Namíbia – O paraíso onde o deserto encontra o mar

Há alguns anos eu já estudava a ideia de viajar para o sul da África já que a África é um dos continentes que eu menos viajei. Comprei a minha passagem e lá vamos nós. Como eu já tinha viajado a África do Sul (e inclusive já escrevi sobre ela) deixei Joanesburgo como hub e saí comprando as minhas passagens de lá. O primeiro país que escolhi nessa jornada foi a Namíbia (depois Ilhas Maurício, Essuatíni e Moçambique). Confesso que sabia muito pouco da Namíbia, a não ser que ela ficava do lado da África do Sul e que tinha sido colônia da Alemanha por um breve período de tempo, mas confesso que me surpreendi com o país.

A Namíbia é um país extremamente turístico por conta principalmente do deserto Kalahari que toma quase todo o país. O nome Namíbia vem do nome do deserto Nanime e que significa “área onde não há nada ali”. E, sim, isso não é força de expressão, o país é parcamente povoado. O país tem o tamanho do Paquistão e da Venezuela, mas, enquanto a Venezuela tem uma população de 29 milhões e o Paquistão de 250 milhões, a Namíbia não chega a 3 milhões. Sim, é uma população menor que a de Brasília. Isso faz com que a Namíbia seja o segundo país com menor densidade populacional do mundo, só perdendo para a Mongólia.

Mais uma vez, eu confesso que eu me surpreendi com o país, pelo menos as cidades que eu visitei, Swakopmund e Walvis Bay. Tudo era extremamente limpo e organizado e, cara, como eles eram pontuais. Enquanto no Brasil quando alguém marca com você as onze, você espera que essa pessoa chegue entre 11 e meio-dia, na Namíbia os caras marcavam 11 horas e 10h50 já estavam na porta te esperando. Gostei demais disso. Outra coisa, tudo se resolvia pela internet ou com o cartão de crédito, até o táxi. Isso pode parecer bobeira, mas fora do Brasil, isso não é tão comum assim e você sempre tem que andar com um bando de dinheiro no bolso. Enquanto a África do Sul, do lado da Namíbia, é que nem o Brasil em questão de violência, a Namíbia era extremamente segura e tranquila. Acho que deu para perceber o quanto eu gostei do país, né?

Acabei escolhendo a cidade de Swakopmund por ela ser uma cidade com estrutura e também famosa pelos passeios no deserto. Além disso ela é uma cidade fortemente ligada a Alemanha, então busca ter uma arquitetura inspirada em uma cidade alemã e grande parte dos brancos falam alemão. No final meio que realmente parecia uma cidade da Alemanha mesmo.

Por último, pô, vi que a Namíbia era quase que só um deserto. Porém vi as fotos de Swakopmund e o lugar parecia um paraíso, praias de águas cristalinas e areias brancas convidativas. Achei que iria vir para um paraíso tropical, né? Rapaz… quando eu cheguei… era um frio da moléstia, daquele de doer os ossos. Fora que ventava, ventava… VENTAVA… Cara, nunca passei tanto frio na África quanto nessa viagem. Às vezes dava até preguiça de sair do quarto porque você lembrava o quanto tava frio lá fora e o tanto que iria dar trabalho botar todas aquelas roupas uma por cima da outra para poder sair. Mas enfim, foi muito legal, viu?

História da Namíbia

A Namíbia era originalmente habitada por grupos indígenas como os San, Damara e Nama. Inclusive os San são famosos por falar aquele idioma que utiliza cliques com a língua. Conversei com um guia que era San e ele me explicou que tinham sete cliques diferentes de língua. Ele fez os sete para mim e pareciam tudo igual na verdade, kkk. Os portugueses foram os primeiros a chegar na Namíbia em 1486 com Diego Cão (sim, esse era o nome do navegador mesmo), mas não chegaram a querer colonizar. A região só passou a ser colonizada pelos alemães no final do século XIX. Com os alemães os locais começaram a comer o pão que o diabo amassou, culminando no genocídio dos povos Herero e Nama entre 1904 e 1908, quando milhares foram mortos ou forçados a viver em condições desumanas. No cemitério de Swakopmund dá para ver centenas de túmulos desses povos enterrados de forma simbólica no cemitério depois. Esse cemitério é interessante porque dá para ver que no começo dele só tem túmulos de brancos, mas, nas partes mais recente são misturados túmulos de negros e brancos. Você consegue ver pelas fotos das sepulturas.

Após a Primeira Guerra Mundial, a Namíbia foi transferida para o controle da África do Sul e aí as coisas começaram a piorar de verdade. Em vez de conduzir a Namíbia à independência, a África do Sul impôs políticas de apartheid semelhantes às praticadas em seu próprio território. Conversando com um cara da Namíbia que viveu durante o tempo do Apartheid, ele me falou que os alemães foram ruins para a Namíbia, mas nada poderia ser pior que os sul Áfricanos. Durante a ocupação sul Áfricana ocorreu tudo como exatamente ocorria na África do Sul, com os negros sendo obrigados a viver em favelas insalubres (as famosas Townships) e sendo proibidos de circularem no bairro dos brancos. Apenas negros que trabalhassem nas casas dos brancos poderiam circular nesses bairros, ainda assim se tivessem um “passe” que eles deveriam sempre carregar consigo. Ele me dizia que os brancos cuspiam nos negros que viam nas ruas e que se um branco matasse um negro, nada acontecia. Porém, a vida na Namíbia era ainda pior que a vida na África do Sul, já que a Namíbia era vista como uma colônia, então nem universidades eram permitidas por lá. A um negro era proibido ter alguma educação além da mais básica, porem se um branco da Namíbia quisesse estudar na universidade, ele teria que viajar para a África do Sul. Segundo as pessoas que conversei lá, isso meio que se mantem até hoje, haja vista que a Namíbia tem até algumas universidades, mas elas são bem recentes e se você quer uma boa universidade você ainda tem que viajar a África do Sul ou, se for muito rico, ir para a Europa. Felizmente, em 21 de março de 1990 a Namíbia conquistou sua independência. Porém a colonização sul africana foi tão forte que até hoje brancos e negros se comunicam em Africâner, a língua dos brancos sul africanos.

Como é viver na Namíbia

Parece ser relativamente mais tranquilo viver na Namíbia que na África do Sul, pois a África do Sul pode até ser mais rica, mas a Namíbia é absurdamente menos violenta. Hoje não existe mais política de apartheid então brancos e negros parecem conviver bem. Perguntei a um guia se os brancos costumavam tratar os negros bem hoje em dia e ele me respondeu sorrindo “tratam sim, até porque eles são minoria, então é bom que nos tratem bem”. Conheci alguns brancos por lá e eles falavam que viviam de boa e nunca pensaram em ir embora, afinal, eles eram da Namíbia e se viam como Namibianos. Um guia branco chegou a me contar que ele era da Namíbia, seus pais, seus avós, seus bisavós e seus trisavós, então não teria como ele se enxergar sendo de outro pais. E cara, ele era brancão mesmo, daqueles alemão galego imenso. 

Conheci também uma menina da África do Sul que mudou para a Namíbia porque casou e falou que não mudava de Swapokmund por nada na vida. Só reclamava que era difícil a questão da papelada. Se você é casado com alguém da Namíbia precisa esperar dez anos para pedir cidadania, pagar uns 5000 reais e ainda assim pode ter a cidadania rejeitada. Cara, eu fico pensando o que esses caras têm na cabeça, a maioria dos países ricos você consegue cidadania depois de 5 anos casado (Portugal depois de 3, se você tem filhos), mas parece que quanto mais pobre é o país, mas eles querem dificultar imigração para lá.

Existe ensino público na Namíbia, porém só até o ensino médio. Ainda assim, só em algumas cidades. Então se você é de uma cidade pequena, tem que viajar para cidades maiores para estudar. Conheci vários caras que eram de cidades pequenas, se mudaram para Swakopmund para estudar o ensino médio e por lá ficaram. Universidade: Só pagando ou lutando por umas poucas bolsas de estudos oferecidas pelo governo. 

Swakopmund

O mais legal de Swakopmund é que você tem uma oportunidade de explorar um destino onde o deserto e o oceano se encontram de forma espetacular. Situada entre as dunas do Deserto da Namíbia e o Oceano Atlântico, a cidade é um ponto de partida para atividades que vão desde passeios de quadriciclo e sandboard nas dunas até passeios de camelos. O clima ameno, em comparação com o calor extremo de outras partes da Namíbia, torna Swakopmund um lugar bem aprazível.

Além das atividades da cidade, os arredores de Swakopmund oferecem oportunidades de exploração. O mais conhecido é o passeio a Sandwich Harbour, uma área de preservação natural onde as enormes dunas de areia literalmente encontram o mar, criando um cenário único. É possível fazer excursões guiadas em veículos 4×4 para explorar essa região isolada, onde a combinação de mar, deserto e vida selvagem faz dela uma das paisagens mais icônicas do país. Assim, é caro, mas valeu cada centavo.

Além disso, Swakopmund é cercada por outros pontos de interesse, como o Parque Nacional Namib-Naukluft, que oferece trilhas e paisagens montanhosas, e a Welwitschia Drive, uma rota panorâmica onde você pode ver a planta milenar Welwitschia mirabilis. A diversidade de passeios ao redor da cidade, somada à herança colonial alemã presente na arquitetura e na gastronomia local, faz de Swakopmund um destino muito legal para quem busca uma combinação de natureza, cultura e aventura.

O que era interessante em Swakopmund é que, mano, para onde você olhava você via areia. Eu já tinha visto cidades no meio da areia do deserto, mas cidade assim na beira da praia e sendo deserto foi a primeira vez. E muito legal. Você está andando no meio da rodovia e, se sai 100 metros, cai no meio do desertão.

Teve um motorista que foi me buscar e me levar do aeroporto. Cada viagem foi uma hora, então a gente foi conversando demais. O cara era gente boa e me falou que tinha morado em Angola, falava até um pouco de português. Essa proximidade entre Angola e Namíbia é bem forte e eu pude conhecer vários Namibianos, brancos e negros, que já tinham morado um tempo em Angola. Na verdade, muitos angolanos fugiram para a Namíbia durante a guerra civil angolana. Hoje há uma comunidade grande vivendo no norte próxima a fronteira com a Namíbia.

Outra coisa que eu pude notar é que o futebol é bem popular na Namíbia, porém só entre a população negra. Os brancos gostam mesmo é de Rugby da mesma forma que ocorre na África do Sul.

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