Semana passada ocorreu o quarto Encontro Nacional do Couchsurfing em Curitiba. Aproveitando-se do feriado, o pessoal de lá realizou um evento bem legal onde centenas de couchsurfers de diversas partes do país puderam se conhecer e se divertir durante quase uma semana em Curitiba. O encontro foi bem estafante e até hoje, uma semana e meia depois, minha garganta ainda sofre as conseqüências de tantas noites de esbórnia.
Couch em Curitiba
Bem, pra começar o post acho que não teria como eu deixar de falar de uma das partes mais legais do evento que foi o couch que pude ficar em Curitiba. Fiquei na casa de Ana Cláudia, uma amiga minha do colégio dos tempos do Maranhão. Cara, foi aquilo que eu chamo de couch cinco estrelas como esse aqui e esse aqui. A Cláudia passava o dia inteiro com a gente, pra cima e pra baixo no carro dela e sempre estava a disposição pra poder ir pra qualquer lugar!
A Cláudia não morava sozinha, ela tinha, digamos, uma “companheira de casa” e que no final sempre era o centro das atenções. Ela se chamava Zaha e era da raça maltês, uma cachorra MUITO fofa e que fazia muita bagunça. Deixar a Zaha solta pelo apartamento era pedir pra casa virar do avesso.
Por último, mas não menos importante, a Cláudia também hospedou uma outra menina durante o meeting. Ela se chamava Larissa e era estudante de medicina, o que foi de muita valia enquanto estivemos em Curitiba. Por que, Claudiomar? Você ou a Claudia passaram mal? Não, nós não, Zaha sim. Mas a Larissa era médica ou veterinária? Bem, deixa eu explicar.
A Larissa é médica e, como todos os médicos devem ser a meu ver, ela tinha um conceito de “nojo” meio que diferente das pessoas normais. Um catarro pras pessoas normais é uma coisa asquerosa, mas pra ela nada mais é do que uma mistura de proteína, água e restos celulares, comum em pessoas que ela um dia virá a tratar quando se formar. Tem que ser assim mesmo, né amigo? Imagina o que seria um médico com nojo de catarro e outros excrementos orgânicos? Eles parecem simplesmente relevar tudo isso. A Larissa foi muito útil nesse ponto.
Bem, teve um dia que resolvemos dar uma volta por uma feirinha de Curitiba e levamos a Zaha pra poder dar uma volta também. E cachorro, ainda mais filhote, vocês sabem como é, né? Sai comendo tudo que vê pela frente. E gente, só uma pausa. Esses cachorros de hoje em dia tão muito fresco, né? Hoje cachorro de madame não pode comer uma carnezinha mais gordurosa que já passa mal. Tem cachorro hoje em dia que não pode mais nem, PASMEM, comer osso porque se engasga. É muita frescura! Essa meninada que hoje passa o dia ouvindo Restart…
Estávamos dentro do carro, já voltando pra casa. Eu e a Cláudia na frente e a Larissa atrás com a Zaha no colo. Sim, se eu enrolei esse tempo todinho pra explicar, você sabe do que eu tou falando. Dali a pouco a gente só escuta um barulhinho: Bleerrrgggghhh!!! A Zaha vomitou tudo o que tinha no estômago em cima da pobre da Larissa. Aí, meu amigo, aí foi banco pra um lado, ração de cachorro de madame pro outro, jantar da noite passada TUDO em cima da pobre da Larissa. Rapaz, pense em alguém que ficou desesperado? Ela? Não, eu e Cláudia ficamos desesperados preocupados com a Larissa e ela só de boa! A gente desesperado pra poder chegar em casa pra menina poder se lavar logo e a Larissa, que tava vomitada, falando pra gente ficar de boa, aquilo era só, cara, eu não lembro como era a palavra que ela utilizava, mas era algo como “Ah gente, isso é só fisiológico!”. Cara, sério! Imagine como seria uma menina, digamos, “normal”? Ela já estaria gritando mais que uma arara tendo os intestinos arrancados! Larissa não, Larissa tava lá, serena!
Além desse teve outro dia que a gente tava em casa se preparando pra sair e resolvemos soltar a Zaha dentro de casa pra poder dar um pouco mais de alegria no recinto. Ela ficou doida pra cima e pra baixo na casa. Como estávamos nos arrumando, não pudemos dar muita atenção a ela. Como cachorro hoje é bicho inteligente, ela pensou que só tinha uma maneira de chamar a nossa atenção. Subiu em cima do meu colchão, próximo ao meu travesseiro e ficou em posição de ataque. Começou a se contorcer e aquele negócio marrom começou a descer de dentro da cachorra! Rapaz, foi um Deus nos acuda dentro do apartamento! “A cachorra tá cagando, a cachorra tá cagando!” – gritava alguém de dentro do banheiro quando Larissa mais veloz que o Papa-Léguas só enrolou a sua mão em um saco plástico de supermercado e colocou embaixo da cachorra no exato local da, digamos, aterrissagem do projétil marrom. Missão cumprida, cachorra amarrada depois disso e eu e a Cláudia impressionados com a coragem da menina! “Ah gente, isso é só fisiológico” – ela repetia seu velho bordão.
Nada mais irônico e apropriado que ela vir de uma cidade que se chamava “Vassouras”.
Dia na feirinha
Esse dia na feirinha foi até legal. Não que eu ache interessante ficar visitando feira e mercado, isso é coisa pra gringo, mas como as companhias eram legais, valia o passeio. No caminho eu tentei bater foto, mas não deu tempo, de uma “pichação” que era comum pelo centro da cidade de Curitiba. Algum figura saiu escrevendo pelas paredes da cidade o endereço do MySpace dele pras pessoas poderem lhe visitar. A que ponto chega uma pessoa no afã de quere ser famoso.
Demos uma volta pela feirinha e depois fomos voltar pra casa. Na hora de voltar pro carro, alguma coisa estava faltando. Chave da casa? Carteira? Juízo? Não, Cláudia deu por falta do carro. Ah, meu amigo, aí começou o desespero. Cláudia começou a se desesperar, o carro fora roubado! E se desespera daqui; liga dali; o carro não tem seguro; ah meu Deus, o que fazemos agora; Fulano no telefone falando pra ligar pra polícia. O desespero tomou conta de todos nós e, principalmente, de Cláudia.
Eu, no meu íntimo particular, também estava um pouco desesperado. Além do fato de Cláudia ter perdido o carro, lembrei que dentro dele eu havia deixado o meu casaco do Brasil. Sim, aquele casaco que vocês já conhecem que está em todas minhas fotos e que viajou o mundo comigo! Se vocês olharem as fotos lá de cima, dá pra ver que ele está em três delas!
Tudo bem, um casaco não tem o mesmo valor de um carro, mas pô, foi o casaco que viajou comigo o mundo inteiro, né? Quando eu o teria novamente? Tinha um valor sentimental meio grande naquela peça de algodão e poliéster. Agora que eu o perdera, eu teria que comprar um outro casaco e dar outra volta ao mundo com ele! E pô, eu pensando em tudo isso, mas não podia nem comentar com a Cláudia, né? Imagina, ela desesperada com um carro e eu preocupado com um casaco? Enfim, Cláudia era a prioridade.
Enquanto o desespero tomava conta do clima, tive uma ideia sublime. Senão genial! Cara, sabe aquela ideia que se fosse na área da ciência lhe valeria um Nobel? Poderia me chamar de Claudiomar Einstein depois dessa. Qual foi a minha brilhante sugestão? “Gente, que tal a gente descer mais um pouco e ver se o carro não ficou mais abaixo?”.
Sim, exatamente como você pensou. O carro se encontrava uma quadra abaixo e meu casaco estava lá dentro. Ela havia estacionado uma rua abaixo e não lembrava… Alívio geral e a constatação que essa juventude anda usando drogas demais…
Obs: Sim, galera, eu vou continuar escrevendo sobre as viagens de volta ao mundo, mas só tou escrevendo sobre outra viagens minhas porque uma hora ou outra esse blog vai acabar e não quero que seja tão rápido…