Sobre Bangladesh, a ex-Índia muçulmana.

Cara, é complicado a gente ouvir falar de Bangladesh no Brasil. Diga aí, o que vem a sua cabeça quando alguém fala Bangladesh? Nada, né? A única coisa que eu lembro de Bangladesh é uma música que chama Bangladesh e que tocou bastante lá em São Luís quando eu era criança.

Além disso, me vem a cabeça Muhammad Yunus.  Esse cara é um banqueiro de Bangladesh que ganhou um Nobel da Paz. Sim, um banqueiro, a raça mais odiada de todo o mundo. Mas por que então deram um Nobel para o cara? Então, porque o banco dele era especializado em microcrédito. Isso meio que revolucionou Bangladesh. Mas assim, quando se fala em microcrédito, é micro mesmo. Começou quando ele emprestou do bolso dele 27 dólares. Para uma pessoa? Não, para 42 MULHERES (ou seja, 62 centavos por mulher), que conseguiram iniciar um negócio com essa graninha e ainda pagaram a ele depois. Com juros. A questão é que em zonas muitos pobres, por mais baixo que possa ser você emprestar uma quantia, isso pode ser o suficiente para que a pessoa possa deslanchar alguma coisa. Tem até um site na internet onde você pode emprestar pequenas quantias em dólares para pessoas do mundo inteiro: https://www.kiva.org/. Vi gente lá na Libéria que pedia, sei lá, 10 dólares para comprar sabão e começar a poder lavar roupas para fazer um dinheiro. A taxa de inadimplência é baixíssima. Vale a pena dar uma olhada no site https://www.kiva.org/

Mas Bangladesh é mais que isso. Começa que o é o país com maior densidade populacional do mundo (bem, tem umas cidades-estados e arquipélagos que tem maior densidade, mas nenhuma delas chega sequer a um milhão de pessoas). Pensa que Bangladesh tem quase a população do Brasil em um território de METADE do tamanho do Maranhão.

Durante sua história ele foi meio que ligado a Índia, inclusive era parte do India Raj, a imensa colônia que a Inglaterra fez na Índia. Com a independência da Índia, os muçulmanos ficaram com medo de ficar vivendo em um país de maioria hindu, então convencionou-se criar um país independente onde os muçulmanos seriam maioria. Como as maiorias muçulmanas eram nos dois extremos, acabou-se por criar uma Índia imensa no meio e dois países muçulmanos nas pontas.

A questão é que a única coisa que ligava os bengalis aos paquistaneses era a religião, de resto eles não eram nada parecidos. Mais ou menos como comparar portugueses com russos. O Urdu, língua oficial do Paquistão, era a língua oficial do novo país e, obviamente, o povo de Bangladesh não gostou nada disso. O país já iniciou mal das pernas e, como o Paquistão detinha o poder, sugava recursos da parte Leste, onde hoje é Bangladesh, que já era uma região ferrada. Com essa sugada, então, se ferrava mais ainda.

Não demorou alguns anos e a parte Leste começou a lutar pela independência separando o país em Paquistão e Bangladesh. Como Índia e Paquistão sempre estiveram em pé de guerra, a Índia começou a apoiar a independência de Bangladesh.

Apesar de depois da independência da Inglaterra o pau não ter quebrado em Bangladesh como quebrou entre Índia e Paquistão, a coisa ficou feia quando Bangladesh quis ficar independente do Paquistão. O Paquistão bombardeou civis com Napalm, destruiu universidades matando estudantes e intelectuais. Lideranças políticas bengalis começaram a ser presas e fuziladas pelos paquistaneses. Teve um general paquistanês que ficou famoso por sair pelas cidades e vilas mandando que os homens tirassem a roupa. Se fossem circuncisados, portanto muçulmanos, eram interrogados, se não fossem, portanto hindus, eram mortos no ato. Mais de 10 milhões de pessoas fugiram para campos de refugiados na Índia durante a guerra de independência.

No final, depois da independência ficou um país destruído, pobre e miserável. Pelo menos sem um outro país para parasitar as suas reservas.IMG_4471IMG_4474IMG_4484

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Bandeira do Brasil pintada, lá atrás, no meio das ruas de Bangladesh

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