas ele parecia sincero em me falar que era loucura chegar a Bonito em pleno mês de janeiro sem antes ter conseguido alguma acomodação. Ele parecia como todos canalhas que sempre me enganaram enquanto eu viajava, com a diferença que parecia bem mais sincero.

CHEGANDO A BONITO

Peguei o busão e cheguei a Bonito mais ou menos pela hora do almoço. Como de praxe, em todos locais que já viajei e não consegui achar couch, saí perambulando pela cidade, batendo de pousada em pousada pra ver onde iria ficar. Geralmente, quando viajo, a minha estratégia é a seguinte. Vou a uma pousada que parece bem chique, depois vou na que parece a pior da cidade, vou em uma média e em mais umas outras duas. De posse de todos esses preços, vejo mais ou menos quanto é a média e assim tento achar um preço que eu queira pagar. Pois é… Só tinha um problema, toda pousada que eu batia e perguntava “Tem vaga?” a resposta indubitavelmente era “Não!” e lá ia eu pra outra pousada. E nessa de “tem vaga”, “não”, “tem vaga”, “não”, “tem vaga”, “não”, comecei a ficar preocupado em realmente não achar uma pousada e ter que dormir na rua. Pode parecer que eu estou inventando, mas não, cara, é realmente isso mesmo. Não é que estava muito caro! Era que não tinha mesmo!

Cheguei a Bonito numa quarta feira e realmente não conseguia achar um lugar onde pudesse ficar. Cada pousada que eu passava e não tinha vaga, lembrava do cara da agência de turismo que, pro meu desgosto, dessa vez não estava mentindo. Ainda tentei ir ao albergue que ele havia me falado, mas, no intervalo entre eu falar com o cara da agência e chegar a Bonito, a única vaga do albergue em quarto coletivo foi ocupada. Caminhar, caminhar, caminhar… Até que fui chegando no fim da cidade, em uma estrada de terra que desbocava em uma pousada um pouco afastada da cidade. Fui caminhando e cada vez que chegava mais perto, mais assustadora ficava a pousada. O local era meio caindo aos pedaços, com paredes descascadas, portão de ferro enferrujado e coisas do tipo. Aquela típica casa de filme de terror. Cenário perfeito pra poder achar um quarto barato.

Bati uma foto da pousada para postar no blog

Fui atendido por uma senhora até um certo ponto simpática que e que foi me mostrar os “aposentos”. Cara, que medo viu? Eu juro que eu achei que ela ia me levar pra uma catacumba ou algo assim. Quando desci, que liguei a luz, ela nem acendeu! As luzes estavam queimadas: “Faz tempo que ninguém se hospeda aqui, né senhora?” “Ah sim, mas eu te dou um desconto!”. Rapaz, mas ainda bem que não funcionava as luzes, pq eu teria medo de ver aquele quarto, o banheiro chega tinha teia de aranha pelos boxes. Lógico que não aceitei o quarto, mas depois fiquei pensando que se fossem nos meus tempos de mochileiro se eu não teria ficado lá era de qualquer jeito.

Seus aposentos são por aqui, senhor

Continuei procurando, mas, cara, tava praticamente impossível conseguir um lugar pra ficar. Não é que estava muito caro não, era que não tinha era mesmo! Procurei, procurei, procurei até que por sorte consegui achar uma pousada até relativamente confortável, com um quarto sobrando e com um preço razoável. Cara, eles cobravam 60 reais por dia por um quarto com ar-condicionado, banheiro privativo e cama de casal. Isso seria muito barato pra qualquer cidade turística do Brasil, mas considerando que era Bonito em alta temporada (cara, aquela cidade é MUITO cara em alta temporada!), achei o preço ridículo. Nem tentei barganhar porque realmente era um bom um preço.

No final, a pousada foi boa, mas foi ruim. Foi boa pq eu realmente tive conforto e sempre que entrava no quarto, já ligava o ar-condicionado. Por outro lado, cara, a pior coisa que você pode fazer quando viaja sozinho, é ficar em uma pousada. Você acaba ficando muito solitário. Bicho, toda vez que eu voltava de um passeio, umas cinco horas da tarde, o que me restava era ficar “forever alone” no quarto, lendo os livros que eu tinha salvo no meu Ipad. O albergue era 45 reais, quarto com ventilador, sete beliches no quarto (eu sei que não é necessário falar, mas em um beliche cabem duas pessoas, lembrem disso =P), mas pelo menos eu teria amigos. Além de que me obrigaria a sair, já que quanto mais o seu quarto é desconfortável, mais tempo você quer ficar fora fazendo alguma coisa. Conforto eu tenho em casa. Trocava fácil o desconforto por ter o que fazer a noite, pois pra mim não há nada pior que sentar em uma mesa de bar e ficar tomando cerveja sozinho…

O quarto
Se liga no café da manhã!

BALNEÁRIO MUNICIPAL

Entrada do Balneário Municipal

No meu primeiro dia em Bonito, não me restou muita coisa a fazer. Demorei tanto tempo tentando achar algum lugar pra poder ficar, que acabei por ficar livre só umas três e meia da tarde. Aí já não havia muito o que fazer. Achei que já ia gastar o meu primeiro dia forever alone no quarto quando o dono da pousadinha que eu iria ficar me sugeriu ir ao Balneário Municipal de Bonito. Fiquei meio em dúvida se iria ou não (pombas, a entrada era 20 reais e fechava já 17:00 da tarde), mas depois que ele me falou que trabalhava lá e que poderia me dar uma cortesia, resolvi que iria. Viva o dinheiro público!

Balneário municipal, no site do governo, é assim

Cara, pra quem não sabe o Balneário é o passeio MAIS barato que você consegue fazer em Bonito. Os naturais de Bonito nem pagam entrada, por exemplo. Tá certo que não é aquela coisa ridiculamente barata (só pra vocês terem uma noção, a entrada no Taj Mahal na Índia me custou 30 reais), mas pra Bonito o preço saía quase como um disparate. Resolvi ir. Fiz amizade com um moto-taxi lá que ainda me fez o incrível desconto de um real pra poder me levar e desci pro Balneário. Pois é, cara, pois lá é aquele famoso “barato que sai caro”. Mermão, mas tinha gente, gente, GENTE!! Apinhado de gente pra todo lado! Era farofeiro de um lado cantando pagode, tia gorda caminhando pro lado com a boca cheia de galeto, umas outras garotas de laje pegando sol e por aí vai. Enfim, aquele pandemônio.

Mas na verdade ele é assim

Valeu só pela experiência que pude ter em pela primeira vez poder testemunhar o que é aquela água cristalina de Bonito. Cara, muito lindo! Os peixinhos ficavam bem na superfície da água e dava pra você ver o fundo claramente. Nossa, mas uma piscina não conseguia ficar limpa como aquilo. A imagem era tão clara que até refração não parecia existir por lá. Agora pense, se num lugar, CHEIO de farofeiro, a água era cristalina, imagina como não seria em outros lugares. Sem noção.

Eu fiquei pensando se essa placa quer dizer “Cuidado ao pisar nos degraus” ou “Cuidado pra não pisar nos peixes”. Olha o tanto…
Cara, pode parecer que usaram Photoshop, mas não. A água é cristalina  assim mesmo…

Gostou do post? Então curta nossa página no www.facebook.com/omundonumamochila para sempre receber atualizações.
Quer entrar em contato direto com o autor ou comprar um livro? Clique aqui e tenha acesso ao nosso formulário de contato!
Quer receber as atualizações direto no seu e-mail? Cadastre-se na nossa mala direta clicando na caixa “Quero Receber” na direita do blog
Se gostou das fotos, visite e siga nosso Instagram para sempre receber fotos e causos de viagens: www.instagram.com/omundonumamochila