Na volta para Barcelona resolvi testar o Bla Bla Car, aplicativo de carona que todo mundo havia me falado. Paguei 12 euros e marcamos de nos encontrar em uma praça de Andorra. Engraçado que, por mais que não tenhamos feito controle imigratório na ida, na volta tivemos que passar por uma aduana.
Assim, ir de carona paga foi mais barato, mas é que estava incluso no desconto o risco de vida. Rapaz, o cara que foi me buscar chega tinha o pé pesado, parecia o Ayrton Senna. Eu ficava de olho no velocímetro do carro dele que nunca ia abaixo de 160 km/h. E, assim, quando eu falo que parecia um carro de Fórmula 1, não é mentira não! Meu pescoço, literalmente, começou a doer por causa das curvas. No início eu achava que iria conseguir ir conversar nada, haja vista que eu não estava querendo muito socializar e meu espanhol não é muito bom, mas, mano, conversar com o motorista foi questão de sobrevivência, haja vista que, conversando, o Ayrton Senna ia um pouco mais devagar, a uns 140 km/h! No carro também tinha um argentino, com cidadania italiana, de carona.
O motorista era espanhol, mas trabalhava em Andorra como corretor de imóveis, ramo que está com problemas desde que a Espanha afundou na crise de 2008. Ele me explicou que o preço dos imóveis na Espanha estava tão alto que já tinha começado a cair já em 2007 e só afundou em 2008, que tinha gente que tinha comprado um apartamento financiado, pagado várias prestações e juros e no final estava vendendo os apartamentos por menos do que havia pago de entrada.
O Argentino era bem gente boa e era daqueles caras que trabalhava um pouco, juntava um dinheiro e torrava tudo viajando. Foi ele que inclusive contou a história de ter ficado perdido no meio de um deserto da Mauritânia (confira o post clicando aqui). O motorista ficou curioso como era possível alguém viajar tanto, se a gente vivia de renda e o argentino só respondeu: “Cara, tudo é questão de prioridades. Eu gosto de gastar dinheiro em viagens, tem gente que gasta 25.000 euros em um carro” – isso com a gente em um AUDI A4. Quase que o motorista jogou ele fora do carro.
No final cheguei em Barcelona vivo, por mais difícil que isso possa ter parecido.

Imagino a loucura dessa carona! Eu ri, só de imaginar a cara do motorista, quando o argentino falou das prioridades…
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