Cheguei, negociei com o garçom se ele trocava um dos dois pedaços de carne por uma porção de arroz e ele, meio que sem entender, aceitou. Juro que meu prato ficou que nem o da foto abaixo.
A noite eu tava tão baqueado de não ter tido uma cama para dormir nas últimas 30 horas que tudo o que consegui fazer quando cheguei ao albergue foi desmaiar na cama. No outro dia tinha que chegar com duas horas de antecedência para pegar o voo, já que antes de voar para Galápagos você paga várias taxas diferentes e tem a sua bagagem inspecionada, o que leva algum tempo. Depois disso, só alegria!
GALÁPAGOS
A semente para minha viagem a Galápagos foi plantanda durante a minha viagem a Los Roques.Lá mergulhei com um cara que havia sido mergulhador durante alguns bons anos em Galápagos e fiquei fascinado com as suas histórias de jamantas de sete metros, cardumes de tubarões martelos e tubarões-baleias e outros seres fantásticos. Pensei que o meu próximo ponto de mergulho iam ser nessas ilhas.
Comprei a passagem aérea com algumas milhas que haviam me restado, como já expliquei, e comecei a procurar como fazer a minha viagem a esse Eldorado do mergulho. Primeira coisa que descobri era que essas ilhas boas para mergulho eram bem afastadas das principais ilhas de Galápagos. Logo, se quisesse me deparar com os relatos do mergulhador, deveria ter que pagar um cruzeiro que iria navegar pela noite para chegar lá. Era impossível fazer uma viagem ida e volta das ilhas principais no mesmo dia, o pacote mais curto era de oito dias. Ironia da vida, eu havia comprado uma passagem para passar sete dias em Galápagos. Não sei se no final fiquei triste ou não com isso, haja vista que o cruzeiro mais barato custava a bagatela de 4.000, reais?, não, DÓLARES!!! Tá certo que não é uma grana impossível de juntar, mas com certeza iam me custar algumas outras viagens. Mas, como todos diziam, era uma viagem para uma vez na vida.
O problema era que todos os outros cruzeiros já começavam na casa dos 2500 dólares. Isso sem mergulho de cilindro nem nada, cinco dias e só os passeios e a comida no navio. No final, acabei seguindo o conselho de um amigo de uma amiga que me sugeriu um cruzeiro em um barco com um nome sugestivo “Encantada”. O negócio devia ser encantado mesmo, porque enquanto todo mundo cobrava acima de 2500 dólares para cinco dias, o barco cobrava 1500 dólares para seis dias. Só a metade do preço. Fiquei um pouco preocupado com isso, mas é difícil possuir bom senso e pensar racionalmente quando se há 1000 dólares em jogo. Ainda que servissem pedra nas refeições, valeria a pena era bom que eu emagrecia…
BARCO ENCANTADA
Fomos ser pegos no aeroporto pelo guia do barco. No caminho fui conhecendo o pessoal que ia viajar comigo. Todo mundo gringo e, tirando a tripulação, eu era o único latino do barco. Já no porto, quando íamos pegar o bote para poder ir ao barco, já começamos a ter uma noção do que era Galápagos. Havia leões marinhos por todos os cantos, mas assim, todos os cantos mesmo. Na escada que dava acesso aos botes tinham dois dormindo, o que nos obrigava a desviar.
A galera toda, lógico, curtindo e batendo fotos dos leões e todo mundo curioso para saber qual seria o nosso barco. A gente foi passando pelos barcos e só observando. No caminho alguém foi lá, apontou e disse: – Nossa, ia ser engraçado se nosso barco fosse esse. Enquanto todos os outros barcos eram gigantescos, pareciam iates mesmo, novinhos em folha, o que ela apontou parecia um barco pesqueiro velho em direção ao ferro velho. Rapaz, mas foi a menina terminar a frase pro bote virar pro lado e a tripulação vir nos dar as boas-vindas no barco que ela tinha dito que ia pro ferro velho. Mas, cara, sério, parecia cena de desenho animado.
Mil dólares mais barato, mil dólares mais barato… – era o mantra que eu repetia em minha cabeça ao subir no barco enquanto eu pensava porque eu sempre na minha vida tenho que ser tão mão-de-vaca!
UMA SEMANA BRINCANDO DE CRISTOVÃO COLOMBO
A única parte que eu achei ruim mesmo foi só o fato de ficar seis dias embarcado, cara, é ruim demais. Ficar uma semana embarcado em um transatlântico, é de boa, você sente como se tivesse em casa, mas o barquinho da gente era muito pequenino e balançava demais! Não tive enjoos, mas a noite, quando o barco efetivamente viajava entre as ilhas e entrava em mar aberto, rapaz, o que era aquilo!!! Sério, a primeira noite você acha que vai morrer e só falta pedir uma corda para amarrar você em sua cama! Sem brincadeira, parecia uma montanha-russa de forma que nem do lado de fora do barco a tripulação gostava que a gente ficasse, pois eles ficavam com medo de, em um momento de desatenção, alguém fosse jogado para fora do barco. TENSO!! Além disso, como disse, o barco era bem pequenino, os quarto eram minúsculos e o banheiro, sem brincadeira, devia ter uns dois metros quadrados. Chega uma hora que você meio que enche o saco de ficar apertado o dia inteiro. Se bem que, quando desembarcávamos, tudo isso era esquecido.