Lembro do dia em que vi o Saara Ocidental em um mapa velho da minha casa quando criança.
O nome do país me intrigou (“Saara é um país? Não era um deserto?” – eu me questionava), ficando guardado na minha cabeça por esses anos. Mal sabia eu que algumas décadas depois eu teria a oportunidade de visitá-lo, ainda que sob ocupação do Marrocos.
O Saara Ocidental era uma colônia espanhola. Quando os espanhóis saíram da região, a ONU concluiu que o Marrocos não tinha laços históricos assim tão fortes com eles e que o Saara Ocidental era um país livre. Os marroquinos “interpretaram” diferente e começaram a organizar a “Marcha Verde”. 300.000 marroquinos saem de Marrakesh, ocupam a região, assumem o controle de fato do país e anexam-no ao seu território. Após isso o Marrocos quase dobra de tamanho.
Obviamente isso não foi cedido de forma tão tranquila e os dois países entraram em guerra. Em 1991 a ONU mediou um cessar fogo e ficou-se de organizar um plebiscito para saber se o Saara Ocidental desejaria ou não se tornar independente. O Marrocos, que de besta não tem nada, começou a incentivar que marroquinos mudassem para o Saara Ocidental, de olho no futuro plebiscito, por meio de subsídios a aluguéis e outros incentivos tornando a população nativa minoria em seu próprio país.
Os nativos do Saara Ocidental hoje lutam e negociam para que a ONU realize o plebiscito apenas com a população que morava no Saara Ocidental antes de 1991 e o Marrocos, obviamente, quer que o plebiscito seja realizado com a população atual. Pelo sim, pelo não, tudo continua do jeito que está.
Esse foi o principal motivo da minha passagem de Marrakesh para Laayoune, capital do Saara Ocidental, ser tão barata, o fato do Saara Ocidental ser, hoje, de fato, apenas uma província do Marrocos.
Mas essa anexação está longe de ser uma unanimidade mesmo entre os marroquinos. A região é rica em fosfato. Porém, com a queda do preço desta commodity, hoje se questiona se a ocupação militar, que custa centenas de milhões de dólares anuais aos marroquinos, por um terreno desértico e pobre vale mesmo a pena.
O Saara Ocidental tem um reconhecimento meio errático na comunidade internacional. Não é reconhecido pela ONU, mas é reconhecido pela União Africana.





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estava com dificuldades para entender a historia, com esse post, facilitou minha compreensão
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