Descubra a Nicarágua: história, ditadura de Ortega, pontos turísticos e calor infernal

Continuando no meu giro pela América Central, depois de viajar a El Salvador, meu próximo destino foi a Nicarágua. Enquanto El Salvador é fortemente apoiado pela galera de direita, a Nicarágua é exatamente o oposto. Hoje o país é dominado por uma ditadura de esquerda chefiado pelo ditador Daniel Ortega.

Justiça seja feita, o PT se distanciou da Nicarágua há uns dois anos só porque o Ortega resolveu prender opositores, perseguir a imprensa e condenar um bispo a 26 anos de prisão por “traição a pátria”. Essas bobeiras que todo ditador sempre faz. Porém, eu só fico pensando, o que você tem que fazer para um partido como o PT, que apoia abertamente o Maduro e Putin, romper relações com você. De qualquer forma, o embaixador do Brasil foi expulso e Brasil e Nicarágua não tem mais relações diplomáticas de fato. Era esse país que eu tava indo visitar e, o pior, tendo conhecimento de tudo isso que tava acontecendo.

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Historia da Nicarágua

A história da Nicarágua teve início com a presença de diversas etnias indígenas, como os sutiavas, chorotegas e nahuas, que habitavam a região antes da chegada dos europeus.  Em 1502, Cristóvão Colombo chegou à costa nicaraguense, mas a colonização espanhola efetiva só começou em 1524 com a fundação das cidades de Granada e León.  Durante o período colonial, assim como toda a América Central, a economia foi baseada na agroexportação e na mineração e a sociedade foi marcada por uma hierarquia social imposta pelos colonizadores. 

A Nicarágua conquistou sua independência da Espanha em 1821 e, após um período como parte das Províncias Unidas da América Central (onde se juntou com quase todos os países da América Central como Honduras, El Salvador…), tornou-se uma república soberana em 1838.  O século XIX foi caracterizado por instabilidade política, com conflitos entre liberais e conservadores, além de intervenções estrangeiras, especialmente dos Estados Unidos.  O que era mais interessante era que os conversadores se concentravam na cidade de Granada e os liberais na cidade de Leon. Para evitar briga entre as duas cidades, Manágua acabou virando a capital, o que se mantém até hoje. No século XX, o país foi governado pela dinastia Somoza, que estabeleceu um regime apoiado pelos EUA.  Aí, teve de tudo, massacre, ditadura, revolução, invasão americana e por aí vai. Até que em 1979, a Revolução Sandinista, liderada pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) e por Daniel Ortega, derrubou o regime somozista, instaurando um outro governo ditatorial, mas dessa vez de orientação socialista. Ainda assim, eles trouxeram um pouco de estabilidade.

Após a Revolução Sandinista, a Nicarágua enfrentou uma guerra civil contra os “Contras”, grupos armados financiados pelos Estados Unidos.  Em 1990, enfim ocorreram eleições democráticas que resultaram na vitória de Violeta Chamorro e encerraram o governo sandinista.  Contudo, Daniel Ortega, retornou ao poder em 2007 e permanece na presidência desde então sempre se “reelegendo” assim como faz Putin e Maduro.  Seu governo tem sido marcado por autoritarismo, repressão a opositores e restrições à liberdade de imprensa, levando a críticas internacionais e ao distanciamento de antigos aliados políticos. 

Chegando a Manágua

Como todo país ditatorial, eu sabia que a imigração ia ser chata e iria dar trabalho. Geralmente esses países são bem desconfiados com estrangeiros, mas na Nicarágua, isso é meio paradoxal. A América Central e o Caribe dependem muito do turismo para movimentar a economia, então ao mesmo tempo que eles são desconfiados de estrangeiros, eles precisam de estrangeiros. Em um dos quatro checks que eu passei por agentes de imigração, uma oficial resolveu começar a me perguntar para quais países eu já tinha viajado. Falei que já tinha viajado a vários e seria difícil de lembrar. Eis que ela abriu o meu passaporte, começou a ver meus carimbos e começou a me perguntar “Para qual país você viajou em 2023?”. A mulher ficou encucada que eu não sabia responder e toma querer me pôr em contradição. Não adiantou eu falar que eu viajo a vários países por ano, enquanto eu não acertei o questionário dela, ela não me deixou passar. Enfim, no final deu certo.

A Nicarágua é tão atrasada que lá você ainda tem que preencher formulário na imigração. Quase país nenhum nas Américas você faz mais isso

Saí do aeroporto e, rapaz, parecia que eu tava no inferno. A Nicarágua é quente, QUENTE. Sério, é pior que São Luís. Graças a Deus consegui pegar o meu InDrive (na Nicarágua também o InDrive é mais popular que o Uber) e vamo que vamo.

Dia a dia na Nicarágua

Não sei se já falei, mas a Nicarágua é quente, quente como o próprio inferno. Às vezes eu tava andando na rua e entrava em um supermercado só porque tinha ar condicionado e ficava por lá, andando, só para esfriar o couro.

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A população por lá vive mal também. O país em toda sua história viveu na base do chicote de uma ditadura ou de uma revolução. Quando não era levante social, era terremoto, furacão e vulcão. Toda essa verdadeira sopa do diabo fez o país se tornar o segundo mais pobre das Américas, só não sendo pior que o Haiti.

E, cara, você vê pelas ruas que a população vive mal. Os próprios carros que eu andava era tudo caindo aos pedaços. Um desses motoristas era um engenheiro no mais clássico “engenheiro que dirige Uber” como a gente tinha no Brasil. Mas, cara, eu não sei nem como o carro dele saía do lugar, porque era todo caindo aos pedaços e ainda fazia uns barulhos estranhos. Conversando com ele, você percebia que o cara não tinha perspectiva nenhuma de vida, sabe? Me contava que estava triste porque havia perdido o seu emprego numa grande empresa como engenheiro. Quanto ele ganhava? 2000 reais por mês. Vendo aquilo eu entendia por que tinha gente que arriscava tudo e simplesmente tentava entrar nos Estados Unidos, nem que fosse a nado ou caminhando pelo deserto, como vários que eu conheci nessa minha viagem pela América Central e haviam sido deportados.

A pobreza que eu vi pela América Central não era como o Brasil. No Brasil a gente vive ferrado, mas você pode estudar, pode fazer um curso, enfim, você vai levando. O que eu conversava com o povo lá era falta de perspectiva total, nenhuma possibilidade de crescimento. Isso com os Estados Unidos ali do lado. Além de tudo, que, não sei se já falei, lá era quente demais. Meu Deus.

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Perambulando pela Nicarágua

Apesar de ser quente como só o diabo, eu gostei bastante da Nicarágua. A população era muito simpática e as coisas eram relativamente baratas. A comida também era muito boa.

O que eu achei interessante é que pela cidade você vê aqueles letreiros “à vitória sempre”, “iremos vencer” e coisas assim. Cara, juro, parecia até a Coreia do Norte. Outra coisa interessante também foi que tinha uma imagem imensa de Chávez no meio de uma das avenidas principais de Manágua.

Letreiro na igreja

Gostei também dos diversos lagos que foram formados em bocas de vulcões e que acabam dando uma visão bem bacana e bonita.

Outra coisa que chama a atenção é que por onde você anda em Manágua você vê umas árvores coloridas bregas pela cidade.

Essas coloridas estruturas metálicas conhecidas como “Árboles de la Vida” tornaram-se um dos elementos mais distintivos do cenário urbano de Manágua.  Elas começaram a ser instaladas a partir de 2013 por iniciativa da brilhante Rosario Murillo, vice-presidente e, veja você, primeira-dama da Nicarágua. Segundo a grande Rosario, essas esculturas de 15 a 20 metros de altura foram inspiradas na obra “Árvore da Vida” de Gustav Klimt e foram concebidas para simbolizar esperança e renovação.  No entanto, sua estética chamativa (eu prefiro chamar de brega) e, principalmente, o elevado custo de instalação e manutenção geram críticas significativas, especialmente considerando o contexto de pobreza do país. Cada mimo desses, cara, custa entre 20.000 e 25.000 DÓLARES, por unidade. Além de que essas árvores custam cerca de 1 milhão de DÓLARES anuais em eletricidade

Olha que parada brega

Durante os protestos de 2018 contra o governo de Daniel Ortega, muitos desses “árboles” foram derrubadas ou incendiadas por manifestantes, que as viam como símbolos do autoritarismo e do gasto excessivo do regime  . Apesar disso, o governo continuou a instalar novas estruturas, reforçando seu papel como emblemas do poder político vigente.

Viajando a Granada

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Por último, eu tive que viajar para a cidade de Granada, uma cidade histórica que fica do lado da capital Manágua. Eu fui porque todo mundo falava que eu não podia perder de ver a cidade de jeito nenhum. Eu não tava querendo muito ir porque era longe, eu ia perder um dia inteiro e, bem, eu já visitei muita cidade histórica na América Latina, então elas meio que se repetem depois de um tempo, mas vamos lá.

Peguei o meu Indrive, me preparei para enfrentar o calor infernal e vamos que vamos. A primeira coisa que me chamou a atenção é como o povo da América Central gosta do nome “Granada”. É Granada na Guatemala, é Granada na Nicarágua, é país chamado Granada e por aí vai.

Cheguei na cidade e era o que eu esperava. Quente. E nada demais. Mais uma cidade colonial latina americana, mas bem mais ou menos. A cidade de Granada da Guatemala eu achei bem mais legal e ainda tinha umas visões de uns vulcões ao redor que eram bem legais. Ruim não foi, mas não valeu o esforço.

No final, não vou dizer que não vale a pena, mas de todos os países que eu visitei na América Central continental, acabou que a Nicarágua foi o que eu menos me interessei.

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