Álbum com compilação de todas as fotos postadas do Irã
Álbum com compilação de todas as fotos postadas do Irã
Bem, pensei, já viajo para caramba, por que não aproveitar e começar a reunir dados sobre como está a capoeira no mundo? Sempre ouvi gente falando que a capoeira está em 140, 150, 160 países diferentes, mas nunca um trabalho de ir lá e visitar os grupo de capoeira fora do Brasil! Daí pensei, bem, vou começar a fazer isso. Já havia praticado capoeira na Síria e na China (clique aqui e aqui para ler as histórias), presenciado galera jogando na Polônia e em Cuba (clique aqui e aqui). Porém, o Irã foi o primeiro lugar onde realmente parei para entrevistar um instrutor de capoeira!
Comecei a fuçar pela internet e vi que havia um grupo de capoeira chamado “Me Leva” que parecia ter alguma coisa de capoeira por lá. Entrei em contato com os caras e eles me passaram o contato do instrutor de lá, o Pouya, que marcou um horário comigo. Ele me passou o endereço e fui lá encontrá-lo.
Quando desci da estação de metrô, fiquei quase uma hora e meia andando de um lado para o outro tentando achar o lugar. Cara, não tinha jeito! Era quase impossível achar. O povo na rua não falava inglês e, depois de muito tentar, um vai daqui, outro vai dali, acabou que um cara na rua me pegou pelo braço, entrou em um prédio, subiu três lances de escada comigo e eu chegava no lugar. Não havia nada indicando que no lugar praticava-se capoeira. Sequer um anúncio. Sequer um cartaz. Aquilo era estranho. Acabou que deram três toques em uma porta, que mais parecia uma entrada de esconderijo, abriram só um pouco e perguntaram quem era. Quando falei que era o Claudiomar, me deixaram entrar! Lá dentro, por detrás de paredes de espuma, os capoeiras. Roupas brancas, sorriso, jogo, mandiga, aquele ambiente festivo de um lugar capoeira. Um dos rapazes, inclusive, usava uma bandana com a bandeira do Brasil. Porém, só homens.
E fui conversar com o Pouya sobre a história dele na Capoeira.
O Pouya havia sido campeão mundial de Kickboxing e era fascinado por artes marciais, tendo estudos também em Caratê e Ninjutsu. Diz que certo dia estava procurando uma arte marcial que fosse mais acrobática e se APAIXONOU pela capoeira. Aqueles saltos, aqueles chutes, aqueles floreios, aquelas acrobacias, eram tudo que ele precisava. Procurou, procurou e procurou e viu que não havia nenhum capoeira no Irã. Ele deu o jeito dele. Há dez anos, por meio de vídeos da internet e baixando ebooks, ele mesmo foi o seu professor, um capoeirista autodidata. Continuar lendo “Capoeira pelo mundo – Capoeira no Irã”
Em Teerã, dei uma checada no Couchsurfing para ver se havia algum evento bacana por lá. Qual não foi a minha surpresa em perceber que havia um cara marcando de caminharmos pela maior rua do Oriente Médio! Sim, era uma rua que conectava o Norte ao Sul de Teerã e tinha mais de 20 kms. Era o famoso passeio da rua Valsiar, caminhada que diversos iranianos tem que fazer pelo menos uma vez na vida! Quase uma peregrinação a Meca!
A rua era bacana porque passava por diversos parques e lugares turísticos de Teerã! Um convite como esse nunca se diz não ainda mais porque iria ser uma ótima oportunidade para eu conhecer e conversar com iranianos. Muitas das informações que coloquei aqui sobre a vida no Irã foram tiradas de conversas nesse dia. Até porque, bem, 20 kms de caminhada é um passeio bem longo. Começamos as nove da manhã e só fomos terminar por volta das cinco da tarde. Continuar lendo “Caminhando e cantando por 20kms na maior rua do Oriente Médio – Rua Valsiar em Teerã”
A última cidade do Irã que visitei acabou sendo Teerã. Ao contrário das outras cidades persas que tem milhares de anos, Teerã é relativamente nova. Demorou tanto a ganhar importância, que inclusive nem chegou a ser murada (a maior parte das grandes cidades medievais eram muradas para evitar invasões).
Teerã é uma metrópole com sete milhões de habitantes e principal centro financeiro e político persa. A gente acha que vai chegar no Irã e encontrar várzea, mas se impressiona quando chega a Teerã. A cidade tem parques para todos os lados e é bem parecida com São Paulo. E, assim como São Paulo, tem um trânsito caótico! Para andar de carro em Teerã, só com o Waze (é engraçado e irônico que um aplicativo de celular israelense nos salvava por lá).

Depois de Esfahan seguimos para Abyaneh. Era uma cidade escondida no meio das montanhas e, de tão isolada, falava um persa muito arcaico, semelhante ao falado no começo do milênio. A cidade era bem charmosa, mas passamos só uma noite lá.











Depois seguimos para Kashan, uma cidade bem interessante e que, por um curto período de tempo, foi capital do Irã sob a dinastia dos Qazars, reis de origem azari (do Azerbaijão). Sim, assim como a China foi governada um tempo pelos mongóis, os persas também foram governados por estrangeiros. O mais interessante em Kashan (além dos palácios) era um esconderijo subterrâneo que foi construído para se proteger das invasões mongóis.









Esse esconderijo foi feito porque à época das invasões dos mongóis, o bagulho era feio mesmo. Não existia meio termo, se ganhassem a batalha, matavam todos os homens, estupravam as mulheres (e as transformavam em escravas sexuais) e escravizavam as crianças. E a gente hoje se achando porque faz textão no Facebook reclamando do governo! Devido a isso, o povo de Kashan fez meio que uma cidade subterrânea para se esconder quando os mongóis passassem. É a cidade subterrânea de Nooshabad. Mano, o lugar era engenhoso demais!


Lá dentro passava um qnat (não lembra o que é qnat? Clica aqui) para abastecimento de água. Túneis que levavam até o topo garantiam ventilação. E, assim, o lugar parecia que tinha sido planejado para um filme do Indiana Jones, porque era um labirinto e com várias armadilhas. Apesar de estar a dezena de metros do chão, não fazia tanto calor e havia um clima fresco lá dentro, até um pouco de frio, tamanha a engenhosidade do sistema de ventilação do lugar.







Depois de Parságada, seguimos para Esfahan. Ela já foi capital do Irã e hoje é o principal destino turístico do país. Destaca-se a sua praça principal, a segunda maior do mundo (a primeira é a Tiananmen, na China, que é bem mais sem graça). Ao chegar ao Irã, imaginava que, devido a má fama do país pelas nossas bandas, quase não haveria turistas por lá. Ledo engano. Cara, tem hordas e hordas de turistas por todos os cantos nas cidades iranianas que visitei. Nem em cidades brasileiras vi tanto gringo. E não faltam lugares para visitar, pois, com mais de 4.000 anos de história, a civilização persa rivaliza com a chinesa e a indiana em matéria de antiguidade. Esfahan era cheia deles.
Veja a impressionante acústica das mesquitas de lá. Parece que o cara tá cantando com alto falante
Era chegado o dia.
O principal centro arquealógico do Irã é, sem sombra de dúvidas, Persépolis.
Apesar da primeira capital do Império persa aquemênida ter sido Pasárgada, o rei Dario I empreendeu a construção deste massivo complexo suntuoso, ampliado posteriormente por seu filho Xerxes I e seu neto Artaxerxes I. Persépolis foi então o símbolo da força e do Império Persa. Foi construída em uma região remota e montanhosa, sendo bem conveniente para ser visitada durante a primavera.
Quando Alexandre Magno conquistou o Império Persa, saqueou e incendiou Persépolis, algo não tão comum em Alexandre, que preocupava-se em misturar e incorporar os impérios que conquistavas por meio da cultura helênica. Disse que isso ocorreu devido a um pedido da esposa de Alexandre para se vingar do saque ocorrido anteriormente em Atenas pelos persas.
Os afrescos, as colunas, as esculturas são testemunhas do que foi o Império Persa daquele tempo. Em um mural é possível ver povos turcos, romenos, africanos, indianos, assírios… trazendo presentes para o Imperador da Pérsia que governava o maior Império já conhecido pelo homem.
O lugar tava até bem preservado (para um sítio de 2.500 anos!) e a guia que nos auxiliou foi realmente muito boa. Se alguém por aqui estiver lendo sobre o Irã e quiser sugestão de guia para Persépolis e Pasárgada, sugiro demais fechar com ela. Se chama Elahe, fala inglês bem e o Telegram dela é +989365001507. Também responde pelo e-mail elaheh.talebi@gmail.com. Se entrar em contato com ela por meio do blog, só diz que fui eu que indiquei. Não ganho nada com isso, mas é só uma forma de agradecimento por ela ter sido tão gente boa.

Continuar lendo “Sim, Parságada existe e fica no Irã! Viajando pelo Irã -Persépolis e Pasárgada!”
De Yazd seguimos para Shiraz, cidade mais ao sul do Irã, mas antes passamos por Abarkuh.
Em Abarkuh não há muita coisa a se ver, porém a única atração vale a parada na cidade. Lá é possível ver a Cipreste de Abarkuh, uma árvore gigantesca e que é símbolo do Irã. Acredita-se que ela tenha 4.000 anos de vida e seja o segundo ser vivo mais velho de toda a Ásia. Mano, ela é gigantesca, tem 25 metros de altura por 18 metros de circunferência. É grande, mas ainda é menor que o Cajueiro de Natal =)



Continuar lendo “Viajando pelo Irã – De Yazd, por terra, para Shiraz, passando por Abarkuh”
Mais alguns vídeos da celebração da Ashura em Tafta. Servem para ficar mais claro o clima de emoção da celebração. A Ashura iraniana é imperdível…
Em Yazd, acabamos vendo tudo numa pressa danada porque no outro dia era Ashura, um dos dias mais importantes para os muçulmanos xiitas. Nesse dia eles comemoram o martírio do Iman Houssein (para saber mais a história dele, clique aqui). São dez dias de comemoração e quanto mais vai chegando perto da data da morte (que ocorreu em 1580), maiores e mais fortes vão ficando as celebrações. Durante a Ashura, o Irã inteiro para, pois fica celebrando o martírio e tudo fecha. Não chegar a ser um Shabat, que quase fez eu dormir na rua em Eilat, Israel (leia sobre a minha agonia no Shabat em Israel clicando aqui).
Ashura pela noite, Ashura pela manhã
Porém, depois de passar pelo lugar dos pombos malditos, ainda tínhamos que procurar algum lugar para ficar. O problema é que Yazd estava lotada e nada de a gente conseguir uma hospedagem. Depois de alguma luta, conseguimos um quarto de hotel (que acabou sendo o quarto mais caro que pagamos em toda a viagem), deixamos nossas coisas por lá e fomos conhecer a cidade. Como o dia era de celebração religiosa, fomos abordados algumas vezes por Basijs, a polícia religiosa, e toda vez eu ficava preocupado (apesar de não estar fazendo nada de errado, polícia sempre me deixa nervoso).
Continuar lendo “Na mais tradicional celebração religiosa do Irã – Conhecendo a Ashura”