Contos de um mochileiro pelos Andes Bolivianos – A truta dos trutas

Cheguei a Copacabana na Bolívia e esqueci do pequeno detalhe que talvez fosse uma boa saber que horas saíam os barcos para a Ilha do Sol, umas das que existem no Lago Titicaca. Corro daqui, corro de lá, fiquei que nem um louco para poder conseguir um pacote que compensasse, além de uma passagem de ônibus para Arequipa no Peru ainda no fim daquele dia. Quando resolvi tudo, já era rodado quase uma e dez da tarde, eu não havia comido nada o dia inteiro e estava morrendo de fome. O barco para a Ilha do Sol saíria à uma e meia e seria uma hora e meia de viagem, iria chegar lá as três da tarde. Teria que me contentar com um salgado ou um pacote de bolacha, já que não daria para ir em um restaurante pedir um prato e comer algo decente.

Escuto alguém chamando meu nome. Quando olho, no segundo andar de um dos restaurantes mais caros de Copacana, de frente para o lago, estavam os irmãos Ortiga, dois caras que eu havia conhecido em Uyuni e saindo para tomar uma em La Paz. Chegando à mesa, tavam eles dois se banqueteando com uma truta andina, o prato mais típico de Copacabana que eu ainda não tinha experimentado. O cheiro delicioso do prato deles se espalhava pelo restaurante e torturava meu pobre estômago vazio:
– Come com a gente aí, Maranhão.
– Não, cara, valeu, acabei de comer, estou cheio – dizia eu que não havia comido nada o dia inteiro, mas estava sem graça de dar umas bicadas em um prato que eles pagaram certamente uma fortuna e não me deixariam pagar.
– Come aí, rapaz, deixa de frescura.
– Nada, cara, muito obrigado, mas realmente comi bastante – insistia eu bem sem-graça.
Depois de algum tempo, devido a insistência gente boa deles e para não ficar chato, até dei umas bicadas no filé de peixe na minha frente. Desci, comprei uma empanada e acabou que nem deu tempo de eu pedir uma porção dessa truta andina para mim.
Alguns dias depois os encontro novamente:
– E aí, cara! Como foi o passeio da Ilha do Sol? Curtiram bastante?
– Maranhão, você nem sabe! Depois que a gente comeu aquela truta, passamos mal, viu¿ Mas, assim, passamos tão mal que tivemos alucinações. Acordávamos a noite vendo coisas e nem sabendo onde estávamos. Nossa, acho que nunca peguei uma intoxicação alimentar tão forte na minha vida como aquela do dia dessa truta!
Quem precisa de chá do Santo Daime, quando se tem truta andina.
Dessa eu escapei…
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