A primeira noite que eu e “coração gelado” ficamos hospedados foi engraçada. Ela tava que tava doida pra tomar uma cerveja, porque falou que tinha que experimentar uma cerveja do Nepal. De tanto me falar que queria tomar uma cerveja e encher o meu saco pra eu ir (sim, ela utilizou a velha, porém sempre eficaz, tática do “mas eu sou uma menina”. Tal qual as brasileiras e a Taíze), acabou me convencendo a sair pra comprar uma pra ela. Lá fui eu, Claudiomar Filho, onze horas da noite ficar perambulando pelas ruas estreitas e medievais de Katmandu à procura de uma quitanda que vendesse uma cerva. Depois de quase uma hora peruando pelo bairro acabei achando uma vendinha aonde haviam várias cervejas diferentes. O único problema era que não havia o preço delas no balcão, logo, com certeza, o cara iria me cobrar duas ou três vezes o valor correto. Já tava tão de saco cheio de ficar rodando mais que cachorro que caiu da mudança que acabei pagando o preço que o cara me pediu, provavelmente duas vezes mais cara, mas ainda bem barata.Ensaquei a cerveja e me taquei pro caminho de casa. Depois de trinta minutos na escuridão total (não, não há iluminação pública em grande parte das ruas de Katmandu, assim como em Phnom Penh no Camboja) acabei achando a nossa bendita casa. Dei dois toquinhos na porta e a Samanta veio abrir a porta feliz que só mosquito em campo de nudismo. Quando eu fui entregar as cervejas pra ela a mina só faltou me bater:
– Claudio, mas você comprou cervejas que precisam de um abridor de latas para abrir!!! Como a gente vai abrir agora?
Pergunta pertinente para um maranhense impertinente. O imbecil aqui não tinha reparado. Lembrei de uma técnica, que aprendi há MUUIITOOSSS churrascos da Nadar atrás, que não necessitava de abridor de latas. Era só colocar a tampa da garrafa de cerveja na quina de uma mesa e dar umas porradas que a tampa voava. Não precisa falar que deu errado, né? Mermão, a primeira porrada que eu dei na mesa, voou pedaço de madeira pra tudo que foi lado! A mesa não agüentou a pancada e a garrafa ficou ali inteirinha e, claro, com a tampa na boca. Cara, só sei que depois dessa ficamos eu e Samanta, sentados no sofá e olhando pra aquelas duas garrafas de cerveja em cima da mesa TAMPADAS que nos diziam assim:
– Seus primatas imbecis! Depois de 10 milhões de anos e de evolução vocês construíram aviões, carros super-velozes e computadores, mas hoje, eu, uma rudimentar garrafa de cerveja, mostrei pra vocês que os seus cérebros não passam de dois amendoins! Vocês vão dormir com as gargantas secas e ainda por cima com o orgulho ferido.
Eu sei que essa foto aqui nao tem nada a ver com o post, mas e’ que eu fiquei devendo a foto que eu tirei com os cachorros na rodoviari… digo… no aeroporto de Katmandu!!Depois de diversas tentativas com isqueiros, garfos, chaves, quinas de camas etc. resolvemos nos render e fomos acordar o nosso host implorando por um abridor de latas.
No final dormimos com as cervejas tomadas e os orgulhos destruídos.
Dica do blog? Visite mais os churrasco da sua universidade e aprenda todos os truques que seus amigos mais “descolados” sabem fazer. Isso pode fazer uma diferença danada numa viagem de volta ao mundo.



