Amber Fort – India

Galera, antes de postar as presepadas de Jaipur em si, posto agora um vídeo que fiz acerca do “Amber Fort”, uma das principais atrações da cidade que é cercada por fortes. O Amber Forte é um forte imenso situado a aproximadamente 10 quilômetros do centro de Jaipur. Ir em Jaipur e não visitar o Hawa Mahal ou o Amber Fort é como ir a Roma e não visitar o Vaticano. Foi construído no início do século XVII e possui influência muçulmana nas suas curvas.

O Amber Fort impressiona pelo tamanho e pela imponência. Baixei uma foto na internet para que vocês tenham uma noção do que estou falando.

Jaipur

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Como eu já havia explicado, Jaipur, a cidade rosa, é uma das cidades mais visitadas de toda a Índia por se situar no famoso “Triângulo Dourado Indiano”, a rota turística mais percorrida pelo país.

Palácio das águas em Jaipur
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Engraçado que, ao contrário das outras cidades do Triângulo Dourado, eu não me encantei absurdamente por Jaipur. Esta é bonita sim e realmente vale a visita, mas não vale a propaganda que TODO MUNDO faz. Na minha humilde opinião, essa alavancagem turística sofrida por Jaipur foi apenas mais uma acertada jogada de marketing de alguma agência de turismo européia. Pense comigo: Uma coisa é você gastar uma grana com passagem e visto pra viajar para Índia apenas para visitar o Taj Mahal. Outra coisa é você ir para a Índia para visitar o belíssimo “Triângulo Dourado Indiano! Uma rota ainda inexplorada e que vai fazer você se encantar neste impressionante país!”. Soa melhor não? Acho que Jaipur entrou no triângulo apenas por sua proximidade a Déli e a Agra. Se você for bem sagaz, em uma semana dá pra visitar todos os três lugares e voltar pra Europa pra continuar trabalhando como um miserável!

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Mas enfim, apesar disso, Jaipur é MUITO legal. Ela é a capital do estado indiano do Rajastão e possui por volta de três milhões de habitantes, enfim, uma cidade grande. Apesar de ser uma cidade grande indiana o que é mais fascinante de Jaipur é que ela mais parece uma cidade de interior. Quando você viaja pelo Brasil, você, a partir do momento que entra na cidade, consegue distinguir se a mesma é uma cidade grande ou pequena, basta apenas entrar na cidade. Se a cidade é grande, ruas largas, prédios altos, muitos carros andando pelas ruas, poucas carroças etc. Nas cidades pequenas tudo ao contrário. Na Índia não (pelo menos no Norte). Descartando Mumbai, TODAS as cidades parecem ter o mesmo nível de desenvolvimento. Seja grande, ou seja pequena, as ruas são mal planejadas, carroças disputam espaço com elefantes e carros e não há NENHUMA sinalização. Shoppings centers e prédios altos são praticamente inexistentes. Jaipur era da mesma maneira, apenas de possuir milhões de habitantes, não consegui encontrar nenhum prédio comercial alto e bonito para bater pelo menos uma foto…
Estado do Rajastão


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–>Por último, porque Jaipur é considerada a cidade-rosa? Isso ocorreu devido à vontade do Marajá que cuidava da cidade de enfeitar a mesma para uma importante visita, isso há uns 150 anos atrás. Ele resolveu pintar a cidade de rosa para poder receber a visita do Príncipe de Gales. Porque ele pintou de rosa e não de outra cor, não perguntem pra mim, mas depois disso parece que os caras gostaram da cor e hoje é a cor oficial da cidade. Por onde você anda, as lojas, as casinhas, os prédios do governo, são todos rosas. E, cara, pior que no final ficou bonito, viu? <!– /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-parent:""; margin:0cm; margin-bottom:.0001pt; mso-pagination:widow-orphan; font-size:12.0pt; font-family:"Times New Roman"; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:72.0pt 90.0pt 72.0pt 90.0pt; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;}
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Vai ver que, no final, essa parada do Triângulo Dourado faz um pouco de sentido mesmo 🙂

Esse aqui é o Hawa Mahal, a construção mais famosa de Jaipur. Como bom turista barato que sou, pedi ao cara que pedalava a minha riquixá pra ele bater uma foto pra mim. Repare na diferença da foto que eu bati (acima)
Pra que ele bateu pra mim. Vê que ele preferiu dar enfâse ao asfalto, à população caminhando pelas ruas etc. Ele preferiu retratar a parte viva da cidade a focar em apenas mais um prédio véi besta. ¬¬
Cara, eu fico de cara como hoje, com máquina digital, os caras ainda conseguem melecar uma foto sua… Arf.. 

O blogueiro volta a Deli

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Depois da mais que aprazível viagem de trem de Jansi, chegava a Deli pela segunda vez. A segunda de quatro paradas que realizei nessa cidade incrustada no meio do subcontinente indiano.
Como já havia explicado antes, em um post sobre Varanasi, apesar de estar a caminho do sul da Índia e Deli ser totalmente contramão para mim (só pra vocês terem uma idéia, o fato de eu viajar a Deli, que fica mais para o Norte, para só depois seguir para Goa, que é no Sul da Índia, adicionou mais de 800 quilômetros à minha viagem), eu decidi de última hora ir pra Deli antes que eu MATASSE alguém pelas ruas da Índia.
Cara, mas eu fiquei tão, mas TÃO de boa, tanto sem fazer nada em Deli, que eu não tirei foi nem foto dessa segunda estada por lá. O meu dia inteiro se resumia a escrever blog, ficar vendo filme ou TV e dormindo. Sério, depois de tantos, mas TANTOS dias me estressando como um corretor de bolsa de valores, eu tava mais do que merecendo uma relaxada dessas.
O cara que me hospedou era gente boa demais também. O nome dele era Kaushek e ele era advogado lá em Deli. Dizia-se pelos meandros do Couchsurfing que a casa dele tinha o “melhor teto” de Deli. Quase todas as noites nos reuníamos lá com mais uma pancada de couchsurfers para ficar tocando violão e conversando, dentre outras banalidades. Rendeu até uma história engraçada quando conheci uma norueguesa por lá. Eu conversava com ela e ela perguntava se eu tinha facebook. Falei que tinha um perfil no facebook e além disso tinha um outro perfil em um “facebook brasileiro”, tinha outro perfil no orkut. Quando falei isso, a mulher se danou a rir. E ria, e ria e eu lá sem entender nada. Ela falou que a piada tinha sido boa. “Mas não é uma piada, eu tou falando sério, eu tenho um perfil no Orkut”. E ka ka ka ka ka, a mina ria que se mijava. Depois de algum tempo e da intervenção de alguns outros indianos confirmando que o Orkut realmente existe (indianos também usam em massa o orkut) ela acreditou que eu não tava de molecagem. Depois de algum tempo, ela foi explicar pra gente que na língua norueguesa eles tem essa palavra também, “Orkut” significa algo em norueguês. A melhor foi a resposta, a palavra “Orkut” significa “orgasmos múltiplos” na língua norueguesa.
Diga aí, por essa você não esperava, né não? Quando na sua vida você ia imaginar que aquele inocente orkut que você criou pro seu sobrinho significaria “orgamos múltiplos” em norueguês? Não contavam com minha astúcia.
Outras coisas engraçadas que aconteceram foi eu ter encontrado, andando pelas ruas de Deli, um cara que tinha conhecido no Nepal. Além disso comprei uma passagem de ônibus para Agra, fiquei a ver navios e tive que adiar mais uma vez a minha ida ao Taj Mahal.
Depois de Deli segui para Jaipur, a “cidade rosa”, uma das cidades mais visitadas da Índia e que junto com Deli e Agra, formam o famoso “triângulo dourado indiano”, um das principais rotas turísticas da Índia.
O “Indian Golden Triangle” é formado pelas três perólas mais famosas da Índia: Deli, por ser a capital ; Jaipur, a cidade rosa e Agra com o mais do que famoso Taj Mahal dispensando apresentações.
Pra não deixar o post sem figura nenhuma, resolvi colocar um segundo vídeo que fiz em Orcha dentro de um dos palácios.
Abraços maranhenses

Orcha-Deli

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Depois de toda a satisfação de ter passado a perna no guia enjoado, era a hora de irmos à Jansi pegar o nosso trem.
Esqueci de falar, mas a compra do meu ticket pra Deli foi toda enrolada. Depois de Orcha, eu estava decidido a ir direto para Goa e Samanta estava decidida em ir para Deli. Ela comprou um ticket pra Deli e eu achei que tinha comprado um ticket para Goa. Quando fomos checar, o ticket que o cara da estação havia me vendido era um ticket em lista de espera, e pra melhor a situação, ainda havia umas 30 pessoas na minha frente e não parecia nenhum pouco que daria para eu conseguir viajar até Goa. Acabei acatando a sugestão da Samanta e fui comprar um ticket para ir com ela até Deli.
Quando fomos numa agência para comprar um ticket, a surpresa, não havia mais tickets no mesmo trem da Samanta em direção a Deli. Acabei tendo que comprar um ticket de um outro trem em um outro horário. Comprei o ticket e na hora me bateu um medo IMENSO!! Por quê?
Nós já conhecíamos quatro tipos diferentes de classe na Índia. A primeira classe, a segunda classe, a terceira e a classe sem ar-condicionado (portanto a pior de todas as outras classes). Além dessas classes que comprávamos, havia a classe que apelidamos de “perrengue”. Era a classe mais popular dos trens, em que todo mundo viajava amontoado e não havia nem reserva de lugar. Funcionava assim: ficava a galera em posição de ataque, esperando o trem chegar. Quando ele chegava, acontecia o que chamávamos de “o bote”. Neguinho VOAVA dentro do trem, pulando um por cima do outro! Só pra vocês terem uma idéia, o trem vinha tão cheio, que, não raro, os menos “aptos” chegavam a perder o trem porque não conseguiam se enfiar dentro dele e tinham que esperar um novo. TENSO DEMAIS!!
Quando vi a classe que havia comprado, me bateu um frio na espinha imenso. No lugar que tinha escrito “classe”, não vinha descriminado nada, apenas que minha classe era “CC”. Que diabos seria “CC”? Não tinha a mínima idéia… Como agravante havia o fato de que “CC” em português é uma palavra não lá muito agradável que, pelo menos em São Paulo, os caras se referem a alguém que está fedendo (“aquele cara tá com um CC miserável”). Não precisa dizer que fedor na Índia adquire uma conotação totalmente “peculiar”.
Fomos pra estação… Meu amigo, cada vez que eu via mais um trem abarrotado de gente, o meu medo só aumentava mais e mais. Eu fui vendo os trens chegando e fui só esperando o trem com o meu número aparecer. E cada vez mais só trem com gente pendurada na janela que chegava. Quando chegou o meu, a terrível constatação. TODAS as classes do meu trem só tinham cadeiras com as pessoas umas por cima das outras. Resignado, sem mas esperanças nenhuma, fui procurar o meu vagão. Fui indo, indo, indo… Rapaz, lá no finaaalll do trem, a surpresa. Havia um, EU DISSE UM, vagão de trem no final que tinha ar-condicionado! Rapaz, pense num menino que ficou feliz? Cara, eu nem acreditei que eu iria viajar lá!! Fiquei mais feliz que menino!! Pra melhorar ainda mais, o trem ainda tinha lugar pra plugar o laptop!
A parte engraçada foi que ao meu lado sentou uma velha que mais parecia o Wartortle do Pokémon.
A velha parecia esse bichinho daí de cima
A mulher era MUITO gorda!! Sentou do meu lado e já metade da minha poltrona. Além de gorda a mulher ainda era fedorenta, cara!! Beleza, não havia o que fazer, sentei, tampei as minhas narinas e pensei comigo mesmo que não poderia ficar pior. Não sabia que algo pior estava por vim…
Rapaz, veio a refeição. Comemos e talz, a mulher comeu até que civilizadamente. Na hora que terminou a refeição, o que ela me faz? A mulher começou a ARROTAR, maluco!! Mas não foi um arroto não!! Ela ficou soltando foi uns vinte arrotos, um atrás do outro, SEM PARAR!! A mulher ficou arrotando por quase uma hora e eu lá, sentado do lado dela e me perguntando porque eu não havia pego o trem sem ar-condicionado e apinhado de gente, pelo menos não ia ninguém arrotando do meu lado! Cara, imagina a situação, uma mulher parecendo uma baleia e arrotando sem parar do seu lado! Arf, eu quase que dei na oreia dela!
Depois de oito horas, cheguei em Deli.
Abraços maranhenses
P.s: Engraçado que quase todo deslocamento que eu tive na Índia saía uma parada louca, né? Às vezes eu fico pensando que da próxima vez quando viajar à Índia eu vou ficar é a viagem inteira dentro dos trens só pra dar risada. Heehhe
P.s2: Galera, vou só avisando que durante o carnaval não haverá posts. Quer dizer, vou postar só vídeos, coisas assim, mas não postarei acerca da viagem em si. Motivo? Bem, primeiro porque eu não acho que alguém vá deixar de pular carnaval pra ficar na internet!! Além disso estou indo passar carnaval com uma PANCADA de gringos do Couchsurfing.com. Estamos em OITO (tres franceses, um colombiano, duas alemas, uma americana e uma norueguesa) e não sei se terei acesso fácil a internet na cidade que estou indo. Além disso, claro, não levarei o laptop. É isso aí, bom carnaval pra todo mundo!!

Abraços maranhenses

Orcha e sua “fauna” peculiar (parte 2)

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ATENÇÃO! NÃO LEIA ESSE POST SE VOCÊ NÃO LEU O POST ANTERIOR “ORCHA E SUA FAUNA PECULIAR”. SE VOCÊ LER ESSE POST SEM LER O ANTERIOR NÃO VAI ENTENDER NADA E AINDA POR CIMA VAI PERDER TODA A GRAÇA DA HISTÓRIA.
Vista panorâmica dos palácios que rodeiam a cidade de Orcha

Mas então. Continuando a história. Quem matou qual era o bicho? Alguma sugestão?
Voltando ao ponto. O que era?
Assim que fui checar, no momento em que estava indo à direção ao dito cujo, a Samanta me chamou e eu virei de costas para olhá-la. Quando virei para frente de novo, o bicho tinha sumido. Fiquei ali, um pouquinho mais, tentando exercitar a minha criatividade e tentando entender que bicho seria aquele.
Quando menos espero. O que sai de trás do muro?
O King Kong? O monstro do Lago Ness? O Chupa-cabras?
Não!!! Ele!! O nosso indefectível GUIA!!
Mermão, quando eu olhei pra aquele cara, quando o olhei vindo em minha direção e arrumando as calças, me deu um nojo, mas um NOJO tão GRANDE, vocês nem imaginam. Não precisa dizer que ele não saiu com um rolo de papel higiênico na mão, né??
Atrás de uma dessas construções, que mais se parecem igrejas, estava o nosso guia se “evacuando”

Arf!! A Samanta meio que percebeu o estado de choque que eu fiquei quando sentamos nós três no táxi e fomos embora para o nosso hotel. Ela foi o tempo todo só me perguntando: Claudio, o que aconteceu? E eu só respondia que não era nada…
Ao chegarmos ao hotel, eu desci e fui buscar as malas. Quando eu volto, o esperado já estava acontecendo. Foi só eu chegar com as malas ao carro pra ver Samanta discutindo com o guia. Perguntei pra ela o que tava ocorrendo e qual não foi a minha surpresa: O espertinho tava pedindo 20 dólares pelo “tour”. Cara, depois de tanto, mas TANTO tempo sendo roubado na Índia, eu já nem esquentava mais com uma situação como essa.
Nosso guia em uma das construções

Eu, calmamente, virei pra ele e falei:
– Desce do táxi
– Mas e meus 20 dólares?
– Vinte dólares? Você não falou que estava fazendo aquilo de graça?
– Ah, mas eu fiquei o dia inteiro com vocês. Deixei serviço que eu deveria ter feito hoje por fazer e ainda por cima expliquei tudo acerca da cidade pra vocês
– Meu amigo, eu por diversas vezes lhe expliquei que não tinha dinheiro, eu, REALMENTE, não tenho e ninguém lhe pediu pra você vir com a gente. Pra falar a verdade eu por diversas vezes perguntei se não seria melhor você ficar por lá e não vir com a gente, já que parecia que tinha serviço por fazer.
– Mas…
– “Mas”, o caramba! Desce do carro.
– Mas…
– DESCE!!
– Mas…
– Taxista, se esse cara não descer desse táxi, eu vou acabar perdendo o trem que eu tenho marcado pra sair daqui a meia hora. Se eu perder esse trem por causa dele, eu não vou querer nem saber. Não vou te dar é nenhum tostão pelo dia inteiro de viagem. Pode chamar a polícia, fazer o que quiser.
Ah, meu amigo, mas tu quer fazer um taxista indiano se interessar pelo que você tá falando é falar que vai mexer no dinheiro dele. Meu amigo, eu vi o taxista pegar um pedaço de pau e dar no pescoço do guia. Não precisa dizer que não precisou nem dez segundos pra gente pegar caminho de volta à estação de trem em Jansi, né?
De Jansi era chegada a hora de seguir caminho de volta a Delhi.
P.s: Eu achando que eu ia criar um suspense muito grande acerca “de que bicho eu estava falando” e a Maricotinha foi lá e já acabou com a graça. Bicho, acho que umas duas horas depois ela já tinha postado o “bicho que era”! Arf, te odeio 🙂

Orcha


Caraca, velho… Tava olhando aqui a novela “Caminho das Índias”. Juro que quase chorei vendo as imagens de Jaipur, a “cidade cor-de-rosa”.
O melhor foi ela conversando com o taxista:
– Aqui não tem mão e contra-mão?
– Clara que não, aqui é uma democracia. Você vai pra onde quiser.
– Não tem guarda de trânsito aqui não?
– Pra que? Só pra complicar ainda mais o trânsito?
– Como faz pra atravessar a rua aqui?
– Uai, você olha pra frente, pro lado, pra trás, pra cima… Pra todo lado pode vir gente…
Impagável…
Saudade da porra da Índia…

Jansi – Orcha

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Assim que descemos do trem em Jansi, nos foi informado que em Jansi também havia um forte que merecia ser visitado. Como estávamos pilhados mesmo era em ir para Orcha, fomos logo foi procurar um táxi pra nos levar até lá. Assim que saímos da estação veio uma TURBA de motoristas pra cima da gente gritando e perguntando pra onde iríamos. Escolhi dentre eles o que tinha o maior bigode e falei pro bicho nos levar até Orcha.
No caminho inteiro, como de costume, o cara ficou tentando nos roubar, tentando nos cobrar mais caro pela corrida ou nos levar a alguns “passeios secretos“ que só ele conhecia. No caminho, pra variar, tive que ser rude com ele várias vezes explicando pro figura que estávamos pagando apenas para ele dirigir e não para ele falar (sim, eu realmente estava precisando de uma estada em Delhi pra desestressar), depois de um tempo ele desistiu e apenas nos levou para o hotel que a Samanta indicava no guia.
Chegando lá fomos logo dormir, afinal, no outro dia pela manhã, iríamos visitar os palácios que rodeavam a mais do que impressionante cidade de Orcha. Quando foi de manhã, alugamos um outro táxi pra ficar o dia inteiro a nossa disposição e depois nos levar de volta a Jansi para que pudéssemos pegar nosso trem para Delhi (tudo isso pelo incrível preço de dez reais por cabeça!). Fechamos com um taxista e fomos para o primeiro palácio.


Orcha e sua “fauna” peculiar

Ao chegar ao primeiro palácio, assim que começamos a bater algumas fotos, chamamos a atenção de um dos pedreiros que estavam trabalhando por lá. Ele, olhando que éramos turistas, resolveu vir até a gente e começou a explicar tudo acerca do palácio. Mais uma vez tive que explicar pro cara que não tinha dinheiro (eu realmente não tinha) e agradeci pelas explicações. Ele, como todos os outros, falou que não fazia aquilo porque queria dinheiro, mas sim porque ele queria apenas mostrar a sua bela cidade para todos os turistas que por lá passavam (é incrível como esses caras SEMPRE tem a mesma desculpinha barata). Depois de algum tempo insistindo em nos explicar e eu sendo BEM enfático que eu realmente não tinha dinheiro, tinha apenas cinco reais que usaria para comprar uma água (e realmente era tudo que eu tinha), ele falou que ia nos mostrar apenas aquele palácio, já que se sentia no dever moral de fazer isso por trabalhar lá. Eu como já tava de saco cheio, acabei aceitando e deixei ele ir nos guiando pelo palácio.
Local próximo ao que encontramos o “pedreiro-guia”

Realmente, o cara sacava demais acerca do lugar. O cara nos levou pra MUITO buraco dentre as vielas do palácio. Só pra vocês terem uma idéia, ele até nos mostrou o buraco aonde Nossa Majestade, digamos, evacuava. Foto postada abaixo.
Engraçado perceber que quase 600 anos depois, nada parece ter mudado no sanitário dos caras. Quer ver? Compara:
Depois de nos mostrar o palácio, agradecemos e fomos ao táxi para irmos ao próximo local de visitação. Ele veio nos seguindo e entrou no táxi sem nem pedir a nossa autorização. Mais uma vez expliquei que não tinha dinheiro e não poderia pagar-lhe, mas mesmo assim o figura entrou e foi nos explicando uma pancada de coisas sobre a cidade.
Chegamos ao segundo palácio, depois ao terceiro, depois ao quarto… E o mala sempre ao nosso lado. Quando estávamos no quarto, eu, já de saco cheio dele, pedi que ele nos aguardasse no táxi porque eu queria, pombas, ficar ao menos uns cinco minutos sozinho com a Samanta. Assim que saímos do táxi, comecei a conversar com a Samanta e ver o que poderíamos fazer, afinal, nós REALMENTE não tínhamos dinheiro. Depois de um tempo discutindo e chegando à conclusão de que não havia o que ser feito, resolvemos bater umas fotos e voltar para o táxi.
Quando estava a caminho do táxi, olhei para uma construção e, atrás de umas das suas paredes, vi algo que me deixou curioso do que poderia ser. No começo, quando olhei, pareciam duas pedras arredondadas de uma cor marrom escura. Percebi que não eram pedras porque elas começaram a se mexer. Como estava sem óculos, não consegui enxergar ao certo o que era e fiquei olhando fixamente pra aquilo tentando identificar que bicho era aquele, já que ele parecia algo como uma capivara, mas era escuro demais pra ser uma e, afinal, na Índia não devem existir capivaras. Na hora veio na minha cabeça: “Será se é um puma? Aqueles tigres que parecem umas onças e que tem coloração parda?”. Quando vi que passava um corregozinho por debaixo, comecei a pensar se o tal bicho não tava era bebendo água por lá. Por via das dúvidas resolvi checar.
Quando eu estava me aproximando, a surpresa! O bicho colocou a língua de fora!! Ai meu Deus! A língua do bicho era de cor marrom clara! Que diabo de bicho maluco era aquele, meu brother? Pombas, todos os mamíferos que eu conheço, salvo RARÍSSIMAS exceções, possuem línguas de cor avermelhadas!!! É ou não é? Tirando aquele cachorro da língua azul, não me vem mais nenhum exemplo de mamífero que tenha língua que não seja avermelhada! E, pombas, tirando mamíferos, não tinha outro bicho que me vinha à cabeça do que poderia ser aquilo. Ele não tinha penas, logo não era uma ave! Muito grande pra ser um anfíbio! Os répteis que conheço são todos verdes. Verde-claro ou verde-escuro (falar nisso, sabe pra que servem os óculos de cor verde? Pra VERDE perto!! E os de cor marrom? Pra ver MARROMENOS!!, HAHAH, hoje eu estou MUITO engraçado)*, mas sempre verdes. Peixes? Dããããã, não dá né? Importante lembrar que eu estava sem óculos, por isso não podia ver nitidamente o que era!! Mas, vamos lá: O que é o que é? É marrom escuro, tem a cabeça arredondada, vive na Índia e ainda por cima tem a língua de cor marrom clara? Infelizmente eu não detinha o Google numa hora de crise como aquela! De repente, a outra surpresa!!! A língua marrom clara do bicho foi descendo, descendo, descendo, descendo… até a hora que.. que.. até a hora que a LÍNGUA DO ANIMAL CAIU DA BOCA DELE!! Mermão!! Que bicho maluco era aquele, cara? Mermão, ele CUSPIU A LÍNGUA DELE FORA!!! Não sei por aí, mas no Maranhão não tem NENHUM bicho que cospe a língua fora, assim, sem mais nem menos. Tem no máximo uns bichos que soltam o rabo (Largatixas, no caso. Esses animais que soltam o rabo, que eu tenho CERTEZA que você pensou, não são encontrados no Maranhão. Eles têm como habitat natural no Brasil as regiões de clima mais “fresco”, com maior incidência no Rio Grande do Sul e em algumas ilhas perdidas tais qual Campinas. Blog omundonumamochila.com também é cultura).
Alguém já matou o que era? Marrom escuro, bebendo água em um córrego, cabeça arredondada e COSPE a língua fora. Chupa cabra? Parece até história de pescador, né?
Depois que eu vi o bicho cuspindo, eu REALMENTE fui checar o que era não me agüentando mais de curiosidade. Quando cheguei lá e fui checar o que era, não ACREDITEI NO QUE VI!! Sabe o que era?
Não, né? Pois então, a resposta só aparecerá no próximo post…
Abraços maranhenses
P.s: Hahaha, eu sou MUITO mal!
*Piada ridícula e totalmente fora do contexto. Sintoma de uma mente atordoada que ficou por mais de três horas, sem descanso, estudando direito constitucional.

Orcha


Após Kajuharo, a nossa próxima parada foi a mais do que impressionante cidade de Orcha. Tal cidade encontra-se situada praticamente no centro da Índia e seus palácios suntuosos são pouco conhecidos pela galera daqui do Ocidente (como quase tudo na Índia). A cidade foi fundada em 1501 pelo chefe da etnia Bundela, Rudra Prata Singh, que dentre os seus maiores feitos, morreu quando tentava salvar uma de suas vacas do ataque de um leão (mas é um Bundela, mesmo!!!! Desculpe, não resisti ao trocadilho).
O seu império progrediu por centenas de anos. Devido a isso, hoje, Orcha, apesar de ser uma cidade minúscula (aproximadamente 9.000 habitantes), é simplesmente rodeada por dezenas de palácios suntuosos que denunciam a presença de tempos áureos no passado. A cidade hoje é decadente e as pessoas basicamente sobrevivem trabalhando em Jansi (cidade grande e próxima) ou do escasso turismo dessa jóia intocada no meio do subcontinente indiano.

Chegar lá foi, como tudo relacionado a transportes na Índia, muito engraçado. Eu e Samanta nos informamos no hotel sobre quanto deveríamos pagar na rodoviária pelo ônibus de Kajuharo para Jansi (de Jansi deveríamos pagar um táxi para Orcha, já que esta estava apenas a 12 quilômetros daquela). Eles nos responderam que existiam dois ônibus: Um público e um privado. O público demorava seis horas pra chegar, saía um por dia, era velho, os bancos eram de plástico e, não raro, quebrava no caminho. O privado demorava quatro horas, saiam cinco por dia, eram novos, bancos alcochoados e sempre chegavam na hora. O privado custava 250 rúpias (algo como seis reais) e o público custava módicos 200 (algo como cinco reais).

Na hora fiquei num dilema.
“Poxa, o público pode ser ruim, mas, olha só, ele é mais barato! Se pegar o público eu economizo um real! Como sou eu e a Samanta, economizaremos incríveis DOIS REAIS!!
Tudo bem que viajaremos por mais duas horas! Mas com dois reais a mais nos bolsos!”
Decisão difícil, né? Juro que lembrei um dia em que fui almoçar num restaurante em Campinas e o garçom chegou pra mim e disse que eu poderia escolher dentre dois acompanhamentos: Lasanha e… Abóbora!! Lasanha e o que, homi? Ãhn?!? Eu quase que falei pra ele “O senhor tá de sacanagem? Tá tirando onda com minha cara? Traz logo essa abóbora!! Mas é claro que eu vou preferir abóbora!”. Juro que na hora que o cara me falou a diferença dos preços eu quase falei pra ele me dar o público só de sacanagem!!! Perguntei por que tem gente que prefere pagar pelo público e ele falou que não sabia, que apenas me contava as duas opções por via das dúvidas.

Fomos pra rodoviária e a única parte interessante que lembro ser necessária citar foi o cara do balcão da rodoviária querer me cobrar 500 rúpias pela passagem que eu já sabia que custava 250 rúpias. Enfim, adotei a tática do “esmurre a mesa e grite quando você sabe que o cara está te roubando” e, depois de uns dez minutos, ele me vendeu a passagem pelo preço correto. Se tem uma coisa que não podemos negar é que, pelo menos em relação a tentar te roubar em todo canto, a Índia é um país quase que homogêneo.
Enfim, embarcamos para Jansi e de lá pegamos nosso táxi para Orcha.
E aqui começa mais uma de nossas aventuras…
P.s: Pra galera que anda perguntando onde estou. Encontro-me postando em Brasília, mas amanhã chego a São Luís. Se alguém quiser marcar de tomar uma cerveja ou algo assim, pode deixar uma mensagem.
P.s2: Perguntaram-me se aquela Índia que aparece na novela “Caminho das Índias” existe mesmo ou é ficcional. Sim, aquela Índia existe mesmo! Cara, a Índia é um pais fascinante e, como já falei várias vezes, foi meu país preferido. Ainda não postei quase nada das cidades em que viajei na Índia. Vocês estão com uma má impressão da Índia porque até agora eu só postei algo relacionado às partes ruins, que foram minoria, diga-se de passagem. Agora que estou começando a postar as verdadeiras jóias arquitetônicas da Índia, com Orcha cumprindo perfeitamente o papel de um grande “abre-alas” vocês vão ver porque a Índia foi meu destino preferido.

Um coraçãozinho simpático cruza nosso caminho…

Em um dos primeiro monumentos que chegamos, um simpático menininho veio falar com a gente! Ao ver a Samanta, ele imaginou que ela fosse japonesa e já foi falando japonês com ela, sendo prontamente respondido (Samanta fala japonês). O moleque parecia ter uns oito anos, mas era realmente todo invocado! Depois de algumas ignoradas nele e diversas vezes falando que não tinha dinheiro, o moleque falou que não queria nada não, que ele só queria era conversar em inglês com a gente porque isso era importante pra ele ir bem na escola.
De começo eu não engoli aquela. Pombas, tava na cara que isso era o golpe clichê de não querer nada no começo pra depois tentar te arrancar uma grana. Depois de algum tempo tentando enxotar o moleque, acabamos realmente indo na dele e conversando. Ele contava sobre os monumentos, sobre como era a escola dele, sobre como era a vida na Índia, como se chamavam os seus coleguinhas etc. Cara, o menino era REALMENTE muito simpático e era uma criancinha muito fofa! Ele ficava brincando com a gente pedindo pra gente falar um país pra ele acertar a capital! Confesso que fiquei MUITO feliz quando o moleque falou que a capital do Brasil era Brasília, não Rio de Janeiro (ou pior, Buenos Aires :P).
Sabe aquele jeito que uma criança age quando vê uma novidade? Fica toda alegre e sorridente? Não pára de falar e fazer perguntas e talz? Ele tava assim, me perguntando sobre o Brasil, como era viver em Brasília etc. Basicamente nós éramos a novidade pra ele! Cara, UM AMOR! Gostamos tanto desse menino que resolvemos convidá-lo pra ir nos outros monumentos com a gente. Ele aceitou e foi nos acompanhando pedalando a sua bicicletinha.
No outro monumento ele já foi logo explicando tudo pra gente e enxotando os outros guias, todo serelepe! Quando foi no final deste monumento eu resolvi falar com ele. Expliquei que ele era um menino muito simpático, que nós os adoramos e que eu estava triste de não ter nem um dólar no meu bolso pra poder dar pra ele retribuindo tamanha cordialidade dele para conosco. Cara, eu realmente tava liso, porque senão, hipnotizado, teria dado era uns 50 dólares pra ele!
Ah cara, mas na hora que eu falei que eu não tinha dinheiro pra dar a ele, o menino pegou ar! Rapaz, o moleque ficou muito bravo! Começou a falar rispidamente comigo, irritado, que ele não estava pedindo dinheiro pra mim e que eu parasse de ficar falando de cinco em cinco minutos pra ele que eu não tinha dinheiro! Que se eu não era uma pessoa boa e só fazia as coisas por interesse que eu respeitasse as pessoas dignas (no caso ele), pois elas nem sempre aparecem na sua vida! Que ele fazia aquilo porque ele gostava. Que se ele quisesse ficar esmolando ele vestiria uns trapos e iria pedir dinheiro como os mendigos no mercado! Rapaz, basicamente ele me humilhou…
Nessa hora eu baixei a cabeça, coloquei o rabo entre as pernas e me senti MUITO culpado! Mas me senti mesmo! Pô, cara! Os adultos querendo se passar por alguém legal só pra pegar o seu dinheiro você entende, mas pô, ele era apenas uma criança! Realmente calei a boca e segui o passeio com ele nos seguindo de bicicleta.
Quando estava pra escurecer ele falou que precisava voltar pra casa dele senão a mãe dele ia colocá-lo de castigo. Como já tínhamos feito amizade, ele nos perguntou se não queríamos visitar a sua vila e ter uma experiência de como as pessoas vivem na Índia. Quem sabe até visitar a sua escola. Falamos que não porque estávamos bem cansados e queríamos voltar logo pra casa. Ele perguntou mais uma vez e dizemos que não. “Tem certeza?” “Sim, vamos voltar pro hotel”. Na hora que ele foi embora, a Samanta ainda quis dar uns trocados pra ele dizendo “Pega pra você comprar um pirulito”. Acredita que ele não aceitou? Falou que tava tudo bem, que só o fato de ter passado a tarde inteira com ele seria o seu pagamento. Rapaz, o moleque era gente boa mesmo…
Cara, depois que voltamos pro hotel eu fiquei comentando com a Samanta sobre como a gente deve ter perdido oportunidades de conhecer pessoas maravilhosas na Índia devido a nossa maneira de tratar as pessoas de uma maneira ríspida e o fato de pensar que todo indiano que vem falar com a gente é mau caráter em potencial. Aquele menino me fez aprender muito sobre como perdemos grandes oportunidades baseados em preconceitos, me lembrando um outro post (confira a história aqui). Ela concordou muito comigo. Expliquei pra ela como havia me comportado no trem horas antes de ter chegado em Kajuharo, sobre como tinha sido imbecil com indianos que nada tinham a ver com o fato de outras pessoas, totalmente diferentes, terem me roubado antes de eu viajar pra Kajuharo. Falei pra ela que estava muito arrependido por isso e ela me tranqüilizou e falou que todas pessoas erram, que bastava eu não fazer mais isso que tudo ficaria tranqüilo. Fizemos um pacto de tratar melhor os indianos depois daquela prazerosa tarde com aquela criança que em um dia de passeio e sem instrução nenhuma havia nos ensinado MUITO mais do que professores com doutorado que tivemos em nossas universidades.
Fui tomar banho. Quando estou no banheiro eu só escuto a Samanta gargalhando, mas gargalhando ALTO, menino!
Me enxuguei, botei a minha roupa e fui ao encontro dela entender o porquê dela estar rindo tão alto e tão intensamente e ela me mostrou porque. No guia do Lovely Planet que utilizávamos para obter informações de viagem sobre a Índia, ela me mostrou um texto escrito em NEGRITO pedindo MUITA atenção pra qualquer pessoa que viajasse a Kajuharo. O texto dizia mais ou menos assim:
“Cuidado ao viajar para Kajuharo. Esta cidade possui um dos mais criativos e perigosos golpes da Índia. Não estamos falando dos indianos amigáveis que irão se aproximar de vocês nos monumentos aparentemente apenas pra conversar e depois pedirão dinheiro pelas informações. Estamos falando de algo bem pior. Vários viajantes já nos escreveram relatando que ao visitar alguns dos monumentos de Kajuharo, uma simpática criança começava a puxar papo com eles. A criança aparentemente não queria nada em troca e recusava-se a aceitar qualquer dinheiro ou presente, alegando que estava conversando com turistas por recomendação da escola. Confiando-se no fato de que era apenas uma criança e, portanto, não poderia fazer tanto mal, eles simplesmente iam conversando e dando corda. Após adquirir a confiança dos viajantes, a criança os convidava para visitar a sua vila a alguns quilômetros e conhecer mais a sua maneira de vida.
ATENÇÃO, NÃO ACEITE!
Ao chegar lá ela a levará para visitar algumas casas e no final uma escola. Na escola vários alunos e uma professora estarão lhe esperando. Depois de explicar-lhes algumas coisas, no final a criança que o levou irá cobrá-lo uma quantia absurda pelo passeio, cem dólares ou mais. Caso você se recuse a pagar as pessoas serão cada vez mais agressivas e se recusarão a levar-lhe de volta para o seu hotel. Invariavelmente, quase todas as pessoas que resolveram ir a este local gastaram alguns dólares para se verem livres deste golpe.
Cara, na hora que eu li isso vocês não imaginam a minha indignação. Pombas, era só uma criança, cara! Filhadaputinha desde menino! Me lembrou algo que tinha ocorrido comigo no Nepal (link da história aqui).
Depois eu fiquei até pensando. Será se ele realmente fosse uma boa pessoa ele faria toda aquela ceninha quando eu ofereci grana pra ele? Será? Pensem se fosse vocês. Se fosse comigo e eu me oferecesse pra poder ajudar um gringo em São Luís e o cara no primeiro momento achasse que eu queria roubá-lo ou algo do tipo, eu não faria uma ceninha daquela. Eu simplesmente levaria em consideração que ele já deve ter passado MUITO por isso no Brasil e ele simplesmente está calejado. Eu explicaria pra ele mais uma vez o porquê de estar ajudando e levaria de boa. Acho que na hora que o moleque fez aquela ceninha ele entregou o golpezinho barato (na verdade, caro) dele.
Enfim, antes de dormir fiz uma oraçãozinha aos Santo Protetor dos Mochileiros e pedi encarecidamente que o mesmo faça aquela pobre e inocente criancinha arder para sempre no mármore do inferno.
E, depois dessa, mais do que nunca, voltei a tratar os indianos à velha maneira.
Abraços maranhenses
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