



Dizem que todo o resto dos roraimenses compram gasolina contrabandeada da Venezuela. O cara arranca tudo do carro, dá um jeito de transformar a sua modesta Belina em um caminhão-tanque por debaixo dos bancos e tenta a sorte atravessando a fronteira de volta cheio de gasolina. Diz que para abastecer em Roraima, você vai em uma casa que vende, sei lá, manga, e diz para o cara que quer gasolina. Ele vai falar que não tem, você tira uma nota de 50 do bolso, fala para ele “dá uma olhadinha melhor” e minutos depois vem o cara com uma cambada de garrafas PET de gasolina nos braços.
SOBRE GASOLINA E SILICONE

Toda vez que entrava nos barcos para fazer passeios pelas ilhas de Los Roques tinha a impressão de que era o único que não tinha silicone no peito. Bicho, é muito engraçado. Vou te dizer que, sem brincadeira, uns 90% das menininhas que vão nos barcos, vão com os peitos parecendo que vão explodir de silicone. Tem umas que mais parece um cabo de vassoura com dois balões de gás hélio. Teve uma outra que, não satisfeita, enfiou também dois baldes de silicone na bunda e ficava andando parecendo uma saúva! Quase que eu cheguei para ela para dar um toque e falar “Filha, na boa, não ficou bom! Tá parecendo duas bolas de boliche!”. Ainda bem que eu ficava a maior parte do tempo com a cara na água vendo corais e peixes.





LAGOSTAS BOLIVARIANAS
Bem, pelo menos mergulhei. E que mergulho!! Consegui ver uma jamanta! Algo que nunca tinha visto na vida! Nadando, graciosa, por duas vezes, bem próxima da gente. Ela estava nadando a menos de três metros de profundidade, portanto se estivesse só fazendo snorkel na superfície conseguiria tê-la visto! Foi tão impressionante! Quando ela apareceu e ficou bailando sobre nossas cabeças todo o grupo de mergulhadores (éramos uns 12), estávamos alinhadinhos em fila a uns 10 metros de profundidade. Depois que ela foi embora, tinha mergulhador a quinze metros, outro a dez, eu a cinco e inclusive um dos nossos ficou tão extasiado que quando foi perceber, já estava com a cabeça quase saindo da água. Inesquecível…

Depois tive que sair mendigando uma carona, até que uma lancha de uma pousada me levou de volta para o povoado.
E ENTÃO…

Na hora que eu fui dormir, o que eu descubro? Que a minha pousada era uma das mais famosas em Los Roques porque a noite ela fervia e rolava uma BALADA em FRENTE AO MEU QUARTO. Seis dias que eu quero frever, a cidade dorme as oito, no dia que eu quero dormir, rola o dia da balada na minha pousada. Ê beleza! Saí do quarto pensando “bem, vamos aproveitar…”. Quando olhei ao redor, lógico, só tinha casal dançando e uma ou outra mesa com uns velhos tomando uísque, não era mesmo a minha noite de sorte.Sem problemas. Depois de mergulhar e testemunhar uma lagosta sendo torturada até a morte, cheguei à pousada umas três da tarde, aproveitei para colocar as postagens em dia e lutar contra a internet. Pensei em dormir cedo para ao menos tentar um bate-volta em uma ilha mais próxima. Na hora do jantar pude perceber porque a pousada era mais cara. Coisa chique, de gente fresca mesmo. O jantar sendo servido ao som de ópera e música clássica. Os talheres sendo postos de uma forma que devia fazer alguma lógica para quem é versado na arte da frescura, com alguns para ser utilizado na entrada, outros no prato principal e o outro na sobremesa. Eu, como não entendia nada, fui pegando do jeito que achava certo.


Como não tinha o que fazer, fui dar uma volta na ilha e qual não foi a minha surpresa ao descobrir que havia uma balada próxima a pousada. Resolvi descer para lá ao menos para poder ouvir um som e qual não é a minha surpresa ao descobrir que tava a galera inteira da minha ex-pousada lá dançando, inclusive os funcionários. Resolvi chegar lá e qual não é a minha surpresa ao descobrir que entre o grupo de hóspedes e funcionários da minha ex-pousada, havia um cara que eu havia conhecido no Rio de Janeiro em um encontro do couchsurfing. O mundo é pequeno mesmo.
EU SEI FAZER O MELHOR
Estava de boa na lagoa na pousada, sem fazer absolutamente nada, só na internet e vendo alguns filmes que tinha no computador. Depois de terminar de assistir a um filme, pensei que não seria uma má ideia se eu desse uma última checada no horário do meu vôo de volta a Caracas. Daí, não sei como, não tenho a mínima ideia de como eu consegui me esforçar a tanto, vi que meu voo na verdade não sairia as 15 da tarde e sim as TREZE! O único problema era que já eram rodadas, uma hora e meia após o meio dia, ou seja, perdi o voo. Corri para o aeroporto para poder confirmar se meu voo não estava atrasado e descobri que esse maldito saiu pontualmente no horário.

Até que, não sei da onde e como, o brother da empresa aérea que eu comprei a passagem me falou que ia remarcar meu voo, me cobrou a quantia astronômica de vinte dólares (!!!!!!!) e me remarcou em outro voo que saía em quinze minutos. Eu realmente não acreditei que isso era verdade, mas fui VOADO para a pousada, pegar minhas coisas e sair correndo pela porta. Quem tivesse de fora até ia pensar que eu tava era fugindo sem pagar a hospedagem. O cara não me entregou bilhete de embarque nem nada, só um cartão de “acesso a pista”.Eu fiquei lá na fila do voo jurando que alguém ia me dizer que foi um erro e eu iria ficar na ilha. Na última hora alguém ia chegar, me ver sentado e me mostrar que aquele assento pertencia a ele. Fiquei que nem aqueles caras do filme Argo que só ficaram tranquilos mesmo quando saíram do espaço aéreo do Irã. Eu só fiquei tranquilo mesmo quando o avião começou a levantar voo. O problema de eu não saber o que fazer com o dinheiro restante que eu tinha estava solucionado.

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