Antes mesmo de viajar para Almaty, eu já tinha conhecimento de que havia capoeira por lá. Na verdade, eu sabia inclusive que era algo bem profissional, segundo haviam me confidenciado o professor de capoeira do Irã (para mais informações clique aqui) e o professor de capoeira da Armênia (para ler o post inteiro, clique aqui).
Eu só não imaginava que era algo TÃO profissional.
Cheguei lá e fui recebido pelo Sergey, o dono. Na academia dele funcionava tanto capoeira quando Brazilian Jiu-Jitsu, sendo ele professor das duas artes marciais. Fiquei esperando ele terminar a aula dele e qual não foi a minha surpresa quando chegou um cara lá e começou a falar português. Sim, eu fui visitar a academia do Sergey no mesmo dia que outro brasileiro também foi visitar. Enquanto eu fui pra poder conversar sobre capoeira, ele foi para poder treinar Jiu-Jitsu.
Me impressionou também como o Sergey falava um português fluente, na verdade, o mais engraçado, ele inclusive tinha sotaque pernambucano e toda hora falava “eu fico arretado com isso”. Entre uma risada e outra, ele me falou que era aluno do Mestre Barrão, fundador do Axé Capoeira e original de Recife. Inicialmente ele começou me explicando sobre a relação dele com o mestre.
Ele me contava como o mestre Barrão fazia questão de profissionalizar o Sergey antes que ele começasse a dar aula, pois se a capoeira no Brasil não é tão profissionalizada, no exterior ela tem que ser. Para isso, Sergey teve aulas de português além de cultura brasileira também, pois segundo o mestre, você nunca vai aprender sobre uma língua de um país sem aprender a cultura também. Ainda hoje estuda muito sobre o Brasil e se diz impressionado como muitos brasileiros até hoje nunca ouviram falar de Dandara.
Antes de praticar capoeira, Sergey começou a treinar Tae-kwon-do. Ele tinha por volta de 15 anos e treinou por nove anos, onde ele aprendeu bastante sobre disciplina.
Atiçou a curiosidade dele quando ele, veja você, mais um, assistiu o filme “Esporte Sangrento” por volta de 1998 e começou a tentar praticar sozinho, principalmente depois do advento da internet que ele começou a ter um melhor acesso em 2003. Teve acesso também a um DVD do mestre Barrão, gostou do estilo e resolveu entrar em contato com ele.
Depois de já ter ido a dois seminários de capoeira, em dezembro de 2003 ele trouxe o Mestre Barrão para a cidade dele.
Em 2004 resolveu ir para o Canadá para enfim poder treinar com o Mestre Barrão. Disse que enfrentou dificuldades em conseguir o visto com a Embaixada canadense porque eles ficaram desconfiados com o motivo da viagem. Perguntavam desconfiados, “mas porque você vai para o Canadá para aprender uma arte marcial brasileira?”. Acabou que no final conseguiu e por três meses treinou nove horas por dia com o Mestre Barrão.
Em 2006 ele se mudou pra Almaty para trabalhar como contador. Em 2007 ficou um mês em Recife onde ele estudou ainda mais forte o português e treinava o máximo possível. Inclusive chegou a quebrar uma costela treinando. Em 2007 fez o primeiro batizado já em Almaty quando já tinha mais de 120 alunos. Em 2008 ele deixou de trabalhar como contador para se dedicar apenas à capoeira. Hoje ele tem por volta de 150 alunos em Almaty e já fez 11 batizados. Tem sete filiais da escola dele com um total de aproximadamente 500 alunos