Couch em Katmandu

Galera, antes de comecar o post propriamente dito, gostaria de fazer apenas algumas consideracoes. Desculpem pelo “sumico” desses dias, mas e’ eu estava viajando de Cairo pra Jerusalem e “aprendi” na marra algo da cultura israelense que atrasou bem de muitao minha chegada em Jerusalem. Digamos que eu levei 48 horas pra viajar uns 500 km, mas isso eu explico depois. So pra voces terem uma ideia do que eu estou falando, Helena, minha amiga que vai me hospedar na capital da Cisjordania (ela nao e’ couchsurfer, e’ uma amiga minha do tempo de UnB) chegou ate a checar se nenhum brasileiro tinha sido preso na fronteira de Israel, heheh.
Enfim, vamos comecar o blog:
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Meu couch em Katmandu foi uma experiência absurdamente interessante e agradável. Fiquei na casa de um nepalês e sua família e o cara foi gente boa demais. Ele foi aquilo que chamo de “couch cinco estrelas”. Ele morava numa casa de três andares e o andar de baixo era todo e exclusivamente para os couchsurfers que ele hospedava. Eu e a Samanta tivemos um quarto só pra nós dois com camas, TV, internet etc. Além de que as três refeições também eram garantidas. O único problema do couch foi que ele não entregou as chaves da casa pra gente (talvez por ele ainda estar começando a hospedar pessoas. Diga-se de passagem é bem mais comum você encontrar pessoas no couchsurfing que te dão as chaves da casa do que o contrário. Não ficar com as chaves de casa é bem incomum), logo tínhamos que voltar pra casa antes da meia noite.
A primeira noite que eu e “coração gelado” ficamos hospedados foi engraçada. Ela tava que tava doida pra tomar uma cerveja, porque falou que tinha que experimentar uma cerveja do Nepal. De tanto me falar que queria tomar uma cerveja e encher o meu saco pra eu ir (sim, ela utilizou a velha, porém sempre eficaz, tática do “mas eu sou uma menina”. Tal qual as brasileiras e a Taíze), acabou me convencendo a sair pra comprar uma pra ela. Lá fui eu, Claudiomar Filho, onze horas da noite ficar perambulando pelas ruas estreitas e medievais de Katmandu à procura de uma quitanda que vendesse uma cerva. Depois de quase uma hora peruando pelo bairro acabei achando uma vendinha aonde haviam várias cervejas diferentes. O único problema era que não havia o preço delas no balcão, logo, com certeza, o cara iria me cobrar duas ou três vezes o valor correto. Já tava tão de saco cheio de ficar rodando mais que cachorro que caiu da mudança que acabei pagando o preço que o cara me pediu, provavelmente duas vezes mais cara, mas ainda bem barata.
Ensaquei a cerveja e me taquei pro caminho de casa. Depois de trinta minutos na escuridão total (não, não há iluminação pública em grande parte das ruas de Katmandu, assim como em Phnom Penh no Camboja) acabei achando a nossa bendita casa. Dei dois toquinhos na porta e a Samanta veio abrir a porta feliz que só mosquito em campo de nudismo. Quando eu fui entregar as cervejas pra ela a mina só faltou me bater:
– Claudio, mas você comprou cervejas que precisam de um abridor de latas para abrir!!! Como a gente vai abrir agora?
Pergunta pertinente para um maranhense impertinente. O imbecil aqui não tinha reparado. Lembrei de uma técnica, que aprendi há MUUIITOOSSS churrascos da Nadar atrás, que não necessitava de abridor de latas. Era só colocar a tampa da garrafa de cerveja na quina de uma mesa e dar umas porradas que a tampa voava. Não precisa falar que deu errado, né? Mermão, a primeira porrada que eu dei na mesa, voou pedaço de madeira pra tudo que foi lado! A mesa não agüentou a pancada e a garrafa ficou ali inteirinha e, claro, com a tampa na boca. Cara, só sei que depois dessa ficamos eu e Samanta, sentados no sofá e olhando pra aquelas duas garrafas de cerveja em cima da mesa TAMPADAS que nos diziam assim:
– Seus primatas imbecis! Depois de 10 milhões de anos e de evolução vocês construíram aviões, carros super-velozes e computadores, mas hoje, eu, uma rudimentar garrafa de cerveja, mostrei pra vocês que os seus cérebros não passam de dois amendoins! Vocês vão dormir com as gargantas secas e ainda por cima com o orgulho ferido.
Eu sei que essa foto aqui nao tem nada a ver com o post, mas e’ que eu fiquei devendo a foto que eu tirei com os cachorros na rodoviari… digo… no aeroporto de Katmandu!!
Mermão, e foi nessa. Ali estava, Claudiomar Filho, quatro anos em Relacoes Internacionais, Samanta, quatro anos de graduação em Nutrição, olhando praquela garrafa de cerveja como dois cachorros numa quitanda sem poder pegar o galetos que giram em seus fornos. De que vale se o Neorealismo de Waltz prega que as grandes corporações ou organizações internacionais não são atores tão importantes no cenário internacional como os Estados Nacionais? De que vale Weber pregar que o Estado é a única instituição que detém o uso legítimo da força? De que vale Fukuyama defender que estamos no fim da história e que não existem alternativas viáveis à democracia liberal? De que vale saber que o ciclo de Krebs libera 35 ATPs quando quebra as glicoses no seu sangue? Naquela noite nosso mundo e nossas mentes estavam concentradas naquela garrafa de cerveja que, com uma singela tampa na boca, teimava em nos desafiar! Nada disso poderia nos ajudar a lutar contra uma simples e rudimentar garrafa de cerveja que a cada segundo que passava ficava menos gelada, aumentando consideravelmente o nosso desespero! Todos os nossos anos sentados em bancos de universidade foram em vão por aquela noite! Penso, logo existo! Não destampo, logo sou humilhado!
Depois de diversas tentativas com isqueiros, garfos, chaves, quinas de camas etc. resolvemos nos render e fomos acordar o nosso host implorando por um abridor de latas.
No final dormimos com as cervejas tomadas e os orgulhos destruídos.
Dica do blog? Visite mais os churrasco da sua universidade e aprenda todos os truques que seus amigos mais “descolados” sabem fazer. Isso pode fazer uma diferença danada numa viagem de volta ao mundo.

“Coração gelado”, minha companheira de viagens na Índia e no Nepal

Como já havia dito antes consegui uma parceira de viagem que, por quase três semanas, ficou viajando comigo. Como explicado a conheci em uma festinha do Couchsurfing em Deli. Samanta foi uma grande companheira. Cara, a gente se divertiu muito juntos, rimos e ficamos injuriados de cada loucura que ocorreu com a gente. Fiquem ligados nesse nome que você ainda vão rir bastante de várias coisas que ocorreram com nós dois.

Logo de começo, eu já a apelidei de “coração gelado”. Pra quem não lembra, “coração gelado” era o nome do vilão principal do veeellhooo desenho “os ursinhos carinhosos”. Por que eu a apelidei disso? Rapaz, porque ela era a contra-balança perfeita pro papai aqui. Eu sempre fui muito “mão aberta” e “bom coração” com as pessoas que me prestavam serviços pela Ásia. Pô, cara, às vezes o cara me prestava um serviço, ficava dirigindo uma hora pra mim e no final o preço era lá, cinco ou seis reais. Eu ia lá, ficava com pena e dava um ou dois reais a mais. Rapaz, isso não é nada, né doido? Pombas, o que é um ou dois reais pra gente? Mas se você parar pra pensar eu ia lá e às vezes dava mais do 30% o valor do serviço ao cara só de gorjeta! Quando eu via o sorriso do cidadão quando eu dava essa mixaria pra ele, quando eu pensava que essa graninha a mais ia ser levada para o filho dele ou pra família dele, eu me sentia tão bem, saca? Me sentia tão mais leve! Me sentia fazendo uma boa ação e meio que comprando minha vaga pro céu (se você pensar , é uma pechincha comparado ao preco cobrado pela Igreja Universal).

Ah mermão, mas depois que eu comecei a viajar com “coração gelado” as coisas mudaram perfeitamente. Pra ela não tinha conversa. Se a parada tinha dado um dólar e meio ela dava dois dólares e pedia o troco. E “ai do cara” se ele não devolvesse. E não adiantava ele implorar!! Quanto mais ele implorava, mais ela gritava e xingava o cidadão!!! No começo eu ficava com pena e falava pra ela parar com isso.

Pô, doido, teve uma vez que a gente pegou uma charretinha pra voltar do centro de Katmandu pra casa. Não era que a charretinha era movida a motor de moto (como na Tailândia) ou a cavalo, ela era movida a TRAÇÃO HUMANA! Em outras palavras! O cara colocava nós dois lá dentro e ia pedalando LADEIRA ACIMA!! Imagina, doido?? Você pedalar uma bicicleta com três pessoas por meia hora e ainda por cima subindo ladeira? No final o cara foi lá e cobrou 35 rúpias, o que dá menos que um real. Samanta, não se fez de rogada, deu 50 rúpias e pediu os 15 de troco. E nem adiantou o cara chorar!

O tiozinho, apesar de ter saído sem a gorjeta dele, ainda foi embora feliz! Se liga na charretinha, doido!! Como é que não da vontade de dar uns dez reais pra ele depois que ele te deixa em casa??

Esse foi o dia que mais me deu pena. Depois desse dia eu até fui falar pra ela:

– Samanta, pelamordedeus, porque tu és desse jeito? Pelamordedeus, tu és coração gelado até demais! Eu tenho é pena dos teus filhos depois!!

– Ah, Cláudio. Você que é muito besta! Se você for bonzinho com esses caras ele te roubam até te deixar sem as calças. Quando eu cheguei aqui eu era que nem você, queria ser gente boa com todo mundo. Na primeira cidade que cheguei paguei 300 rúpias por uma corrida de táxi que deveria ser 50 e OITOCENTAS rúpias pra um guia que deveria receber CEM (e ela ainda pagou uma cerveja pro guia como “agradecimento” por ele ter sido tão gente boa com ela). Depois disso tudo, hoje não deixo passar nem 10 rúpias.

Lembrei do nosso amigo espertão de Deli, fiquei imaginando os caras tomando cachaca com minha grana e depois desse dia eu realmente comecei a ficar feliz de estar viajando com “coração gelado”.

P.s: Eu já tava indo pra cama agora pra dormir, mas resolvi postar logo o post de hoje. Pra falar a verdade eu fiquei foi ate com medo! Mermao, na sessao de comentarios do ultimo post, neguinho so faltou foi me ameacar de morte se eu nao postasse hoje!! Eu que nao abra meu olho!!

P.s2: O post antes desse fechou com 28 comentarios. 19 +9!!! Medo desse numero, cara!!

P.s3 (Um dia depois. Pra falar a verdade, apenas OITO horas depois): Mermao, eu fiquei impressionado com essa galera!! Neguinho nao perdoa!! Pombas, fui dormir aqui caindo de sono e acabei fazendo uma soma errada. Caraca, geral ZUOU demais comigo!!! Hahaha. Isso é que dá se preocupar com os leitores e postar logo pra nao deixar ninguem esperando (chantagem emocional mode on).

P.s4: Cumpade, tou postando aqui de um Imac e ainda por cima em ALEMAO!! Caraca, tou me sentindo heroi demais! Só pra deixar a galera mais por dentro do que eu estou falando, o Imac nao tem Windows e o teclado é todo trocado!! Ainda por cima tá TUDO EM ALEMAO!!

P.s5: Ri MUITO do comentario do “Fugindo da Rotina”, viu?? Hahahaha. Nao “Fugindo da Rotina”, nao cheguei a checar se a “Coracao Gelado” tem os pezinhos quentes nao, viu?? Hahahah.

P.s6: Sera se consigo chegar até o P.s19?

P.s7: Tou em Viena agora mas me encontro escrevendo sobre o Nepal.

P.s19: Abracos maranhenses

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Nepal – Como tirar visto e como chegar

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O Nepal é um pequeno país encurralado entre dois gigantes, China e Índia. Tem uma população de 28 milhões de habitantes e possui um dos menores índices de desenvolvimento humano de toda a Ásia. Os nepaleses tiveram a sorte de possuir em seu território ninguém menos do que o Monte Everest, o que valeu ao país o apelido de teto do mundo. Só a título de curiosidade uma de suas maiores arrecadações provém da cobrança por permissões para escalar picos situados em seu território. Segundo o cara que me hospedou em Katmandu, só a permissão pra escalar o Everest custa por volta de 5000 dólares! Isso sem falar no que você tem que gastar com guia, carregador de bagagens etc.

 

Eles possuem como moeda corrente a rúpia nepalesa (1 dolar/ 68 rupias nepalesas enquanto estive por la) e impressionantemente consegue ser um país mais barato do que a Índia. Possuem como capital a interessantíssima Katmandu, uma cidade que encanta desde a chegada ao aeroporto (o aeroporto mais parece uma rodoviária. Tem cachorro pra tudo que é lado!). Katmandu foi uma experiência única e com certeza um local que deve ser visitado por qualquer pessoa antes de morrer.
Katmandu
 
O visto pro Nepal pode ser tirado no aeroporto. Se você for ficar apenas por três noites, não há necessidade de pagar pelo visto. Eu acabei pagando porque ia ficar por uma semana. No Nepal visitei a cidade de Katmandu e Pokhara. Rolou algo interessante e engraçado enquanto estive por lá. Ao chegarmos no aeroporto, nós quatro fomos logo trocando as nossas rúpias indianas por rúpias nepalesas. Quando chegamos à casa de câmbio, SUPRESA!, era proibido trocar ou sequer portar notas de 1000 ou 500 rúpias indianas. P-R-O-I-B-I-D-O. Diaboéisso, doido?? Tu sabe lá quanto dá isso? 1000 rúpias indianas valem extraordinários 50 dólares!! Depois eu fiquei me perguntando o porque de um país proibir a circulação de notas de “tanto” valor como essas! Depois fiquei pensando: – “Deve ser pra impedir lavagem de dinheiro. Imagina, o cara limpa a conta dele e enche a maleta de notas de 1000 ou 500 rúpias indianas! Mermão, mas é tanto dinheiro!! O cara enche a mala de dinheiro, a mala fica com mais de 500 quilos e no final ele tem por volta de 1000 reais lá dentro, hehehe.” Mas pior que era assim mesmo. Não teve jeito, tive que ficar com as notas de rúpias indianas que tinha e acabei tendo que trocar alguns dólares americanos.
Outra parada que achei interessante e engraçado no Nepal foi em relação ao fuso horário. Eu passei a vida inteira achando que fusos horários eram divididos SEMPRE de hora em hora. Não interessa se o país é fronteiriço ou não, quando você cruza a fronteira obrigatoriamente você muda o relógio em uma hora. Qual não foi a minha surpresa ao descobrir que alguns países na Ásia aplicam diferenças de fuso horário de 30 minutos. Agora, qual não foi a minha surpresa que a diferença de fuso horário entre Deli e Katmandu é de QUINZE MINUTOS!! Hahahahah… Vocês já tinham ouvido falar nisso? Sim, quando você chega em Katmandu você é obrigado a mudar o seu relógio em quinze minutos!! Alguém já tinha OUVIDO falar nisso? Mermão, demorou DEMAIS pra eu me tocar dessa diferença, já que se você vai pra outro país em que a diferença de fuso é de uma hora, quando alguém marca contigo às 4 e tu chegas às 5, tu se toca logo que teu relógio tá errado. Agora, se alguém marca contigo às 4 e tu chegas às 4:15, tu achas que chegou no horário e ninguém reclama que chegaste atrasado. Hehehe.
Doido, né?