Panamá, parte 2 – Pergunta aí, Juanito

Cara, parece que todo táxi que você pega no Panamá gera uma história maluca. Voltando da balada não foi diferente. Como tava meio cansando ainda da viagem de Nova York e sabia que no outro dia iríamos acordar cedo pra poder ir pro Canal, falei pro Vicent que iria pegar um táxi pra ir pra casa. Ele prontamente se disponibilizou a voltar comigo, mas como não queria matar a noite dele, falei que tava tudo bem, que eu pegava um táxi sozinho e enrolava no espanhol com o taxista caso tivesse algum problema pra chegar em casa.

Anotei o endereço e telefone dele e perguntei se havia um bom ponto de referência próximo ao edifício dele. Nada, só havia uma UNIVERSIDADE colada onde ele morava. Uma UNIVERSIDADE com MILHARES de alunos, logo, na pior das hipóteses, era só falar o nome do lugar (Universidade del Istmo, lembro até hoje. Fica a dica pro leitor pesquisar o que é Istmo na Wikipédia =P) e pedir pra me largar ali do lado. De boa na lagoa, fui pegar o táxi.

O primeiro que passou do meu lado, perguntei se ele sabia onde era meu endereço e ele falou que era de boa. Achei meio estranho, pois além do motorista havia um carona, mas tranquilo, achei que era algo como um táxi compartilhando, algo comum em alguns países. Mas não, depois vi que eles eram amigos, o que me deixou com medo de acontecer algo de errado. De fato aconteceu, não fui sequestrado, mas houve uma dor-de-cabeça semelhante. Em um sequestro pelo menos o cara sabe pra onde tá te levando, não podia dizer o mesmo do meu taxista.

Cara, eu ia pra rua 37. O taxista foi lá e entrou no bairro. Passou a rua 31, 32, 33, 34 e VLUPT, virou a esquerda. Depois ia na 31, 32, 33, 34 e virava de novo. Depois da terceira vez deu vontade de perguntar “Amigo, com licença, mas o senhor tá de sacanagem com minha cara?”, mas preferi tentar conversar com meu Portunhol e perguntar se estava tudo certo. Lógico que não, o cabra tava mais perdido que calcinha em lua-de-mel. Mas não sabia pra que lado tava indo!! Engraçado que ele perguntava pra Juanito, se ele sabia onde era o lugar e Juanito só ficava com cara de pastel, olhando pros lados. Praticamente um Dom Quixote e um Sancho Pança. E vira daqui e vira de lá e ele me perguntava se eu sabia onde era e eu só dizia que era pra ele me deixar na Universidade del Istmo e nada desse cidadão achar! Diacho, o cara era taxista e não sabia onde ficava uma UNIVERSIDADE!!! E ele parava no posto de gasolina e falava “Pergunta aí, Juanito, onde é o lugar” e Juanito ficava com aquela carinha dele de pastel característica, eu que ia lá e perguntava pro frentista onde diabos era essa universidade, explicava pro motorista e lá ia o bicho se perder de novo. E eu dava o telefone do Vicent e ele ligava pro Vicent e o Vicent explicava e ele falava que entendia e ele se perdia de novo e eu já começava a me acostumar com a ideia de dormir na rua.

E lá ia ele… Rua 31, 32, 33, 34 e VLUPT, virava a esquerda. E eu pensando comigo “Rapaz, será se não é mais fácil o cidadão seguir até a 37 e depois virar?”, mas achei que era uma pergunta tão idiota que eu nem me dei ao trabalho de perguntar. Depois de um tempo, resolvi perguntar porque ele não seguia após a rua 34 e ele me explicou que a 35 tava fechada. Daí perguntei porque ele não ia até a 34, contornava a 35 e depois seguia? Ele falou que ele tava tentando fazer isso e Juanito tava tentando explicar como fazer a volta. Eu preferiria confiar no Tiririca gerenciando o Programa Nuclear Brasil do que confiar no Juanito tentando explicar como chegar a algum lugar. Foi aí que eu assumi as rédeas e comecei a explicar o caminho e enfim cheguei em casa pra encontrar o Vicent já na sala quase dormindo querendo saber porque eu demorei tanto pra poder conseguir chegar em casa são e salvo! E tudo isso porque eu queria chegar em casa mais cedo pra poder dormir.

VISITANDO O CANAL DO PANAMÁ

No outro dia, tive sorte. O Vicent já tinha programado de ir visitar o Canal do Panamá pela manhã e eu pude pegar uma carona com os figuras. O Vicent estava bem empolgado, pois dizia que um dos principais motivos que o levava a hospedar pessoas era ter a oportunidade de poder visitar o Canal do Panamá com os guests. Dizia que adorava o lugar porque era o dia inteiro passando navios gigantescos, maquinânimos, faraônicos! Algo fantástico! Inexplicável! Neil Armstrong ficaria menos estupefato ao pisar na lua se tivesse visto o Canal do Panamá antes. Além de que, claro, o Canal do Panamá é uma das maiores obras de engenharias já realizadas pelo homem. Cara, fui super empolgado lá pra poder usufruir da experiência. Bicho! É uma experiência única ir pra lá! Confesso que estava super ansioso.

 

Isso aí, galera, é bem mais inteligente ficar todo mundo em pé em cima dos bancos

 

A única parte legal desse passeio foi ver os marinheiros batendo foto da gente e a gente batendo foto deles de volta

No outro dia pela manhã, pegamos o carro do chefe do Vicent (!!!!!) e seguimos para o Canal. Cara, chegamos lá… Aquelas águas, aqueles navios, aquela infra-estrutura… Pô… que droga! Cara, não tinha nada demais. Era só um canal (que mais parecia um riozinho), uns navios passando, uma pancada de gente em pé numa arquibancada que cabiam todos sentados (!!!!) e um narrador chato que não parava de falar em inglês e espanhol (sabiam que o canal tem 20 variações de peixes? 40 toneladas de areia marrom? 14 espécies de peixes? e dezenas de outras “curiosidades”) que na hora me lembrou a guia do barco em Piaçabuçu. Cara, é isso, nada demais. Achei que ao chegar lá, eles iam levar a gente por um tour, conhecer as eclusas, ver a sala de operações, algo parecido com um tour que respeite e contemple a grandiosidade da obra de engenharia correspondente, que nem um tour por Itaipu, por exemplo. Mas não, era isso, você ia lá, parava em frente a um riozinho e ficava escutando o narrador chato falar um bando de abobrinhas. Aquele negócio, já está no Panamá? Vá ver o canal! Se não, vá embora! Não vale a pena ir para o Panamá só pra ver isso…

Melhor lugar do Canal do Panamá
Vai, parceiro, passa aí mais uma curiosidade…

CAMINHO DE VOLTA

Depois do passeio, seguimos para um lugar onde eu pudesse pegar um táxi para ir ao aeroporto. Paramos um táxi que tava andando por lá e segui caminho. Bem, mais uma vez, se repetiu o script, eu cansado, querendo tentar dormir até o caminho do aeroporto e o taxista não parava de falar. Esse, pra piorar, além de não parar de falar o cara parece que tinha tomado um banho dentro de uma piscina de perfume. Não, mas não era aquele perfume francês não, o cara parece que tinha tomado banho com uma garrafa daqueles perfumes que vendem em garrafa pet de dois litros. Eita diacho, mas ele ainda inventou de ir no ar-condicionado. Eu que não aguentei e falei pra ele abrir o vidro do carro senão corria o risco de eu morrer sufocado.

E lá ia o cidadão. Ele parecia até gente boa, mas não PARAVA de querer falar comigo e eu sem saber falar espanhol, tudo só piorava as coisas. E foi a viagem inteira falando de Ronaldo, Roberto Carlos, Rivaldo e outros asseclas. Aquele aeroporto parecia que não chegava nunca.

Enfim cheguei ao aeroporto e até fiquei com pena do taxista, ele parecia que realmente tinha gostado de mim e ficou triste quando fui embora. Que bonito, fiz mais um amigo, pena que ele não tinha facebook. O ruim foi só pegar a fila pra poder fazer o check-in. O site da Copa Airlines tava dando pau e por isso não consegui fazer o check-in em casa e tive que enfrentar a fila. Cara, não sabia, mas a Copa Airlines, apesar de ser uma empresa internacional, mas parecia uma grande Webjet. Mas juro que eu tava esperando eles servirem amendoim no avião (se bem que a Webjegue hoje não serve nem água)… Ow esculhambação! Outra curiosidade, o Panamá não cobra visto ou taxa de entrada para ingressar no país. Porém, se você passou mais de 24 no Panamá, tem que pagar uma módica taxa de saída de QUARENTA DÓLARES!!! Deve ser desses quarenta dólares que eles tiram o dinheiro pra construir aqueles prédios gigantescos! É, parceiro, malandro é o cavalo-marinho que finge de peixe pra não puxar carroça. Pelo menos cheguei vivo em casa e nem fui parado na Receita =)

Olha onde estão os 40 dólares dos pobres desavisados que deixam o Panamá
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Panamá – O país, não o canal!

Eu realmente não imaginava que algum dia iria visitar o Panamá. Na verdade, até nutria uma certa curiosidade pelo lugar devido ao Canal do Panamá, mas nada que me levasse a viajar pra lá só pra ver isso. No final, fiquei relativamente satisfeito de poder visitar sem pagar nada, só por causa de uma escala monstruosa da Copa Airlines que tive de fazer na volta de Nova York.

Orla da Cidade do Panamá

 

Cara, vou te dizer, viagem perdida não foi. Acabou que essas 20 horas que fiquei em solo panamenho realmente foram bem intensas e bem legais. Pra começo de conversa, o que mais me impressionou quando saí do aeroporto, a caminho da casa da pessoa que iria me hospedar pelo Couchsurfing, foi o tamanho dos prédios na orla da Cidade do Panamá. Cara, eles são MUITO altos! A primeira cidade que lembrou quando cheguei por lá foi Hong Kong devido aos arranha-céus que havia desde o caminho do aeroporto até o bairro do meu brother. Não parece que você está em um país pobre da América Central, mas sim em Doha ou alguns daqueles emirados árabes podres de rico pelo petróleo. Depois fui me lembrar que o Panamá é um paraíso fiscal, por isso tanta grana passeando por lá. No meu ver, o Panamá é um país que se sustenta basicamente em rendas do Canal do Panamá (que dá MUITO dinheiro), da Copa Airlines (uma das maiores empresas aéreas das Américas, por isso o Panamá ser um hub tão importante na América Central), um porto gigantesco e falcatruas de suas benevolentes e flexíveis regras fiscais. Pode parecer que não, mas um dos grandes motivos da Suíça ser podre de rica é que durante muito tempo eles se mantiveram com dinheiro roubado de outros países.

Acaba que o Panamá é uma representação de um país que nós conhecemos bem. Aqueles bolsões de riqueza margeados por áreas gigantescas de pobreza. Toda a renda sendo gerada e revertida na capital e o resto do país tentando de alguma forma sobreviver. Cara, você fica impressionado com o tanto de carrões e camionetes que passam quase que te atropelando pela Cidade do Panamá.

 

Comida regional no Panamá

 

Peguei o táxi e, graças a Deus, o meu taxista sabia onde ficava o endereço que eu ia. Combinamos uma bela tarifa salgada de 20 dólares e ele foi me levando pra lá. Aqui cabe outro parênteses, o Panamá não tem moeda própria. Eles utilizam o dólar americano e o país só cunha moedas de centavos, ou seja, de um dólar pra baixo, a moeda é o Balboa (não, brother, não é o Rocky Balboa, mas sim um importante navegador que explorou o Panamá). Dez centavos de Balboa valem exatamente dez centavos de dólares, o que me levou a deduzir que eles devem cunhar essas moedas por ser mais simples do que trazer centavos de dólar dos Estados Unidos. O país em si também é MUITO americanizado. Várias expressões do inglês são utilizadas no idioma local e a comida também é bem semelhante (o dia inteiro eu SÓ comi cachorro quente, que basicamente era uma salsicha gigantesca com um pão e mostarda em cima, do jeito que americano adora), isso deve ser reflexo de todo o tempo em que os Estados Unidos mandaram de fato no Panamá (inclusive a o Panamá pertencia a Colômbia e ficou independente sob patrocínio dos Estados Unidos que queriam fazer o maldito canal).

Uma moeda de Balboa

 “AIRE A JANTA”

No caminho percebi que o taxista tava muito a fim de conversar. Ele não falava inglês e eu não falava espanhol. Resultado? Portunhol! Pode parecer que não, mas cara, é MUITO difícil se tentar falar espanhol quando você não tem domínio. Você entende tudo que o cara fala, mas ele não entende bulhufas do que você responde. Acabou que o caminho inteiro o cara foi só falando “Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo” e eu só sorrindo. Depois de uns dez minutos, quando aqueles edifícios majestosos começaram a aparecer, ele parou o táxi no posto e falou alguma coisa como “Vou aire janta!”. Cara, sabe quando você fica sem reação olhando com aquele cara de “eu não acredito nisso”? ou “mas que cara folgado!!”. O bicho simplesmente ia me deixar no carro enquanto ia parar no posto e… Jantar! “Claro, taxista, pode ficar a vontade, eu nem tava querendo chegar logo no meu destino mesmo…”. Fiquei lá, olhando ele descer e calibrar o pneu! Uai, primeiro ele calibra o pneu e depois ele come? Não! “Janta” em espanhol do Panamá é PNEU! Ele disse que tava indo colocar “ar no pneu” e eu entendi que ele tava indo “para a janta!”. Falsos cognatos malditos…

MEU COUCH. ONDE FIQUEI HOSPEDADO

 

Vista para o metrô da janela do apartamento

O bicho morava DO LADO do canteiro de construções do metrô. Até aí tudo bem, né? Morava do lado do trabalho, não tinha que se deslocar muito… Só tinha um detalhe, o canteiro era 24 HORAS!! E fazia barulho, mas fazia BARULHO!! Queria entender como os vizinhos conseguiam dormir com toda aquela barulheira. De boa, era um quarto só pra mim e ele realmente era uma pessoa agradável, então, de boa, couch super da hora. Ele até me preparou um jantar quando cheguei =)
Fui hospedado por um francês super gente boa. Ele se chamava Vicent e tinha um sobrenome parecido com “Castle” (castelo em inglês), que ele acabou adotando como apelido. Ele era engenheiro e morava no Panamá porque foi contratado por uma empresa europeia pra trabalhar no primeiro metrô do país, o que o deixava bem orgulhoso por “estar prestando um serviço a sociedade” =) ! Ele recebia um bom salário pra morar lá, além de que o aluguel do apartamento era por conta da empresa. Uma preocupação a menos. Depois acabei deduzindo que o apelido dele não era Castle porque o sobrenome dele era semelhante à palavra, mas sim porque o apartamento que ele morava era GIGANTESCO, quase um castelo!! Era um desses trabalhos legais, que eles contratam engenheiros europeus recém-formados e com disponibilidade de viajar.Ele tinha alguns amigos, todos engenheiros e franceses, claro, e aproveitamos pra sair a noite. Na noite, nada demais a acrescentar, só que foi muito parecida com as noites que saí em vários países pobres. “Primas” para todos os lados tentando vender os seus serviços para gringos velhos gordos e nojentos e uma galera super da hora bebendo cerveja bem barata. Foi legal, no final. A galera foi sentando em uma mesa, eu saí pra ir no banheiro e quando voltei vi que o Vicent falava com alguns outros amigos na mesa. Sentei no meio e comecei a conversar com todo mundo. Depois de uma hora que eu fui descobrir que “os amigos do Vicent”, na verdade era só um cara que ele tava falando e que metade da mesa que eu tava conversando não era amigo de ninguém e eu cheio de intimidade. Viva o mico gratuito!

MÁFIA

Entre os amigos do Vicent, havia um italiano que morava em Barcelona, o único não-francês e não-engenheiro. Ele era formado em Filosofia e, como todo bom morador da Espanha, tava desempregado. Tava dando uma volta pelo Panamá para, veja você, conseguir um emprego. A coisa tá realmente bem ruim na Espanha. Depois de conversar um pouco, descobri que ele era proveniente do sul da Itália.

Comendo comida regional no Panamá com o Castle e o amigo italiano que eu não lembro o nome

Ele me explicou que a máfia hoje, não é mais aquela máfia dos filmes, com pessoas se executando no meio das ruas e balas por todos os lados. Isso só ocorre quando eles estão disputando diferentes territórios. Na verdade, é de interesse deles que pessoas não morram e assaltos não ocorram para que assim a polícia fique longe. A calmaria é a aliada dos seus negócios. Hoje em dia cada máfia é especialista em um nicho, algumas em tráficos de mulheres, outra em tráfico de imigrantes, outras em tráfico de drogas, outra em construção civil (comprando contratos do governo que nem aqui) e por aí vai. Mas uma coisa é certa, todas precisam lavar o seu dinheiro e é aí que mora o problema.Não sabia, mas, segundo ele, a máfia ainda é muito forte na Itália e na Europa como um todo. Aprendi bastante sobre o tema com ele =)

Os tentáculos da máfia são espalhados por vários setores diferentes. Eles pegam o dinheiro que obtém de forma ilegal e o investem em negócios lícitos por toda a Europa como supermercados, hotéis, lojas de conveniência, gerando, veja só, empregos e renda por todo o continente. Dessa forma a própria economia acaba por ficar dependente da máfia. Em regiões como a dele, a maioria dos negócios são pertencentes a máfia e com isso ou você trabalha para os bichos, ou vai embora, ele foi pra Barcelona. Formado em filosofia, conseguiu de alguma forma trabalhar como gerente de uma empresa, chegando a chefiar um grupo de 50 pessoas, mas, como já falei, foi engolfado pela maré da recessão espanhola e agora estava no Panamá =)

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