Goa

“Claudiomar, qual foi o seu país preferido dentre todos que visitaste?”. É difícil não ouvir essa pergunta quando estou a falar da minha viagem de volta ao mundo para amigos. Como sabia que essa pergunta iria me perseguir assim que pisasse em terras brasileiras aproveitei as minhas longas oito horas de voo entre Lisboa e Brasília para já ir pensando nisso.
Qual seria o meu país preferido? Suécia com suas suecas quentes (uuhh)? Não… República Tcheca com suas tchecas ardentes (aaahhh)? Também não… Polônia com suas polacas fogosas (Ah, Pôlonia…)? Er, talvez… Várias foram as alternativas, mas no final acabei vendo que, assim como já havia dito no blog, a Índia foi de longe o meu país preferido. Nenhum país sequer chegou perto do tanto de presepadas e loucuras que ocorreram comigo como a Índia. Vivi e viajei tão intensamente durante um mês e meio na Índia que costumo classificar o meu voo de saída de Deli e ida à Suécia como o “início do fim da minha viagem”… Sim, cara! Curti mesmo a Índia…

“Mas a Índia é um país imenso, certo? Você viajou por dezenas de cidades por lá. Então, de todos os lugares que estiveste, qual foi a sua cidade/região, preferida?” sempre tem um que pergunta. Sem sombra de dúvidas, Goa. Por quê? Cara, viajar à Goa é como entrar em uma outra dimensão, uma outra realidade totalmente diferente de tudo o que você já estava acostumado na Índia! Sério mesmo! Goa é algo MUITO diferente e quando cheguei por lá não acreditei no que via.


Pra começo de conversa, tudo funciona em Goa. As pessoas são educadas, o índice de “faladores de inglês” (tradução livre de english speakers) é muito alto (semelhante ao de Mumbai), as ruas são limpas e etc. Por que isso tudo? Não demorou muito pra eu descobrir. Goa possui o maior PIB per capita e Índice de Desenvolvimento Humano da Índia, sendo o turismo o carro chefe de sua economia. Goa é o estado indiano mais desenvolvido, seria algo como o nosso Distrito Federal: pequeno, com alta qualidade de vida e aquele sentimento de “não estou no Brasil”.

Goa também tem uma história muito parecida e conexa com a nossa. As viagens às Índias que levaram ao descobrimento do Brasil seguiam para locais próximos a Goa, mas foi nessa região que Portugal construiu o seu império, a “Índia Portuguesa”, o qual só voltou ao controle de fato da Índia no ano de 1961, apesar de Portugal reconhecer a “independência” apenas em 1974 na Revolução dos Cravos. A influência arquitetônica portuguesa é tão flagrante que caminhar pelas cidades de Goa é como dar uma volta num domingo a tarde na mais-do-que-bela São Luís.

Saca só a semelhança incrível, cara!! Os azulejos acima são de São Luís. Os azulejos abaixo são de GoaMas o fator principal e louco que faz Goa ser conhecida e famosa no mundo inteiro é o seu estilo de música eletrônica, o “Goa Trance”, surgido devido ao ambiente “relax” e cheio de viajantes da região. Uma cambada de gente desce pra Goa pros seus festivais onde a galera costuma fritar noites a fio no meio da praia, um programa imperdível que só não pude acompanhar porque fui na época chuvosa, quando ninguém mais está por lá.

Alguém se arrisca a dizer quais dessas fotos são em São Luís e quais são em Goa?

 

Mas nem tudo hoje é flores pra galera “fritadeira”. Alguns amigos que conheci em Goa me falaram que a grande bagunça e o barulho ensurdecedor das festas, fez com que o governo tivesse uma fiscalização maior e dificultasse cada vez mais a concessão de alvarás, afinal, pessoas normais também vivem Goa e não aguentavam mais tanta piração.
A solução que acharam? Fácil, algumas raves em Goa hoje são com fones de ouvido 🙂 Sim, com fone de ouvido! Você paga o ingresso, o cara te dá tipo um radinho com a frequência que o Dee Jay tá tocando e você vai lá, pirar ao show das luzes e dos “performers” tal qual em qualquer rave pelo mundo. Um brother meu que foi numa dessas festas me disse que é MUITO engraçado! Uma galera se retorcendo, pirando e pulando! Quando você tira o fone do ouvido e começa a observá-los, diz que eles parecem um bando de louco tendo ataque epilético no meio d’água. Loucura demais 😛 Pra vocês não acharem que isso é conversa de blogueiro louco, posto uma foto de uma dessas baladas e o link para os mais interessados 🙂
Só pra vocês terem uma ideia de como é viajar pra Goa, todo mundo na Índia me perguntava:
– Uai, Claudio, você é louco? Pra que diabos você vai pra Goa agora? As festas de Trance não estão mais rolando, as baladas são inexistentes e chove dia após dia, logo você não pode ir pra praia.
– Cara, tou indo pra Goa porque sou muito interessado em história portuguesa que, em si, é quase que história do Brasil. Goa também tem uma arquitetura portuguesa bem interessante e preservada. Por isso, pra mim, na verdade, é bem melhor ir a Goa durante esta época que ninguém está por lá, logo tudo será mais barato, do que ir em alta temporada, que deve ser uma loucura. Além do mais, moro num dos países com maiores extensões costeiras do mundo, logo, praia, não é uma novidade muito grande.
– Ah é? Quer dizer que Goa foi colonizada pelos portugueses, é?
Hahahaha. De todas as pessoas que eu ouvi falar que estavam a caminho de Goa, eu fui o único abestado que estava indo para ver arquitetura. O resto da galera, como falei, vai pra lá é pra fritar ou pra ficar deitado na praia pegando sol. Depois eu não sei porque tem gente que me chama de “peganínguem”.

"Recall" do post passado

Galera, acabei esquecendo de postar um videozinho rápido que fiz em Mumbai. Foi uma cena que achei engraçada e não pude deixar de fazer a metáfora 🙂



Além disso, esqueci de postar uma foto interessante que bati enquanto visitava a casa de um amigo em Mumbai. A mãe dele, mais do que solícita, ao ver que havia um estrangeiro em sua casa, preparou uma típica refeição indiana. Fiquei curioso pra saber o que viria pra eu comer e qual não foi a minha surpresa quando vi que ela preparou algo como um risoto. Comi satisfeito até descobrir o nome que o tal prato era chamado… Curioso? Cara, acredita que aquele pratinho chama-se… chama-se POHA?? Sim, POHA, Poha com o “H” tendo som de “RR”.
Mermão, na hora que ela me falou o nome do prato eu me danei a rir. E ela perguntava:
– O que foi, meu filho, não gostou da “Poha”?
– O que tem de tão engraçado na “Poha”?
E cada vez que ela falava “Poha” eu me urinava de rir… Hahahaha. Cara, imagina aquela situação, uma senhora de idade falando pra você comer uma “Poha”? Tem piadinhas de duplo sentido que só a Índia pode fazer pra você…

Perambulando por Mumbai

1 – O metrô
Mumbai foi uma cidade que desde o começo me fez perceber que me encontrava em uma realidade totalmente diferente da Índia. Assim que liguei pro Mervin (indiano que me hospedou em Mumbai e que, dentre outras curiosidades, estava hospedando há mais de três meses uma alemã que tentava carreira em Bollywood), pedi detalhes para ele de como poderia chegar em sua casa. Como de praxe, achava que ele iria me explicar como pegar um táxi pra casa dele. Qual não foi minha surpresa quando ele falou que eu deveria pegar um metrô e, só depois disso, pegar um táxi. Ãhn? Pegar transporte coletivo em uma cidade na Índia? Como assim? Pô, táxi era mais fácil! Precisava ser murrinha não! Eu podia pegar um táxi!
Depois que eu fui me tocar. Mumbai é uma das MAIORES cidades do mundo. Logo, seria inviável eu pegar um táxi pra ir pra casa do figura (imagina descer em Guarulhos e pegar um táxi pro centro da cidade de São Paulo?).
“PCC” “contratando” pessoas em Mumbai
 
Tudo bem, pra mim tudo é festa! A própria estação onde o meu trem proveniente de Jaipur parou era, ao mesmo tempo, interestadual e intermunicipal. Poderia pegar o trem da estação diretamente para o bairro do meu host. Assim que saí do setor interestadual e entrei no setor intermunicipal, pude ter o primeiro contato com os já lendários trens de Mumbai.
Meu amigo, aquilo parece cena de outro mundo! Cara, eu nunca andei num metrô em São Paulo durante a hora de pico, mas se for pior do que aquilo que vi em Mumbai, será de um nível de insalubridade inimaginável para mim. Mermão, é gente viajando em pé, um por cima dos outros, cara viajando agarrado na janela! Coisa de LOUCO!! Se liga só nesse vídeo abaixo, de como neguinho chega a viajar e o que acontece de vez em quando…
Na hora que o trem para então… Bicho, como a parada é insana! Não tem lugar pra todo mundo e é praticamente impossível se mover dentro do trem! Todo mundo começa a empurrar todo mundo, os que estão querendo sair começam a puxar seu braço(não dá pra falar assim “senhor, por favor, você pode me dar licença? É a minha estação) e, principalmente, os que estão querendo entrar empurram os que querem sair, pois se eles não “se jogarem” pra dentro do trem, eles ficam na estação.
A parada é tão insana, que eu cheguei uma vez foi a viajar num dos compartimentos de bagagem do trem…
Compartilhamento de bagagem do trem que cheguei a viajar por não ter mais espaço
 
Então é aquela loucura! Imagina a cena: o trem lotado (de um jeito que você não consegue nem mexer o braço) umas cinquenta pessoas querendo sair, umas setenta querendo entrar E TODO MUNDO AO MESMO TEMPO! Cara, duas ou três vezes, vi carinhas saindo na mão por causa de ombrada ou “encontrão” que alguém deu na hora de sair.
Além disso, é engraçado quando os indianos querem atravessar de um linha pra outra do metro. Cê acha que eles dão a volta, pegam uma escadinha e talz?? Naaadaaa!! Os caras fazem o mais fácil mesmo: eles simplesmente pulam no meio dos trilhos e atravessam calmamente! Cumpade, é uma atração e tanto ficar observando o movimento nas estações em Mumbai. Algumas vezes eu fiquei até sentado só observando aquele “balé”:
1 – O trem começa a chegar e vem apitando que nem um louco.
2 – Pessoas que estavam atravessando pelo trilhos saem correndo em debandada por todos os lados para não serem atropeladas.
3 – O trem para.
4 – Gritos!
5 – Pessoas são “cuspidas pra fora” do trem por quem quer sair e quem quer entrar troca empurrões com as pessoas que estavam dentro em um movimento que me faz lembrar bastante futebol americano.
6 – Trem vai embora
7 – Pessoas pulam desesperadamente nos trilhos no afã de cruzar para a próxima linha
8 – Trem chegando e apitando…
E assim vai o balé, cara… Com vez ou outras ocorrendo discussões e troca de empurrões… Vou te dizer, o metrô de Mumbai é uma atração turística a parte.

2 – Triste fama de Mumbai
Mas, além do fato de Mumbai ser conhecida como a capital financeira da Índia e sua cidade mais importante, ela também é famosa devido aos vários ataques terroristas já ocorridos nela. O mais recente de todos e que quase levou a uma declaração de guerra da Índia contra o Paquistão, ocorreu há pouco tempo atrás, com o “Taj Mahal Hotel”, a maior atração turística de Mumbai e seu principal hotel, sendo um dos principais alvos do ataque. Para mais informações, clique aqui
Dando prosseguimento à série “tira uma foto pra mim” inaugurada no post em Jaipur. Essa foi a foto que pedi pra uma família de indianos bater de mim e do “Taj Mahal Hotel”
Essa foi a foto batida por eles. Sério, parece que os bichos fazem é de molecagem
Taj Mahal Hotel, depois dos ataques terroristas
 
O metrô de Mumbai também já foi alvo de vários ataques terroristas que causaram grandes estragos. Basta apenas lembrar que, num metrô aonde você tem umas cinquenta pessoas por metro quadrado, uma bombinha de São João pode fazer um grande estrago! Só pra vocês terem uma ideia de como andam os nervos das pessoas que utilizam metrô em Mumbai, no meu primeiro dia, eu quase que perdi minha bolsa com todas as coisas dentro! Eu entrei no trem, deixei minha mochila em uma das prateleiras suspensas do trem, próprias para mochilas, e me sentei no banco contrário pra poder ficar vendo a minha mochila. Ah, meu amigo, pra que? Um indiano viu aquela mochila lá sozinha, acho que não tinha dono (logo podia ser algum terrorista que largou por lá), meteu as mãos e começou a gritar perguntando se alguém era dono daquela mochila enquanto se dirigia já para a janela! Cena de filme, cara! Se eu não vou voado atrás dele gritando “é minha, é minha” ele fatalmente teria jogado minha mochila pela janela!
“Eu me arrependo de ter nada mais do que uma vida para servir ao meu país” placa posta em frente ao Taj Mahal Hotel!
 
3 – Cinema em Mumbai
 
Outro fator que também me chamou a atenção em Mumbai, foi quando fui ao cinema. É interessante você ver que nas salas de cinema indianas, as diferenças culturais ficam cada vez mais explícitas.
No Brasil, filme sim, filme não a gente tem um filme relacionado a futebol. É filme de ação, comédia romântica, documentários etc. Na Índia também é parecido. Quase 90% dos trailers de filmes que pude ver, havia algo relacionado a críquete nas histórias de lá: era uma menina que se apaixonava por um jogador de críquete, um menino pobre que tinha como sonho ser jogador de críquete, um professor de uma escola que reúne os alunos e faz o melhor time de críquete da Índia e por aí vai. Não precisa dizer que o críquete é o esporte nacional indiano. Pra quem não sabe o que é críquete, é um esporte de origem inglesa bem parecido com o “bats” ou “tacos” que a gente joga pelas ruas aqui do Brasil.
“Gateway of India”, um dos principais pontos turísticos de Mumbai
 
Outro ponto interessante que pude ver assistindo trailers em salas de cinema indiano é que é fácil saber se o trailer que está por vim é indiano ou americano. Se for filme americano, é bala comendo pra tudo que é lado, carro explodindo e etc. Se for filme indiano, começa com uma galera dançando e umas bolas de críquete de um lado pro outro. Cara, pode parecer que não é nada, mas eu vou colocar dois vídeos abaixo pra vocês verem como é, basicamente, um filme indiano1:2. Detalhe na “legenda em português” que os caras fizeram pegando carona na sonoridade da música cantada pelos indianos.
Se liga na dancinha que ocorre no minuto 1:24. Faz toda a diferença, hahahaha
 
Cara, você tá achando engraçado? Imagina um filme de três horas assim?? Com essas danças malucas pra tudo que é lado? Foi assim com os filmes indianos que pude assistir com legendas em inglês. Vou te dizer, sem graça é que não é… hahahaha.
Se prepara pro carnaval, punk rock e rock n’ roll! hahaha. GENIAL!
 
Outra curiosidade interessante é que no meio do filme todas as luzes se acendem e o filme apaga. É a hora do intervalo. Uma hora e meia de filme, quinze minutos de “show do intervalo” e mais uma hora e meia de filme depois. Praticamente um jogo de futebol…

Coisas que só acontecem na Índia. Parte 2

Solteiros de vilarejo na Índia constroem estrada para poder casar

Moradores construnido a estrada
Os moradores já construiram três quilômetros da estrada


Moradores solteiros de um vilarejo no oeste da Índia estão trabalhando sem parar para construir uma estrada de seis quilômetros que aumentaria suas chances de se casar.

O vilarejo de Barwaan Kala, no estado indiano de Bihar, está localizado no alto das montanhas Kaiumur e é conhecido na região como o “vilarejo das pessoas solteiras”.
Cerca de 120 dos 1,5 mil moradores do vilarejo com idade entre 18 e 80 anos são solteiros. Segundo eles, a principal razão seria porque o local é muito remoto.
Além da distância e da dificuldade de acesso, Barwaan Kala não possui muita infraestrutura. As seis bombas d’água construídas na região não funcionam e a escola estatal não tem professores. O hospital e o posto policial mais próximos ficam a 45 quilômetros de distância.
Por conta disso, muitas famílias se recusam a permitir que suas filhas se casem com homens solteiros da vila. O último casamento realizado na localidade foi há 50 anos.
“Aqueles que conseguiram se casar, o fizeram de forma clandestina, procurando abrigos temporários em vilarejos menos remotos”, disse à BBC Ram Chand Kharwar, que tem 50 anos e é um dos solteiros de Barwaan Kala.
Para ler esta fascinante história de superação completa, vai aí o link:
P.s: Cara, isso dá um outro filme que pode até levar Oscar. Pensei até num trailer: “Em um vilarejo, muito, muito distante. O amor vence qualquer barreiras! Jovens rapazes constroem a estrada para seus sonhos!!”… Hahahaha
P.s2: Francamente… E sua mãe reclamando da sua namorada.
P.s3: “O último casamento realizado foi há 50 anos”. HAHAHAHAHAHAHA

Mumbai

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Após a “degustação exótica” que tive em Jaipur, era chegada a hora de dizer tchau e seguir em direção a um destino que há tempos eu esperava ansiosamente. Era chegada a hora de Mumbai.
Mumbai é a cidade mais importante da Índia. Possui uma população de aproximadamente 14 milhões de pessoas (portanto maior do que a cidade de São Paulo), a quarta maior região metropolitana (logo acima de São Paulo) e é a maior personificação da Índia moderna. A primeira vez que me senti visitando uma cidade em sentido estrito, uma cidade MESMO tal qual como estava acostumado a viver, foi em Mumbai. Não por acaso ela é conhecida como a capital financeira da Índia.
Bati poucas fotos de Mumbai. Choveu tanto nessa cidade sem-vergonha que nem deu ânimo pra bater foto…

Muitas pessoas podem, ao começar a ler o post, começar a se perguntar: “Mumbai, que cidade é essa? Engraçado, o nome dela é muito parecido com um nome de uma cidade indiana muito conhecida, Bombaim. Será que estou me confundindo?”. Não, caro amigo, você não está. Eu também tive o mesmo questionamento quando cheguei lá. Na verdade, por centenas de anos, o nome conhecido da cidade no Ocidente era mesmo Bombaim (com sílaba tônica no “i”). Isso ocorreu porque assim que os portugueses chegaram lá durante a era das grandes navegações, foi como eles entenderam o nome da cidade. Por muito tempo a possuiu dois nomes oficiais, mas recentemente decidiu adotar apenas o nome oficial nativo de Mumbai.
Mumbai é muito conhecida por ser a capital indiana do entretenimento. Tal cidade é conhecida como a “Hollywood indiana” e, devido a se chamar Bombaim há algum tempo atrás, recebeu o apelido de Bollywood. Acho que não preciso lembrar que o atual ganhador do Oscar de melhor filme foi um filme proveniente de Bollywood, né? Algumas pessoas me falaram por lá que Bollywood produz quatro vezes mais filmes que Hollywood, mas não sei até que ponto isso é verdade. Os indianos adoram ir a cinema e o que mais me chamou a atenção foi que, ao contrário do Brasil, os filmes indianos recebem papel de destaque nas salas de cinema. No Brasil, quando você vai ao cinema, pra cada oito ou nove enlatados americanos, há um ou dois filmes nacionais. Na Índia isso é completamente diferente. Os filmes americanos detém atenção marginal, enquanto os filmes de Bollywood são os mais assistidos e procurados por indianos. Infelizmente não puder ver nenhum filme no cinema que não fosse enlatado americano, os filmes de Bollywood são todos em Híndi e sem legendas em inglês, portanto, sem chance. Ainda vi alguns filmes indianos, mas apenas em DVD. Outra curiosidade é que um dos motivos da difusão da língua Hindi por toda a Índia, deve-se ao fato dos filmes de Bollywood, paixão e preferência nacional, serem nessa língua.
Slumdog Millionaire, ganhador de oito oscars! Direto de Bollywood para o mundo

Outro ponto que me fez adorar Mumbai foi que lá, quase que todo mundo fala inglês nas ruas, o que ajuda bastante. Não estou falando que os caras sabem falar aquele inglês do “How much” ou “How are you” não. Inglês, inglês mesmo, bem melhor do que qualquer um de nós. Por quê? Simples, inglês é a língua oficial do sistema de ensino da cidade e ponto final. Toda e qualquer criança que for para a escola em Mumbai terá as suas aulas em inglês, fazendo com inglês seja a língua nativa e usada por milhões de crianças. Só pra ilustrar bem a situação pra vocês, um dia acordei com o Mervim (o cara que tava me hospedando em Mumbai) e o primo dele jogando um jogo de tabuleiro indiano parecido com Damas. Fiquei impressionado como quando ao conversar entre eles, eles não utilizavam uma língua indiana qualquer como Tâmil ou Híndi. Eles conversavam inglês entre si.
Perguntei para eles o porquê daquilo, se eles falavam inglês entre si para treinar o inglês ou algo assim. Não, eles me responderam que conversam em inglês sempre porque é a língua nativa deles dois. Foi a primeira língua que eles aprenderam e portanto a mais fácil de falar. Já tinha escrito acerca desse fenômeno dos indianos que falam inglês como língua nativa nesse post aqui. Até expliquei como num post passado.
Agora, aguardem o próximo post sobre as presepadas de Mumbai. Prato cheio 🙂

Coisas que só acontecem na Índia

Estava hoje, na minha leitura matinal da folhaonline, quando me deparei com uma notícia no mínimo “interessante”.
Se liga, a manchete já paga toda a notícia

“Cão morre linchado após ser mordido por homem na Índia”

(Eu juro que a primeira vez que eu li, eu entendi “Homem morre linchado após ser mordido por cachorro na Índia”. Isso inclusive despertou a minha curiosidade: “Mas porque diabos mataram o pobre do homem? Ele além de ser mordido por um cachorro, ainda por cima levou porrada?”)
Irritado após um cão atacar um de seus patos, um indiano de 65 anos mordeu o pescoço do animal agressor e acabou sendo internado em um hospital de Pakakkadavu, na região de Kerala (sul da Índia). O cão estava com raiva.
Após o cachorro atacar um dos patos do indiano, ele, enfurecido, pulou sobre o animal para atacá-lo. Durante a “luta”, o homem acabou sendo mordido e, na tentativa de livrar sua mão dos dentes do animal, também mordeu cachorro, no pescoço, mantendo-o assim até que o cão abrisse a boca.
A luta entre o homem e o cachorro atraiu uma multidão que passou a incentivar o embate. Em seguida, quando homem e cão já estavam exaustos, a multidão passou a linchar o animal.
O indiano foi levado a um hospital da região, mas teve de ser transferido para outro mais bem equipado para receber tratamento adequado contra raiva.”
Hahahahahaha. A história tem tudo pra ser um “thriller” indiano. Repararam que a história é sem pé nem cabeça desde o começo?

1 – Um cão ataca um pato.

Bicho, eu já vi raposa, jaguatirica, até onça atacar patos ou gados, mas um CACHORRO atacar um PATO foi algo que realmente me fez ficar imaginando a situação. Um cachorro mordendo o pescoço de um pato e o pobrezinho agonizando com seus últimos “quá quá quá”.

2 – O indiano, ENFURECIDO, ATACA o cachorro.

Pombas, qual seria a maneira mais inteligente de se atacar um cachorro? Com um pedaço de pau? Não! Com uma pedra? Não! Com uma pistola automática? Não! A maneira mais inteligente é simplesmente PULAR no cachorro e tentar atacá-lo COM OS DENTES!! (Lembrem-se que o cidadão tem 65 ANOS).

3 – A luta entre o homem e o cachorro atraiu uma multidão que passou a incentivar o embate.

Hauhuaheuahea. Pra começar, nem precisa dizer que atraiu uma multidão. Em um país com UM BILHÃO DE HABITANTES, um vaso caindo de uma janela pode matar dezenas de pessoas. Mas sério, essa pra mim foi a melhor parte. Eu fico imaginando um tiozão se ATRACANDO com um cachorro no meio da rua e uma galera, ao invés de ajudar, passa a INCENTIVAR o embate. Fiquei imaginando aquelas cenas de boxe tailandês que as pessoas ficam fazendo apostas enquanto os caras se matam no meio do ringue.

4 – O indiano foi levado a um hospital da região, mas teve de ser transferido para outro mais bem equipado para receber tratamento adequado contra raiva.

Hahahaahahahahahaha. Pra completar a piada, o cão ainda tava com raiva. Perfeito! Salvou meu dia essa notícia, vocês não tem nem noção do quanto eu RI lendo-a!
Abraços maranhenses
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Sanduíche recheado – Comendo na Índia

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Essa aqui é uma rapidinha que eu esqueci de colocar no post passado.
Assim que voltei da minha visita ao Amber Fort, fui para o hotel tomar um banho. Troquei de roupas, saí do quarto e fui no restaurante do hotel disposto a fazer uma refeição. Peguei o menu que tava em cima do balcão e resolvi pedir um chappati (um pão indiano achatado, muito semelhante ao nosso famoso “pão sírio”) com frango.
Isto é um Chappati

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Fiquei enquanto escrevia no meu caderninho de anotações detalhes da viagem para posterior publicação no blog.
Depois de uns quinze minutos, veio o garçom e trouxe-me a refeição. A porção de carne de galinha em um recipiente e os pães achatados em outro prato branco. Guardei meu caderno, fui lavar as minhas mãos e voltei para a mesa.
Fui me preparando pra poder comer e quando peguei o meu primeiro pão, notei que ele estava levemente, er… “pesado”. Achei estranho e pensei: – Hum, o chappati dos caras aqui é recheado. Quando balancei um pouco pra ver o que tinha dentro, a surpresa. Chuta o que caiu em cima da minha mesa:
A) Uma moeda de dois euros
B) Um autógrafo do Michael Jackson
C) Uma ameixa
D) Pílulas de Polegarina do Chapolim
E) Uma barata.

Sim, amigos, como eu tenho a máxima certeza de que vocês acertaram, é realmente a resposta que vocês estão pensando. UMA BARATA que estava passeando dentro DO MEU PÃO caiu em cima do meu prato e começou a perambular na maior calma do mundo. Uma baratinha, assim, pretinha, de cascas duras e com seis pernas. Jeitosinha até… Passeava por cima dos meus outros pãos como quem ouvia uma canção: “olha que coisa mais linda mais cheia de graça…”
Nessa hora eu comecei a pensar: Cara, eu já tinha enfrentado muita coisa na Índia. Neguinho querendo me roubar (história aqui), criança se fazendo de besta pra cima de mim (história aqui), quase saí na porrada com dois malucos (história aqui), guia evacuando (história aqui), vacas andando pra tudo que é lado (história aqui) e até vaca eu pensei em cozinhar (história aqui), mas caramba, ver uma barata, assim, ao vivo e a cores, caminhando dentro de um prato foi algo inédito.
Fiquei estático só admirando aquela situação. Olhei pra barata, a barata olhou pra mim e ficamos naquela. Ainda troquei uma idéia com ela no melhor estilo: “Ow baratinha, eu paguei o pão pra só EU comer”.
Eu acho que ela se tocou e, como não queria rachar a refeição, resolveu ir embora. Depois que a barata foi embora bateu aquela crise existencial: “Comer ou não comer o pão?”. Pensei que seria mais sensato pedir para o cara trocar o chappati e me dar outro para eu comer, mas depois pensei melhor.
Pensem comigo. Aquela não deveria ser a ÚNICA barata que ele teria em toda a cozinha dele. Pra falar a verdade, olhando como o cara cozinhava, com as mãos e sem luvas, higiene não deveria ser o forte dele. Se ele trocasse o chappati, a única diferença que faria seria que ele pegaria um pão no qual AQUELA barata em especial não teria passeado. Se um pão que ele serve pra um cliente pode ter uma barata dentro, imagina quantas baratas ele não deve ter dentro da cozinha dele. Melhor então seria eu simplesmente falar que não queria mais e ir procurar outro restaurante. O grande problema é que o restaurante dele possuía um nível de higiene, digamos, “médio” para qualquer restaurante indiano que eu pudesse encontrar em Jaipur. Ficar ou não no restaurante dele era a diferença entre escolher a barata que eu queria que passasse por cima do meu pão. Pra falar a verdade, aquela baratinha parecia até ser bem bonitinha, arrumadinha, diria até limpinha. Acabei por dar só uns tapinhas no pão e comer assim mesmo. Aquele não era o primeiro pão que eu comia na Índia que já tinha tido contato com uma barata antes. Ele foi só o primeiro pão em que eu VI a barata que eu comi.
Isso é uma barata

São poucas as escolhas na Índia…

Outro coraçãozinho simpático cruza o meu caminho

P.s: Caros, eu vi que algumas pessoas comentaram acerca do forte, pedindo que eu colocasse mais fotos sobre ele. Não há muito a escrever sobre, pois as fotos por si só falam mais do que mil palavras. Atendendo a pedidos, coloquei fotos do Forte mescladas por esse post 🙂 Daqui a dois dias publico um outro vídeo que fiz em uma de suas muralhas que eu acho que vocês vão curtir.
A cidade de Jaipur é realmente interessante. Ao contrário do que inicialmente pode pensar o mochileiro desavisado, o título de “cidade-rosa” conferido à cidade não é por acaso. Realmente, por todos os cantos que você caminha há prédios pintados de rosa. A cidade parece uma casa de bonecas gigante.
No dia que estava decidido a conhecer a cidade de Jaipur, acordei cedo e fui logo contratar um riquixá movido a bicicleta pra poder me levar pra dar uma volta pela cidade. Saí procurando por todos os cantos e o primeiro que se ofereceu eu decidi contratá-lo. Expliquei pra ele que queria uma riquixá pra ficar comigo durante a manhã inteira e pra me levar pra conhecer os principais monumentos da cidade. Ele falou comigo que tava de boa e eu perguntei quanto ele queria pelo serviço. Já estava preparado pra ouvir o cara falar de cara que ia sair por cinco ou até dez dólares (eu queria pagar, na melhor das hipóteses, três) quando veio a surpresa:
– Tudo bem. Posso levá-lo aos principais lugares, a manhã inteira, por dois dólares
Dentro do Forte
ÃHN?!? Como assim? Dois dólares? Tá falando sério? Na mesma hora eu estranhei. Como assim o cara tava me oferecendo um preço abaixo do que eu queria pagar? Tava na cara que isso era sacanagem. Como estava querendo mesmo era que acontecesse presepada comigo (afinal não tinha nada de valor nos bolsos e ainda por cima ia render história pro blog), resolvi, escabreado, aceitar a proposta do papudinho e subi na riquixá dele. O cara parecia até ser gente boa mesmo, foi tentando me explicar, no inglês ruim dele, o que cada edifício era, quando foi construído… Resumindo, eu além de pagar um preço irrisório para um cara pra pedalar um riquixá pra mim, acabei, sem saber, adquirindo um pacote 2X1, guia e “pedalador”. Logicamente isso não ia acabar bem.
Enfim, como tava curtindo o passeio, acabei dando panos pras mangas e resolvi ficar admirando a cidade. O que me deixava mais impressionado eram os seus diversos elefantes caminhando pelas ruas e os pedestres nem aí, como se fosse a coisa mais normal do mundo (pior que pra eles era), como a gente quando se depara com um jumento andando numa calçada. Era interessante ficar admirando aquele zoológico ao ar livre, com elefantes e macacos por todos os lados. Viva a Índia.
Mas nem tudo são flores. Acho que, aproveitando o meu estado de deslumbrância com aquela cena surreal (uma cidade rosa, “empestada” de elefantes), o cara virou numa esquina e começou a pedalar a riquixá pra dentro de uma favela de ruas sinuosas e com pessoas com caras nada amigáveis. Era chegada a hora, pensei! Era a hora do bote! Peguei o tripé que eu usava para bater fotos, coloquei na mão e assumi posição de ataque esperando a primeira reação do cara anunciando o assalto para poder virar o tripé na cara dele. Fiquei naquela tensão uns dez minutos e, após isso, o cara parou em frente ao Hawa Mahal, pra bater aquela famosa foto tronxa que eu já tinha falado pra vocês. Ufa, era alarme falso. Parei, desci, bati a foto e continuei sempre alerta.

Entrada principal da Cidade Histórica de Jaipur
E por três ou quatro vezes eu ficava daquele jeito. Tirava o tripé da sacola, colocava na mão e ficava esperando a hora que ele dele me assaltar ou me levar pra uma rua onde tivesse uns malandros me esperando, sei lá… O cara tava cobrando muito barato e era isso que me encucava. Só sei que no final, ele me deixou em frente ao meu hotel e perguntou se eu queria algo mais. Falei que não. Ele só pediu os dois dólares dele. Quando eu dei, ele falou obrigado e já tava indo embora. Quando eu vi que REALMENTE nada ia acontecer e o cara REALMENTE tinha sido muito gente boa, chamei-o novamente e o entreguei mais três dólares de agradecimento. Ele ficou sem entender nada e depois agradeceu. Pô cara, no final acho que ele mereceu. Ele era GENTE BOA DEMAIS!!

Entrada do Forte
Depois, recolhido no meu aposento fiquei me perguntando. Porque será que ele foi tão gente boa? Ele além de ter sido gente boa, ainda por cima iria me cobrar MUITO barato! Pela primeira vez na minha vida, uma história que realmente me surpreendeu na Índia. Na hora lembrei a história do moleque de Kajuharo e me lembrei que, pela primeira vez, alguma história na Índia me surpreendeu com alguma pessoa sendo gente boa desde o começo.

Outra entrada do forte
Fiquei de cara…
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