Depois que passei por El Salvador e Nicarágua, viajei de Manágua, capital da Nicarágua, para Forte Lartedeaule para encontrar a Bruna. De lá pegamos um cruzeiro pela América Central. Como já mencionei algumas vezes, cruzeiros são uma das melhores formas de visitar países que eu não quero passar muito tempo, haja vista que eles me economizam gastos com voo e hospedagem e até mesmo com alimentação. Bem, basta você comer bastante no navio antes de sair (sim, meio que encher o tanque), descer, passear no lugar e depois só comer quando voltar ao navio novamente.
Bem, eu e Bruna nos encontramos e seguimos para o nosso cruzeiro. A nossa primeira parada foi em Cozumel, ilha que eu já havia visitado há 10 anos atrás em 2015 e por isso não vou postar sobre, e depois descemos em Roatán, o principal ponto turístico de Honduras

Mas antes vamos entender sobre a história do lugar

História de Honduras
Honduras, localizada no coração da América Central, tem uma história marcada por civilizações antigas, conquistas coloniais e turbulências políticas. Antes da chegada dos espanhóis, o território hondurenho era habitado por povos indígenas, com destaque para os maias, que deixaram vestígios impressionantes em sítios arqueológicos como Copán. Em 1502, Cristóvão Colombo desembarcou na costa atlântica de Honduras durante sua quarta viagem às Américas e logo depois os espanhóis iniciaram a colonização, subjugando os povos nativos. O país conquistou sua independência da Espanha em 1821, junto com outras colônias da região, passando por diversas configurações políticas até se tornar uma república autônoma.

Durante o século XX, Honduras ganhou notoriedade como uma “república das bananas”, expressão usada para descrever países onde empresas estrangeiras, especialmente norte-americanas, controlavam grande parte da economia, sobretudo por meio da produção e exportação de banana. Esse domínio econômico externo, somado a golpes militares, instabilidade política e pobreza crônica, moldou uma parte significativa da identidade contemporânea hondurenha. Apesar disso, Honduras é um país com uma cultura rica, forte presença indígena, tradições caribenhas e um povo hospitaleiro que dá seu jeito para desenrolar a vida, basicamente como em toda América Latina onde a gente vai levando a vida do jeito que dá.

Já Roatán, uma ilha localizada no Caribe hondurenho, tem uma história à parte. Colonizada inicialmente pelos espanhóis, a ilha foi posteriormente tomada por piratas e corsários ingleses, servindo como base estratégica para ataques à frota espanhola. No século XIX, Roatán chegou a ser formalmente administrada pelos britânicos, e até hoje grande parte da população, principalmente os descendentes de escravizados, tem o inglês como primeira língua. Hoje, Roatán é o principal destino turístico de Honduras, famoso por suas praias de areia branca, águas cristalinas e recifes de corais que fazem parte do segundo maior sistema de barreira de corais do mundo. Ao contrário do continente, onde os problemas sociais são mais visíveis, Roatán vive do turismo e da vida marinha, com um ritmo próprio, bem mais tranquilo e voltado para os visitantes que chegam em cruzeiros ou aviões pequenos buscando um pedaço do paraíso no Caribe longe da violência que assola Honduras.

Ao descermos em Roatán o primeiro problema foi que o porto era bem longe de qualquer resquício de civilização, então para ver alguma coisa da ilha ficamos refém do pior tipo de ser humano que existe neste planeta: os taxistas. Saímos andando da região do porto para a estrada e fomos tentar achar um táxi. Negocia daqui, negocia de lá, chora daqui, eles choram de lá, conseguimos um bom preço e chegamos a West End, a melhor praia de Roatán para poder nadar e ver os peixes. Depois conversando com uns guias, fiquei feliz quando descobri que paguei para o taxista quase o preço que um local pagaria para fazer o mesmo trajeto. Aí foi só orgulho. Valeu a pena chorar.

Como é a vida em Roatán
No caminho para West End (que deu quase uns 40 minutos) fomos conversando com o taxista e já entendendo a dureza que é a vida dos hondurenhos que vivem por lá. Na verdade, todo hondurenho local que eu pude conversar me falava o tanto que a vida em Roatán era dura. Pelo o que eu pude entender, era ainda pior que a vida do pessoal que mora em Fernando de Noronha. Cara, as casas da maioria da galera da ilha e também os comércios (que não estavam relacionados ao turismo) era bem precários. Mas assim, ruim mesmo, pobre, meio que caindo aos pedaços. A galera lá vive no fio da navalha.

Conversando com um local, eu descobri que a ilha só foi ter luz elétrica em 1991. Luz elétrica, cara. Eu perguntei para o local como era e ele falou: “Cara, era maravilhoso, a gente vivia superfeliz. Hoje em dia que é ruim, porque falta luz e a gente fica sentindo falta.”

Como a ilha vive a base de turismo, tudo por lá é cotado em dólar, inclusive para os locais. Então tudo lá é caro, MUITO caro. O preço da gasolina era quase o dobro do preço cobrado no continente hondurenho. Então você imagina como é viver em uma ilha onde tudo é dolarizado e os salários são bem baixos. Pelo que entendi muita gente tem empregos normais como vendedores em lojas, em comércios, coisas assim, mas quando um navio de cruzeiro chega, a ilha meio que para. Todo mundo corre para atender os turistas do navio e aí é um salve-se quem puder. Quem tem carro sai fazendo táxi, quem pode faz uma banca na frente de casa e vai vender souvenir, fruta, comida… Quem pode, oferece massagem, serviço de guia e por aí vai. Todo mundo sai para se virar. Imagina? É um navio com, literalmente, milhares de pessoas que ganham em dólar descendo na ilha do dia para a noite. É simplesmente uma loucura. Infelizmente não descem navios todo dia. Na baixa temporada, que foi a que eu fui, são 2 a 3 navios por semana. Na alta, de 4 a 5. Roatán também tem um voo internacional que recebe voos diretos do Canadá, Estados Unidos e até de alguns países da Europa. Segundo um taxista que eu conversei, a maioria são de turistas que conheceram a ilha por meio de cruzeiro, gostaram e depois resolveram voltar para ficar mais tempo.
Assim como várias ilhas caribenhas que eu visitei que são partes de países latinos, Roatán também é cheia de negros, resquícios da época que a ilha era de propriedade da Inglaterra. Os negros geralmente pareciam se dar um pouco melhor que os latinos porque eles têm inglês como a primeira língua. Inglês eles aprendem em casa e aprendem espanhol na escola, então saem bem na frente dos habitantes que falam espanhol quando é para tratar com turistas americanos e europeus.
Visitando a praia de água cristalina

Quando chegamos à praia pudemos ter ideia de como os preços por lá são exorbitantes. Mas, bem, a praia era pública, então a gente encontrou um cantinho com sombra, pusemos nossas coisas e fomos fazer snorkeling. Mas quando falo um cantinho, era um cantinho mesmo, cabia uma pessoa na sombra. Uma pessoa sentada. Depois vimos que os guias levavam todo mundo para lá para não pagar por cadeiras nem guarda sol. Mas acabou que lá era o melhor lugar para nadar e ver os peixes também.
Cara, a água lá era tão cristalina que dava para você, literalmente, ver peixes mesmo sem estar com o rosto na água. Assim que chegamos já existia um cardume de peixes esperando a gente. Nadamos perto deles por um tempão. Depois eu me aventurei para mais dentro dos corais e vi mais alguns peixes, mas o pior que a maioria dos peixes se concentrava perto da areia mesmo. Em uma dessas nadadas com os cardumes, era tanto peixe que eu quase dei um tapa em uma barracuda que eu não tava vendo. Quase perco uma mão ali, rapaz. E acho que foi sorte de não ter um dedo arrancado mesmo, porque em Honduras a bruxa ficou solta para gente. Eu entrei no mar com o meu celular em uma capa que eu jurava que protegia ele da água e, bem, encharcou meu celular que acabou indo pro lixo. Ainda por cima a Bruna comeu alguma coisa que não fez bem e, rapaz, a gente chegou a pensar em abandonar o cruzeiro e descer no continente na próxima parada do tanto que ela tava passando mal.

Como eu nunca tive muita curiosidade de conhecer Honduras em si, me dei por satisfeito em visitar Roatán. O lugar é um paraíso e fiz um snorkeling muito bacana na ilha. Depois foi só voltar pro barco e se preparar pro destino mais aguardado, Belize.
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