Granada, volta para Cuba!

 O legal de viajar para essas ilhas perdidas no meio do mar é que você não sabe de nada e de repente descobre bastante coisa sobre o lugar. Granada foi assim. Granada para maioria das pessoas é aquela bomba usada em guerras. Mas não, Granada tem história para caramba!
Visão do quarto que consegui alugar
Primeiro que como toda ilha da América Central ela já foi espanhola, holandesa, francesa, inglesa, quase americana etc. Parece que era esporte ver quem conseguia tomar a ilha.

Segundo que, cara, Granada já recebeu uma invasão de peso dos Estados Unidos na década de 80 e eu nem sabia disso. Tudo começou quando foi fundado em Granada um partido parecido com o PT aqui do Brasil. Ele surgiu da fusão de movimentos sociais, sindicatos e outros setores representativos. Ao contrário do PT, que depois se tornou um partido com tendências mais sociais-democratas, o partido de Granada manteve a todo momento o seu caráter socialista.

Depois de um tempo deram um golpe no governo e Maurice Bishop assumiu como presidente. Ao contrário do que se poderia imaginar, ele, apesar de se dizer socialista, trabalhou para tentar transformar Granada em um importante destino turístico, mantendo o respeito à propriedade privada e buscando uma aproximação com os Estados Unidos.

Lógico que a turma do “José Dirceu granadino” não gostou nada dessa história e deu um golpe dentro do golpe alegando que Bishop não era um socialista de verdade. O retirou do poder e o aprisionou. Como Bishop tinha uma popularidade danada, o povo foi lá soltá-lo. Depois de solto ele foi novamente recapturado e, para dar menos problema dessa vez, foi fuzilado junto sua mulher e seus apoiadores mais próximos em um quartel em Granada.

O povo, lógico, não gostou nenhum pouco dessa história, porém, após algumas escaramuças, o novo governo conseguiu se manter. O novo presidente estreitou ainda mais os seus laços com a União Soviética e, claro, Cuba. É lógico que tudo o que os Estados Unidos menos queriam era outra Cuba na América Central, ainda mais com o posicionamento estratégico de Granada. O novo governo, para tentar apaziguar os ânimos e continuar com a política de atração do turismo iniciada por Bishop, resolveu construir um novo aeroporto para a ilha já que o passado estava sobrecarregado e não tinha mais como expandi-lo. Contratou uma empresa canadense para iniciar a construção que depois foi transferida para uma empresa inglesa.

Titio Reagan, que via simpatizante comunista até na bandeira vermelha do Mcdonalds, ficou doido, jogou água no chope dos granadinos e começou a questionar porque uma ilha que, veja você, estava querendo investir no turismo precisava de um aeroporto confortável para receber as tias gordas e aposentados endinheirados dos Estados Unidos. Ora, que viessem nadando! Titio Reagan começou a alegar que aquilo era um plano maligno do Foro de São Paulo para dominar o mundo, quer dizer, que aquele aeroporto estava sendo construído para receber aviões militares de carga (!!!!) da União Soviética para servir como um entreposto estratégico para alimentar futuras revoluções e sublevações na América Latina com o apoio de Cuba! Não, não tou brincando, alegaram isso mesmo!

Não adiantou o Canadá e a Inglaterra alegarem que, beleza, a gente pode sair caçando comunista em qualquer lugar, mas aquilo já era ridículo demais. Não adiantou um representante do Congresso Americano ser enviado ao aeroporto em obras e constatar que sim, tudo indicava que aquilo seria um aeroporto civil. Não adiantou nada disso. Titio Reagan tava com um estoque de balas sobrando e um bando de militares entediados, então pensou, se não tou fazendo nada aqui mesmo, vou ali invadir uma ilha no Caribe.

Reuniram uma força militar americana com apoio de outros países caribenhos, a maior movimentação americana desde a Guerra do Vietnã, e surraram os comunistas granadinos. Só a título de comparação, Granada inteira tem quase 90.000 habitantes enquanto os Estados Unidos tem uma população 3.500 vezes maior e levaram quase 8.000 soldados. O presidente foi deposto, preso, julgado por um tribunal financiado pelos Estados Unidos e condenado a morte, o que depois foi comutado para prisão perpétua.

No final, sim, o aeroporto foi construído e hoje é o principal aeroporto de Granada. O nome do aeroporto? Maurice Bishop!

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