Mudança de planos

A cada dia que se aproxima a data da minha viagem pro Havaí eu vou cada vez mais ficando mais ansioso. Não vejo a hora de sair dessa vida de trabalho de manhã, de tarde e de noite e cair de vez na viagem propriamente dita.

Houve uma mudança de planos. Eu estava planejando viajar pelo Japão e depois prosseguir viagem pela China e Coréia do Sul. Só descobri esses dias que, não sei por que cargas d’água, brasileiros não podem aplicar pra visto de turista estando aqui nos EUA. Não é que meu visto foi negado, a parada é que eles SEQUER aceitam que você aplique estando daqui.
Uma das explicações mais plausíveis que achei foi que, devido ao grande fluxo de brasileiros descendentes de japoneses de volta ao Japão, os japoneses encontram-se mais cautelosos em relação aos brasileiros ou latinos em geral. Essa cautela se explica pelo fato de que muitos brasileiros que adquirem cidadania japonesa e voltam ao Japão, muitas vezes não conseguem se acostumar com a cultura (cá entre nós, cultura japonesa é um pouquinho diferente da cultura brasileira) e acabando se envolvendo com a criminalidade. Um amigo meu que morou lá durante cinco anos, falou que os brasileiros que vivem no Japão são como os mexicanos que vivem aqui nos EUA, em sua maioria vistos como possíveis criminosos e tráficantes..
Tudo bem, existem alguns males que vem para o bem. Pesquisando mais pude perceber que ia gastar MUITA grana no Japão, já que o país é MUITO caro (uma banana lá pode custar a bagatela de um dólar) e meu orçamento não tá essas coisas. Refiz o meu trajeto de viagem e cheguei até mesmo a cogitar em ir pra Nova Zelândia e depois Austrália, mas também abandonei a idéia devido, mais uma vez, ao fato de tais países serem ricos e, portanto, caros. Tou pensando mesmo é em adicionar mais paradas na Europa e mudar minha passagem pra pousar diretamente em Brasília, o que quebraria um galho já que é mais próximo de São Luís.
Tirando esse fato da passagem, a outra dor de cabeça que eu tou tendo é que, justamente NO ANO EM QUE RESOLVO VIAJAR, acha de estourar essa crise dos Estados Unidos e desvalorizar o dólar em nível mundial. O que mais me assusta, com certeza é a valorização absurda que o Euro vem sofrendo, o que me faz cada vez mais acreditar que o mochilão na Europa vai ficar pra próxima. Heheheheheh

Saindo do emprego

Já que estou quase pra ir embora, resolvi logo avisar a chefe da doceria pra ela não ter problemas em contratar uma nova pessoa para ficar no meu lugar. Eu já estava suspeitando e depois ela me confirmou que a minha saída vai dar um problemão pra ela, já que, achar alguém que deseja trabalhar como Dishwasher, recebendo o salário mínimo, nos Estados Unidos, está cada dia mais difícil.
Existe aquele velho clichê que alguns pseudo-intelectuais sempre colocam como se fosse um fato indiscutível. Há vários empregos que “americanos não querem trabalhar” porque são muito pesados e americanos são preguiçosos e frescos, portanto não querem fazer esse tipo de trabalho. Esse pensamento tem o seu quê de verdade, mas não porque, como pregam esses imbecis (na maioria professores de História ou Geografia do segundo grau), americano é preguiçoso, mas sim porque precisa ser muito burro pra poder querer trabalhar num emprego desses sendo americano.
Para exemplificar vou falar do meu perfil assim que cheguei aqui nos EUA. Brasileiro, com inglês macarrônico, visto de trabalho legal, mas temporário. No meu primeiro dia de trabalho não tinha casa, registro de trabalho, não tinha experiência e não conhecia ninguém. Apesar de todos esses problemas, em três semanas já tinha arrumado casa e trabalho de 40 horas por semana, super sossegado e que me paga 10 dólares por hora. Agora me responda, pra que diabos um americano, com todos os documentos, que conhece várias pessoas aqui na cidade (portanto se quiser arrumar trabalho é só ir perguntando pros amigos que rapidamente pode achar), tem inglês como língua mãe e pode trabalhar aqui pelo resto da vida (uma garantia importante pra quem vai contratar) vai querer trabalhar num emprego, que é pesado como sono de surdo, ganhando 8 dólares por hora? É CLARO que eles não querem trabalhar com isso. Se nem eu, que tenho visto de trabalho temporário queria um trampo desses, pra que um nativo vai querer se meter nessa?
O mais interessante não é isso, o mais interessante é que nem os amigos que moram comigo, que só podem trabalhar ilegalmente, querem trabalhar como Dishwasher. Porque eles não querem trabalhar como lavadores de prato? Apesar de ilegais, todos falam inglês muito bem, logo podem conseguir um trabalho igual ao meu do hotel ou como caixas de loja de conveniência. O contratante também pode se dar bem, já que pode adquirir mão-de-obra extremamente qualificada, educada e com um inglês satisfatório pagando um salário mínimo (já que como estão ilegais, eles aceitam trabalhar recebendo menos). No final acaba saindo bem pra todo mundo.
Deu pra entender? É por isso que só mexicano, totalmente ilegal, que acabou de pular o muro e não fala nenhuma palavra em inglês, costuma aceitar um trabalho como esse. Eu só aceitei esse trabalho porque eu já estava quase para ir embora dos EUA e ninguém ia me contratar pra trabalhar por apenas um mês em um trabalho razoável. Ainda sim, deixei bem claro pra dona da parada, que só aceitava trabalhar lá se recebesse um pouquinho mais que o mínimo, afinal, tenho meu orgulho, né?? Hehehehe.
Isso tudo, é pra demonstrar que fechar as portas do país a imigração de mão-de-obra barata, pode levar, a curto prazo, a uma crise na economia. Se passasse no Congresso aquela lei que os republicanos queriam aplicar, de que, estar ilegal no EUA passaria a ser crime, o país ia desforra. Hoje, se você é pego ilegal nos EUA, eles apenas te colocam numa caixa e te mandam pra casa. Se ficar ilegal nos EUA fosse crime, você ia ser pego, julgado e se condenado teria que pagar uma multa ou amargar uns meses na cadeia, o que faria muita gente voltar pra casa.
Se hoje já está difícil arrumar pessoas para trabalhar em serviços caros e mal pagos, imagina como seria se todos os ilegais voltassem pra casa? Além de faltar gente pra trabalhar, eles iam precisar pagar MUITO mais caro pros americanos aceitarem trabalhar com isso (se pagassem 12 dólares por hora pra lavar prato eu largava fácil o meu trabalho de recepcionista). Imagina os fazendeiros tendo que pagar 20 dólares por hora pra ter quem trabalhe na colheita? Isso ia aumentar consideravelmente o preço final do produto deles e seria impossível competir com um país como o Brasil que o salário mínimo pago em um mês é igual ao que eles pagam em três dias de trabalho…
Simples fechamento dos portões da imigração levam ao caos. Você pode até aumentar o salário da sua população média ou de baixa qualificação, mas perde muito em competitividade. Por isso que os governos dos países desenvolvidos tentam sempre controlar e chegar a um meio termo entre bons salários e competitividade.

Trabalho entre mulheres

Cara, uma outra característica de só trabalhar com mulheres, além de não ter um brother pra comentar dos atributos femininos das companheiras de trabalho, é que tudo, absolutamente tudo, é motivo pra estourar um barraco dentro da doceria.
Primeiro teve um dia em que uma mulher, pra poder entrar e comprar uns bolinhos, estacionou o carro em local proibido e levou aquela canetada! Ah rapaz, não prestou! A dona da loja foi que parecia um bicho pra cima da guarda de trânsito gritando que aquilo não tava certo, que a mulher só tinha parado ali por alguns minutos e pê pê pê pê pê. Ichi, mas abriu aquele barraco no meio da rua, com todo mundo gritando com todo mundo e xingando.
Tecla Pause
Cara, é engraçado como o simples fato de você começar a trabalhar com uma vassoura, mesmo que por alguns minutos, parece fazer com que encarne uma alma de empregada doméstica dentro de você. Falo isso porque não importa o que aconteça, sempre que rolar algum babado forte na sua casa, a primeira pessoa que vai saber sempre vai ser a empregada. Comigo é a mesma coisa! Rola um babado fortíssimo na doceria, eu sempre sou o primeiro a saber e a postergar a fofoca pra todo mundo!
Tecla Play
Eu, vendo aquela papagaiada toda, com a vassoura a tiracolo (e conseqüentemente a alma de empregada…), também não me fiz de rogado, fingi que ia varrer do lado de fora e meti a cara pra ver o que tava rolando. Depois de alguns minutos de ameaças de ambas as partes e da minha torcida pra elas se atracarem, acabou que não deu em nada. A policial saiu xingando a dona da doceria, que saiu xingando a policial e a cliente foi embora com os cupcakes e a notinha da multa na mão. Após a contagem entre mortos e feridos, descobri que o barraco inteiro rolou por causa de uma multa estacionamento de meros quarenta dólares. Dá pra acreditar nisso? Por quarenta dólares, a dona da doceria quase levou uma “voz de prisão”! Pombas, é mais barato que no Brasil…
O outro barraco é que tem uma menina que trabalha duas vezes por semana que fala mais que o homem da cobra. Eita, mas a menina parece uma metralhadora, não pára nunca… Ela fala tanto que até as doceiras não agüentam mais ela. Outro dia eu cheguei pra trabalhar e tava a Sarah, a gerente gente boa, sentada no escritório olhando pra cima. Perguntei se ela tava pegando um break (intervalo) e ela falou que tava lá porque não agüentava mais ouvir a menina falando. Ixi, mas quando termina o horário dessa menina é todo mundo falando mal dela.
Eu que já perdi um emprego uma vez porque falava demais até me solidarizei com a pobrezinha. Eu sei como é essa vida de ninguém entender as pessoas que falam pelos cotovelos…

Claudiomar e a volta ao mundo em: Pra não dizer que não falei das flores

Amigos, pra não dizer que não falei bem da cidade, posto a foto abaixo. Gosto bastante dela porque ela ilustra o que Santa Bárbara tem de mais bonito, que são as montanhas ao fundo. Andando por aqui, fica a impressão de que a cidade meio que contorna essas montanhas. Elas costumam ficar azuis ao nascer do dia, como pode ser visto nessa foto que tirei ao sair do trabalho (sim, dessa vez falei certo, “nascer do sol”, ao invés de “pôr-do-sol”).

No decorrer do dia deixam um visual bem legal pra se ficar admirando, como pode ser visto nessa foto abaixo que tirei logo após comprar meu PSP (glorioso PSP!!)

Gostaria de agradecer as diversas pessoas que vêm postando no blog, me adicionando no MSN ou mandando e-mails. Fico feliz que várias pessoas estejam lendo e gostando desta fase que ainda é algo como um “aquecimento” para minha viagem, portanto tende a ser um pouco mais monótona. Só gostaria de pedir atenção as pessoas que não conheço e que costumam postar no blog para deixar os seus contatos se quiserem conversar sobre algo relacionado à viagem. Já aconteceu algumas vezes de alguém postar nos comentários pedindo alguma resposta e não deixando o contato. Aí fica difícil, né? Hehehe
No mais é isso, o blog dessa vez vem com uma história do “RÁPA” chegando pra conferir a nossa doceria e fotos dos utensílios do nosso amigo ucraniano. Dessa vez não vou pedir desculpas pelo atraso no blog, pois demorei a postar pelo simples fato de não ter assunto. Essas duas histórias que vos escrevo só foram acontecer após o período normal de postagem do blog.

Sujou! Sujou!

Cara, esses dias aconteceu algo engraçado lá no trabalho!
Cheguei, como de costume, às três horas pra poder trabalhar e, quando entrei na cozinha, notei que havia alguém diferente. Pra falar a verdade era um homem e não era dishwasher.
De início, já deu pra notar que o nosso amigo detinha modos estranhos, já que, ostentava uma bela pochete amarrado à sua cintura. Pô, cara, tem gente que fala que usa pochete porque a parada dá uma ajuda danada, mas, pra mim, aquela singela bolsinha amarrada na barriguinha proeminente deixa com um ar de fresco indescritível… Mas pois é, pela pochete eu pude perceber que algo bom não estava por vir.
Beleza, como de costume fui direto ao banheiro pra poder trocar a minha camisa e colocar a camisa do trabalho. Quando saio do banheiro, a chefe foi lá e me apresentou a figura. O cara era, nada mais, nada menos, que o representante da vigilância sanitária chegando à doceria! Mermão, resumindo, o cara era o “RÁPA”!! A casa caiu!!
Pela primeira vez na vida, após várias cozinhas já trabalhadas, tive contato com alguém da defesa sanitária. A maior ironia é que pela primeira vez a cozinha não era infestada de baratas e nem eu não torcia para que os responsáveis pela cozinha rodassem.
Mas beleza, fui lá e já comecei a agir como todo brasileiro age quando está diante de uma autoridade que tem poder pra azucrinar a sua vida: Sorrindo e tentando ser o mais simpático possível. De antemão, quando ele me foi apresentado, falei um “prazer meu nome é Claudio” e fui lá cumprimentar o figura. Foi quando veio a melhor parte. Estendi a mão e fiquei no famoso “vácuo”, já que o nosso amigo, o “senhor de pochete” se recusou a apertar a minha mão com a justificativa de que “já tinha lavado as mãos” (!!!!). Nessa hora, definitivamente, deu pra perceber que o nosso amigo pertencia ao grau mais alto de frescura, daqueles que na hora de transar, tiram a roupa, dobram, colocam em cima do criado mudo e depois consumam o ato. Porra, o que será que ele quis dizer com “já lavei as mãos”? Tá certo que eu sou o Dishwasher e faço todo o trabalho sujo da parada, mas caramba, o cara não tava ali pra cozinhar, tava só pra fiscalizar! Além disso, o cara tinha um tique MUITO irritante de ficar apertando e soltando a tampa da caneta que ele tinha na mão. Típico ato de nerd idiota.
Tentei, na medida do possível, ignorar a existência de um cidadão com poder de vida e morte sobre meu emprego dentro da cozinha e fui lá fazer o meu trabalho, fui terminar de lavar os últimos utensílios de cozinha que ainda jaziam na minha pia pra depois começar a lavar o chão. Rapaz, mas foi eu ligar aquela torneirinha da pia, pro senhor pochete começar a me azucrinar e a me falar uma pancada de coisa pra fazer. O pior que o inglês do bicho era enrolado que só rabo de porco e eu não conseguia entender nada. Enfim, em situações como essa é só balançar a cabeça e fingir que tá entendendo tudo.
A melhor do figura, foi quando o nosso amigo descobriu alguns ovos que se encontravam fora da geladeira. Ixi, mas ele soltou as penas quando viu aquilo. Soltou a franga mesmo!! Com as mãozinhas balançando no ar e tudo!! Falou que não podia, que não era permitido, que ovos NUNCA deveriam ficar fora da geladeira a não ser na hora que fossem consumidos. Pagou um sermão pra dona da parada, pegou os ovos e foi jogar fora na lixeirona que a gente tem na parte de trás da cozinha. O cidadão fez questão de jogar os ovos pessoalmente porque pareceu que ficou com medo da gente tentar reutilizar aquelas paradas. Tudo bem, foi lá atrás e, na hora de jogar os ovos fora, fez a gentileza de deixar cair metade dos ovos na parte fora da lixeira, fazendo uma bagunça danada e, claro, colocando tudo na conta do Dishwasher, que tinha deixado os carpetes da cozinha pra secar próximo ao local e depois teve trabalho em dobro, lavar os carpetes e lavar o chão que o imbecil sujou inteiro.
No final o senhor pochete foi embora e acabou não aplicando nenhuma multa, mas deixou avisado que ele ia voltar depois de duas semanas pra ver se tudo estava em ordem (leia-se: os ovos estavam na geladeira) e que a visita ia custar a bagatela de 150 dólares por hora
Façam as contas…

Ucraniano metrossexual

Rapaz, esse Ucraniano tem dias que me deixa com medo, brother! Cara, esse bicho cada dia que passa deixa transparecer um ar de fresco que vai me deixando cada vez mais preocupado. Primeiro que ele já tem aquele jeitinho de “menino rebelde vestido pela mamãe”, já que, apesar de andar com algumas roupas “descoladas”, todas são de marcas e tudo sempre combinando com tudo (cinto com sapato, camisa com bermuda etc.).

Agora, o que mais me faz estranhar a figura é que o bicho passa o dia inteiro se embelezando e se enchendo de creme. Mas é creme pra hidratar a pele daqui, creme pro cabelo, creme pra cá e creme pra lá. Só vocês vendo! Não sei vocês o que acham disso, mas cara, eu vim de um lugar que o cara pra ser MACHO só pode usar um tipo de creme, que é o creme dental e olhe lá (já que até protetor solar tem o seu “quê”de viado)! Pode me chamar de machista ou o que for, mas essa parada de ficar “se cremozando” todo pra mim é coisa de fruta.

Pois então, estávamos discutindo essa parada desses cremes dele quando ocorreu o seguinte diálogo:

– Porra Jay! Pára de ficar passando esses cremes o dia inteiro, brother!

– Ah Claudio, me deixa, cumpade! Eu curto “cuidar de mim mesmo”.

“Cuidar de mim mesmo”, pra quem não sabe, é a senha que todo viado ou metrossexual (que pra mim é a mesma coisa) usa pra poder justificar os gastos de 40% do seu PIB em produtos de beleza. A situação começava a ter um alto valor de periculosidade. Fiz a seguinte pergunta já com medo da resposta:

– Cuidar de mim mesmo? Porra Jay, tu virou metrossexual agora?

– Como assim agora? Eu sempre fui metrossexual, cara! Qual o problema? As minas curtem sabia? As minas curtem os caras que cuidam de si mesmo, que tratam de sua pele e dos seus cabelos!

AAAAhhhhhhh!!! Medo!! MUITO MEDO!!

Pra quem não sabe direito o que é ser “metrossexual”, vai o link da Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Metrossexual que tem uma explicação muito boa sobre o que é ser metrossexual. Leia antes de continuar lendo no blog.

A definição da Wikipédia é boa, mas eu prefiro uma definição de metrossexual que eu li certa vez pela internet. Segundo tal definição, “metrossexual” é o cara que se veste como viado, age como viado, fala como viado, tem aparência de viado, mas diz que não é viado. Dizem eles que, no século XXI, o homem está mudando a maneira de se ver e está deixando de lado alguns preconceitos pra poder cuidar mais de si mesmo. Pois brother, essa conversinha barata comigo não cola! Imagina a ceninha na mesa de jantar:

– Pai, o senhor tem que o novo creme pra pele que eu comprei, ele é SUPER!!

– Uau, meu filho!! Que legal! Falando nisso que horas vamos ao salão de beleza pra fazer nossas unhas?

AAAAAAAAAAHHH. Não dá, cara! Comigo, são duas gerações que nunca vão colocar qualquer creme, a minha e a do meu filho, porque se meu filho vier com essa história de colocar cremizinho na pele, vai levar muita porrada!

Então, falei disso tudo só pra poder postar uma foto do armariozinho do Ucraniano pra vocês verem como é “meiga” a parada.

Não armei não! É assim que ele deixa arrumado mesmo! Com o cachorrinho olhando pra gente e tudo! Ele gosta desse cartão porque foi dado pela namorada dele, a Sachi, uma outra japonesa que mora por aqui. Eles tão namorando há algum tempo já. Inclusive outro dia ele tava até reclamando que ela nunca ligava pra ele:

– Mas Jay, você mora JUNTO com ela!

– Sim, mas trabalho sozinho por mais de 8 horas todos os dias. Às vezes me sinto sozinho! Custava ela ligar?

O cara já tá desse jeito… Heheeheheeh

Apesar desse leriado todo, não queria que as pessoas achassem que eu estou difamando o cara. Ele é o meu melhor amigo aqui em Santa Bárbara, realmente parece ser heterossexual e com certeza já pegou bem mais mulheres que eu nessa vida. Mas zoar com alguém nunca é demais… hehehehe

Ao ver que eu batia fotos do armarinho dele, ele perguntou o que eu tava fazendo. Falei que tava batendo algumas fotos dos cremes de beleza dele pra depois postar no blog. Se ele ficou puto? Que nada! Ele ficou foi todo feliz e foi lá abrindo a gaveta dele dizendo que lá tinham mais cremes!

Quando perguntei se tinha problema eu colocar as fotos no blog (eu nem ia colocar, era só pra depois tirar onda com ele mesmo), ele falou:

– Claro que sim, Claudio!

– Ué, Jay, mas você faz questão que eu coloque?!?!

– Claro que sim, cara! Assim quando eu for ao Brasil, as suas amigas vão ver que “eu me cuido bem” e eu vou pegar geral!

Não vou estranhar o dia em que entrar no quarto e ver o bicho com a cara toda branca, cheia de creme e duas rodelas de pepino em cima dos olhos.

Claudiomar e a volta ao mundo.

Prezados, resolvi nos próximos posts escrever algo que há algum tempo vinha pensando em escrever, mas vinha sempre postergando. Um é sobre a espiral do consumo do American Way of Life e a outra relacionada a cultura brasileira fora do Brasil e como eles nos vêem.
Além disso, achei interessante colocar os diversos lugares que já acessaram o blog. Engraçado como tem vários países diferentes, uns que não falam nada de português (penso que sejam alguns amigos que estão fazendo intercâmbio no exterior…).
E galera, por último… Algumas pessoas já tinham vindo me perguntar e eu tinha cometido a injustiça de não citar. Além da grande ajuda do meu amigo Zé Modesto (sim, esse é o nome dele mesmo), que registrou o domínio pra mim, o blog também conta com a parceria de um importante blog da internet, o portal Mhário Lincoln do Brasil. Se vocês estiverem afim de se atualizar sobre diversas notícias, vale a visita… http://www.mhariolincoln.jor.br… O Mhário sempre deu muito apoio pro meu blog e desde os blogs da Austrália ele vem me publicando…

abraços maranhenses

MAIS SOBRE COMO É TRABALHAR NOS ESTADOS UNIDOS

Cara, o trabalho de Dishwasher (lavador de pratos) tá sendo bem legal. Não está sendo tão pesado quanto me falaram que ia ser (às vezes eu acho que tem gente muito frouxa mesmo, eu nunca “pedi água” trabalhando de Dishwasher), mas também não tem a gloriosa, majestosa, esplendorosa Dishwasher Machine que tanta companhia me deu quando eu estava trabalhando na Austrália. Enquanto na Austrália eu era um “Dishwasher de Luxo” como eu mesmo gostava de dizer, aqui nos EUA a parada é mais dura, já que tenho que lavar os pratos com as mãos. No final até que não acaba sendo tão difícil, já que trabalho numa doceria, logo não tenho pratos e talheres pra lavar nem grandes panelas. Geralmente lavo ferramentas de cozinha normais, que basta apenas jogar água quente para poder lavar de boa. A parte ruim do trabalho mesmo é, como já disse, a limpeza das mesas e do piso quando termino o meu expediente, mas já tou acostumando.

O que me deixou um pouco chateado trabalhando naquele lugar é que tudo é muito tranqüilo e quase nada de errado ou não-usual ocorre lá dentro. Isso é bom porque o trabalho fica mais fácil, mas é ruim porque eu fico sem história pra contar, e uma viagem sem histórias acaba ficando sem a menor graça.

Mas o fator que mais me chateou desde quando comecei a trabalhar lá foi, paradoxalmente, que naquele lugar só tem mulher. Antes que você comece a achar que estou jogando no outro time, gostaria de explicar. Beleza, é super legal ter várias mulheres perto de você e convivendo quase que diariamente. Até aí não há problema! O problema começa quando SÓ tem mulher e não tem nenhum brother pra você ficar confabulando quando está dentro da cozinha, principalmente alguém com quem você consiga se comunicar, já que o outro Dishwasher é meio bobão e não fala inglês direito. Como é que faz? Como faz pra conversar sobre futebol? Sobre como vai ser a balada? Mermão, vocês pensam que é brincadeira, mas a parada é complicada mesmo!! 

 

Gostou do post? Então curta nossa página no www.facebook.com/omundonumamochila para sempre receber atualizações.
Quer entrar em contato direto com o autor ou comprar um livro? Clique aqui e tenha acesso ao nosso formulário de contato!
Quer receber as atualizações direto no seu e-mail? Cadastre-se na nossa mala direta clicando na caixa “Quero Receber” na direita do blog
Se gostou das fotos, visite e siga nosso Instagram para sempre receber fotos e causos de viagens: www.instagram.com/omundonumamochila

Como é o American Way of Life, “a espiral do consumo”?

Cara, eu ia postar algo relacionado ao American Way of Life alguns blogs atrás, mas preferi analisar mais algum tempo e conversar com mais pessoas, para não fazer uma análise baseada em apenas um indivíduo…

Assim que cheguei aqui nos EUA, o Orlando, aquele gerente do hotel, tinha me falado do furor da sociedade americana pelo consumo e como isso parece escravizar as pessoas na espiral do “preciso trabalhar mais para poder comprar mais” ou “ainda não tenho tudo que sempre sonhei, preciso comprar mais coisas”.

Os dois exemplos mais emblemáticos que tive contato até agora foram: O novo cara que chegou pra trabalhar no hotel, o Alberto e a minha gerente gente boa e super simpática, a Sarah.

Certa vez, pela janela ônibus que me levava pra casa depois de mais uma noite de trabalho, pude ver a Sarah trabalhando na cozinha da doceria. Tudo normal, se não fosse plena 7:30 da manhã! Cheguei em casa, escovei meus dentes, fui dormir, voltei pro trabalho 3:30 DA TARDE e a mulher ainda tava lá trabalhando! Cara, fiquei realmente impressionado com isso, pois, apesar do trabalho dela de fazer doces não ser tão pesado como o meu de lavar pratos e o chão, ela fica o dia inteiro trabalhando em pé, já que em momento algum elas fazem algum trabalho sentadas. Fui conversar com ela e descobri que pelo menos cinco vezes por semana ela chega todos os dias no trabalho às seis horas da manhã e sai no final da tarde, algumas vezes chegando a trabalhar DOZE horas por dia.

Isso começou a matutar na minha cabeça. Se eu, que ando trabalhando por volta de 65 horas por semana, consigo ter superávits SEMANAIS de quase 350 dólares (juntando tudo o que eu ganho e tirando minhas despesas, consigo juntar 350 dólares por semana), de quanto será o superávit semanal de uma gerente de doceria como ela, trabalhando 60 horas por semana? Tudo bem que ela deve ter um nível de vida absurdamente melhor que o meu, já que mora com o marido e talz, mas mesmo assim, será se ela consegue gastar tudo que ganha? Será possível?

Fui perguntar isso pra ela e, pasmem, ela me falou que não consegue juntar quase nada por semana, já que tem muitas contas pra pagar e por isso decidiu procurar um outro emprego. Ela trabalha também numa loja como atendente, segundo ela, não tem problema, já que o trabalho é bem mais sossegado e ela só tem que ficar atendendo pessoas (no final a gente é bem parecido, hehehee, trabalho duro durante o dia e moleza durante a noite). No total ela me falou que trabalha por volta de 75 horas por semana. Pô brother, seja o serviço que for, 75 horas por semana é MUITA coisa. Digamos que ela pegue um dia de folga por semana, isso dá mais que 12 horas por dia de trabalho! Vai encarar?

Ao notar meu espanto, ela justificou que não via problema nisso, já que não tem filhos, o marido também não tem muito tempo livre (já que trabalha e estuda) e ela é jovem! Basicamente isso!

Porra, eu fico pensando que eu, por estar aqui só de agito, sem amigos e namorada, não tenho tempo pra mais nada a não ser pra trabalhar, fico imaginando se ela não está na mesma maneira.

O outro caso que me deixou mais impressionado ainda, estava relacionado ao Alberto, um cara que chegou agora pra trabalhar no hotel. Seus pais são provenientes da Guatemala e ele nasceu aqui, logo tem nacionalidade americana. Ele começou a trabalhar no hotel porque conhece o dono do hotel de longas datas, já que o dono é cliente do banco que ele trabalha.

O Alberto trabalha num banco daqui de Santa Bárbara, ganha 22 dólares por hora e trabalha quarenta horas por semana (faça as contas). Além deste trabalho e das exíguas quatro horas que trabalha no hotel o nosso amigo ainda trabalha como OPERADOR DE TELEMARKETING! Brother, eu sempre achei que trabalhar com telemarketing fosse o fim que uma pessoa pudesse chegar. Tipo, o cara é corintiano, a mãe trabalha na zona, a filha faz sexo com porcos, o filho usa drogas e o cara ainda é do Piauí! Beleza, um cidadão como esse vai trabalhar com Telemarketing, algo que um maranhense sangue-bom e que faz sucesso com a mulherada nunca faria. Porra, se já é chato atender ligação de Telemarketing, imagina como deve ser chato ficar o dia inteiro fazendo ligações com pessoas sendo extremamente grossas com você e com metas absurdas a bater?

Mas é, fez as contas? O nosso amigo com certeza deve trabalhar mais que 70 horas por semana. Mais ou menos como a gerente, ou seja, no limite da capacidade humana. Porque ele trabalha tanto? Sim, a mesma resposta, “tem muitas contas a pagar”!

Assim como o Orlando tinha me falado, eu fico impressionado como o americano médio realmente parece ter essa sanha louca por consumo! Eu também já tinha lido um livro muito interessante, “Pai Rico Pai Pobre” (Robert Kiyosaki) onde o autor tem uma tese interessante: Não adianta o quanto essas pessoas sejam promovidas ou ganhem salários maiores, elas sempre vão estar cada vez mais atoladas em dívidas e mais problemas. Enquanto não for possível mudar o pensamento do “eu preciso ter uma casa melhor” ou “eu preciso de um carro melhor”, as pessoas sempre estarão no que ele chama de “corrida dos ratos”, cada vez mais endividadas, cada vez trabalhando mais e cada vez mais botando a culpa no governo ou na corrupção pelos seus erros pessoais.

Os dois casos que citei são bem ilustrativos. Um dia cheguei ao trabalho e vi um calhamaço de correspondências em cima do balcão. Fui lá e perguntei pro Alberto se aquilo era do hotel. Qual não foi minha surpresa quando ele falou que tudo pertencia a ele. No meio daquelas correspondências, havia contas de home theater, prestação do carro, contas de lojas de roupas etc.

Essa é a armadilha do American Way of Life, a facilidade com que você pode trabalhar. A facilidade do “olha, 10 dólares por hora é uma boa grana! Não faz mal trabalhar mais 20 horas por semana, eu sou jovem, não tenho filhos…” e, principalmente, a facilidade com que você pode comprar. A facilidade do “faça um cartão na nossa loja, não precisa comprovante de renda, você pode pagar em quantas vezes quiser”. Quando você menos se espanta já possui vinte calças jeans, 50 pares de tênis e, claro, sempre muitas contas a pagar. Depois que você se encontra endividado até o pescoço “porque não procurar um outro emprego” e por aí vai, cada vez mais afundado na sua espiral sem saber como sair. Trabalhando e consumindo como uns loucos enquanto a sua vida vai passando…

Quem tiver um tempinho, tem um documentário feito pela BBC que fala sobre isso no EUA, sobre o consumo desenfreado, a subida dos neoconservadores e dos fundamentalistas islâmicos ao poder. Eu comecei a ver agora e ele parece ser bem interessante.

O PODER DO PESADELO – Doc da BBC – Legenda em Portugues:

PARTE 1 http://video.google.com/videoplay?docid=5984887661763949903&hl=en

PARTE 2 http://video.google.com/videoplay?docid=-3944892390419580084

PARTE 3 http://video.google.com/videoplay?docid=7601165999682228862

Gostou do post? Então curta nossa página no www.facebook.com/omundonumamochila para sempre receber atualizações.

Quer entrar em contato direto com o autor ou comprar um livro? Clique aqui e tenha acesso ao nosso formulário de contato!
 
Quer receber as atualizações direto no seu e-mail? Cadastre-se na nossa mala direta clicando na caixa “Quero Receber” na direita do blog
 
Se gostou das fotos, visite e siga nosso Instagram para sempre receber fotos e causos de viagens: www.instagram.com/omundonumamochila

Brasil para estrangeiros


Eu acho engraçado que todo brasileiro tem uma grande curiosidade sobre como o Brasil é conhecido por estrangeiros. Cara, vou dizer a impressão que tive conversando com a galera aqui. Até há alguns tempos atrás, muitos deles achavam que o Brasil era um grande país na América do Sul, em que todo mundo joga futebol e em que as mulheres são extremamente gatas.
Hoje, depois de sucessivas investidas de nosso cinema nacional para fazer parte do mercado internacional, o Brasil também é imaginado pelas pessoas como um país em que todo mundo mete bala em todo mundo e extremamente violento. Isso ocorre devido ao imenso sucesso que o filme Cidade de Deus fez no exterior (inclusive o filme Cidade dos Homens, que vai ser lançado por aqui agora, está sendo, propositalmente, anunciado como Cidade de Deus II) e também há alguns sucessos marginais como Carandiru e agora o nosso “fanfarrão” Tropa de Elite, que está para ser lançado.
Cara, mas é impressionante! Seja qual for a nacionalidade da pessoa, parece que TODO mundo ou já viu Cidade de Deus, ou claro, já ouviu falar nele. É um trabalhão danado convencer todo mundo que “Não, no Brasil nem todo mundo se mata no meio da rua. Pode até ser assim no Rio de Janeiro, mas nos locais turísticos da cidade, o policiamento é intensivo”.
Outra coisa interessante é que TODO mundo conhece Paulo Coelho. Cara, outro dia foi até engraçado, eu tava conversando com a bielo-russa e ela me perguntou se eu gostava de Paulo Coelho. Eu falei que nunca tinha lido nenhum livro dele, mas que, obviamente, respeitava e MUITO o cidadão, já que não é qualquer um que vende 100 milhões de livros no mundo inteiro (só por curiosidade, Paulo Coelho é de longe o maior sucesso da língua portuguesa, superando até mesmo Saramago).
Qual não foi o meu espanto quando ela e o Shin, um japonês, começaram a discutir acerca de um livro dele, “Veronika decide morrer” e mais outros livros, dentre eles, claro, O Alquimista. Engraçado que eles vieram me perguntar se eu conhecia o bicho, ou se ele era muito famoso no Brasil e ficaram surpresos com minha negativa! Ficaram mais surpresos ainda quando contei que foi uma luta danada pro Paulo Coelho ser aceito na Academia Brasileira de Letras, mesmo que se você somar todos os livros já vendidos por todos os autores já presentes na Academia, não deve dar o número de livros “O Alquimista” vendidos. Expliquei pra eles que era aquela velha história, para você ser membro da elite, você não pode ler o que todo mundo lê, para você ser culto você precisa gostar do que ninguém gosta e, claro, de preferência escrito em francês.
Por último, têm as novelas brasileiras. Rapaz, é muito engraçado vê-los comentando sobre “O clone”, “Escrava Isaura” ou outras novelas. Engraçado que os bichos sabem a história certinha, com o nome dos personagens em português e tudo. Pense num cara que pirou quando a bielo-russa falou que já tinha visto os Lençóis Maranhenses numa novela da Globo?? Eu conversando com a bielo-russa, ela me falou que todo mundo achava que o Brasil fosse um país rico, com todo mundo vivendo muito bem e sem pobreza, baseado em que? Claro! Nas nossas novelas!
Depois tive que explicar pra menina que o Brasil, apesar ser um país relativamente rico (porra, a gente é a décima economia do mundo, brother!), também tem muitas pessoas pobres, o velho clichê do “muito do que a novela não diz”. Os asiáticos e o suíço falaram que também já tinham visto várias novelas brasileiras, que inclusive era um programa de família no país deles. Louco isso, né?
Isso, sem falar, claro, no futebol.